balbúrdias em terras plácidas
...
abri as cortinas ainda agora
e eis que vem o meu país desembestado,
na penumbra, perdido de rumos...
bêbado, de ignorâncias e de maluquices,
tropeça nas calçadas, dá com a cabeça em postes
e sangra...
em que além de horizontes se perdeu o equilíbrio,
a vergonha, a coragem, a verdade, a cura...?
por que me abate em pesadelo,
o tempo que sonhei claridade?
pela janela que a mim abre,
conclamo um balde,
antes que muito tarde.
Joaquim Celso Freire
Assembléia Geral e Irrestrita
De caráter urgentíssimo Federika Lispector convocou uma assembléia
conjunta entre a Mocidade Independente de Padre Oliváco – A Escola De Samba
Oculta No Inconsciente Coletivo e a cúpula diretora da Igreja Universal do Reino
de Zeus, para tornar público resultado da pesquisa de Pastor de Andrade nas cidades
de Alombradado e Cu-deburro, sobre crimes eleitorais praticados mas eleições
municipais de 2024, e ao mesmo tempo oficializar o noivado de Marcelo Brettas e
Rúbia Querubim, que possivelmente se dará no lançamento do livro Vampiro Goytacá
Canibal Tupiniquim marcado para 2025.
Irina Severina
leia mais no blog
https://fulinaimicamente.blogspot.com/
SEM MAIS
o boteco esvaziou
a rua silenciou
a lua se escondeu
o sol nem ascendeu
um dia a semente brota
talvez
outro dia um jardim floresce
talvez
mas o poema se mudou
mas as lágrimas não secaram
mas os sorrisos se engoliram
e todo amigo se calou
“a palavra já não fala
a palavra falha”
a falta dói
a distância salta
e o abraço já não aperta
a cortina cedeu e se fechou
e lá de longe
uma mão cerrada
insiste
sorriam
sigam
mas
“com o dedo sempre em riste”
(aspas de Rubens Jardim)
MÁXIMO RESPEITO
vagou por aí
pelas ruas dessa cidade
gerado no morro
em periferia qualquer
um ser entidade
soma de tantas
nobre senhor
que pra dentro sorria
preferia os cantos
e parcas palavras
o olhar era vago
centrado no todo
ser lume
com brilho de estrela
clareando encruzilhadas
com sua conversa mansa
saciando a fome de pobres e
de prosas
odiando a poesia com amor e
revolta
insolente nem homem nem
mulher
daqui, de Angola ou Jamaica
cruzou todos os becos e
botecos
serviu banquetes de
palavras
lutou ao lado de santos e
demônios
e combateu cada um deles
honrou a cor de sua pele
resgatou os ancestrais
e mais
esparramou sementes
na maloca e no terreiro
e até no planalto lá do
centro
do nada ou das mentes
partiu sem adeus
no mais completo silêncio
repetindo apenas
não passo de um maloqueiro
se é assim
seja como queira
mas sua cuíca fica
e chora
Marcelo Brettas: Jornalista, editor,
romancista, cronista, contista e poeta, já editou mais de mil publicações
periódicas e conquistou prêmios importantes do jornalismo brasileiro atuando em
diversos veículos de comunicação, como: TV Cultura, Estadão, Folha de São Paulo,
Quatro Rodas, Superinteressante, Você S/A, Alfa, Playboy, Veja e Men’s Health.
Escreveu ainda para jornais e revistas de diferentes países e hoje é
colaborador do Jornal Tornado, de Portugal. Como escritor participou de dezenas
de antologias e tem diversos livros publicados, entre eles: Rua Qualquer, Sem
Número (com prefácio do Pe. Julio Lancellotti e premiado pelo ProAC); Tô
Levitando e Florestas Imaginárias.