quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Balbúrdia PoÉtica 4

balbúrdias em terras plácidas

...

abri as cortinas ainda agora

e eis que vem o meu país desembestado,

na penumbra, perdido de rumos...

bêbado, de ignorâncias e de maluquices,

tropeça nas calçadas, dá com a cabeça em postes

e sangra...

em que além de horizontes se perdeu o equilíbrio,

a vergonha, a coragem, a verdade, a cura...?

por que me abate em pesadelo,

o tempo que sonhei claridade?

pela janela que a mim abre,

conclamo um balde,

antes que muito tarde.

 

Joaquim Celso Freire



        Assembléia Geral e Irrestrita

 

De caráter urgentíssimo Federika Lispector convocou uma assembléia conjunta entre a Mocidade Independente de Padre Oliváco – A Escola De Samba Oculta No Inconsciente Coletivo e a cúpula diretora da Igreja Universal do Reino de Zeus, para tornar público resultado da pesquisa de Pastor de Andrade nas cidades de Alombradado e Cu-deburro, sobre crimes eleitorais praticados mas eleições municipais de 2024, e ao mesmo tempo oficializar o noivado de Marcelo Brettas e Rúbia Querubim, que possivelmente se dará no lançamento do livro Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim marcado para 2025.

 

Irina Severina

leia mais no blog

https://fulinaimicamente.blogspot.com/



                             SEM MAIS

 

o boteco esvaziou

a rua silenciou

a lua se escondeu

o sol nem ascendeu

um dia a semente brota

talvez

outro dia um jardim floresce

talvez

mas o poema se mudou

mas as lágrimas não secaram

mas os sorrisos se engoliram

e todo amigo se calou

“a palavra já não fala

a palavra falha”

a falta dói

a distância salta

e o abraço já não aperta

a cortina cedeu e se fechou

e lá de longe

uma mão cerrada

insiste

sorriam

sigam

mas 

“com o dedo sempre em riste”

 

(aspas de Rubens Jardim)

 

MÁXIMO RESPEITO

vagou por aí

pelas ruas dessa cidade

gerado no morro

em periferia qualquer

um ser entidade

soma de tantas

nobre senhor

que pra dentro sorria

preferia os cantos

e parcas palavras

o olhar era vago

centrado no todo

ser lume

com brilho de estrela

clareando encruzilhadas

com sua conversa mansa

saciando a fome de pobres e de prosas

odiando a poesia com amor e revolta

insolente nem homem nem mulher

daqui, de Angola ou Jamaica

cruzou todos os becos e botecos

serviu banquetes de palavras

lutou ao lado de santos e demônios

e combateu cada um deles

honrou a cor de sua pele

resgatou os ancestrais

e mais

esparramou sementes

na maloca e no terreiro

e até no planalto lá do centro

do nada ou das mentes

partiu sem adeus

no mais completo silêncio

repetindo apenas

não passo de um maloqueiro

se é assim

seja como queira

mas sua cuíca fica

e chora

 

Marcelo Brettas: Jornalista, editor, romancista, cronista, contista e poeta, já editou mais de mil publicações periódicas e conquistou prêmios importantes do jornalismo brasileiro atuando em diversos veículos de comunicação, como: TV Cultura, Estadão, Folha de São Paulo, Quatro Rodas, Superinteressante, Você S/A, Alfa, Playboy, Veja e Men’s Health. Escreveu ainda para jornais e revistas de diferentes países e hoje é colaborador do Jornal Tornado, de Portugal. Como escritor participou de dezenas de antologias e tem diversos livros publicados, entre eles: Rua Qualquer, Sem Número (com prefácio do Pe. Julio Lancellotti e premiado pelo ProAC); Tô Levitando e Florestas Imaginárias.

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Balbúrdia PoÉtica 4

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