terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

múltiplas poéticas

subverter os signos

dos significados

na construção poética

é minha sina

me disse Irina Serafina

em Drummundana Itabirina

meu poema pós concreto

assassinei os alpharrábios

para inventar meu alphabeto

 

Artur Gomes

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cidade veracidade

                     campos 190

 

transverso atravesso esta cidade

que me atravessa em seu silêncio

ouço o gemido dos teus ecos

por ruas avenidas e vielas

sinto saudade dos terreiros de jongo

nas favelas e as lavadeiras

das pinturas aquarelas

em teus aceiros fiz meus trilhos

em cada trilha dos meus traços

no encontro ao ururau no cais da lapa

teu por do sol pode ser beijo

                      ou também tapa

 

Artur Gomes

Poesia Afro Tupiniquim

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 64

 

Não era de Vênus 
a cor do sol do meio dia
Afro-dite 
negras eram nuvens
acima o mar num céu de estanho
chumbo metal pesado
no couro cru da carne viva 
ferrugem  corroendo ossos
botas   pontiagudas 
patas de cavalos cuspindo coices
no calabouço do asfalto

esporas sangrando corpos
abrindo cadafalsos

na noite 31 de março
madrugada  primeiro de  Abril

 

Artur Gomes

O Poeta Enquanto Coisa

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Dia desses estive refletindo sobre o perigo de uma sociedade como a que existe no Brasil, que não sabe o que é interpretação de texto. E ontem li exatamente sobre isso, o perigo que o país corre pelo avanço da digitalização de uma população que ainda não aprendeu a interpretar textos. Daí essa avalanche de fakes criminosos espalhados propositalmente nas redes sociais e amplamente difundidos, de um lado, pelo mau caratismo de pessoas sem nenhum escrúpulo, e de outro por pessoas que se deixam levar pelas aparências dessa “gente de bem”. 



Nada fora de mim,

com exceção da zanga,
tem um início e um fim
determinado,
com exceção da raiva,
que não é mina, digo logo, assim desde  início,
como dizem em mi cidade,
tão felizes pela manhã
até a noite, muito mais felizes, muito mais,
que não é minha, repito, porque ainda mais adentro
surge a vontade de morrer,
e despois da raiva, bem depois, ou não tão despois,
sobressalta pensar que voltarádoutra vez
a raiva ou a zanga,
de fora, por suposto,
fora de mim, fora de todos, recomeça,
volta e mais volta, fora, recomeçar,
e assim termina tudo.

Agustín Garcia Calvo


REFÚGIO

Meu pai colecionava silêncios
- um olhar perdido nas distâncias -
minha mãe gostava tanto de rir!
[gargalhadas lindas as da minha mãe]
eu coleciono silêncios e sorrisos
ou risos
às vezes gargalhadas
[mais raras]

De silêncios
minha coleção é farta
de alegrias
minha coleção é tão pequena
nestes tempos
a guerra é obstáculo imenso
a fome
o racismo
a violência
tudo o que dói
me dói
os homens me doem
aqueles que nada enxergam além do próprio umbigo
os que só sabem acumular dinheiros
à custa das misérias alheias
os que devastam florestas
em nome do agronegócio
os homens poderosos,
machistas, misóginos, homofóbicos
aqueles que veem mulheres
presas fáceis
- meros objetos do seu desejo -

hei de resistir
a colecionar sorrisos
risos
quiçá gargalhadas
assim
ao olhar a fotografia
esqueço
por alguns segundos
das dores do mundo

(meu álbum é meu refúgio)

(Nic Cardeal, 05.03.2022)



jura não secreta 19

 

fulinaimicamente ereto

eu nasci concreto

 

quero dizer que ainda arde

tua manhã em minha tarde

a tua noite no meu dia

tudo em nós que já foi feito

com prazer inda faria

 

quero dizer que ainda é cedo

inda tenho um samba-enredo

e tudo em nós é carnaval

é só vestir a fantasia

 

quero ser teu mestre-sala

e você porta/bandeira

quando chegar na quarta-feira

a gente inventa outra fulia

 

Artur Gomes

Juras Secretas

Editora Litteralux – 2018

leia mais no blog

https://braziliricapereira.blogspot.com/


 quem foram os ancestrais

dos khandhanghuz?

 

por que migraram

para o império cerratense?

Por que, quando aqui

chegaram, aceitaram

ser escravizados?

 

de onde retiraram forças

para cumprir a tarefa da

construção da nova capital

em apenas três anos?

 

por que a cidade,

após a inauguração,

começou a ser demolida?

 

por que nenhum poeta

até hoje ousou

decifrar essa cidade

riscada no ar?

 

Nicolas Behr

in Brasilírica

antologia - 2017



pelo dito ou não dito não há nada em

salvação. mudam o tempo, as derrotas e as glórias, mas ninguém sai vivo desta história. é esperar pra ver. é rezar pra crer noutra dimensão onde. talvez, não haja ratos no porão.

 

Zhô Bertholini

in Sol Postiço

alfarrábio edições

a cigarra edições – 2021


Romance

 

Para as festas da agonia

vi-te chegar como havia

sonhado lá que chegasse:

vinha teu vulto tão belo

em teu cavalo amarelo

anjo meu se me amasse.

Em teu cavalo eu partira

sem saudade, pena, ou ira;

teu cavalo, que amarraras

ao tronco de minha glória

e pastava-me a memória.

Feno de ouro, gramas raras.

Era tão cálido peito

angélico, onde meu leito

me deixaste então fazer,

que pude esquecer a cor

dos olhos da vida e a dor

que o Sono vinha trazer.

Tão celeste foi a Festa

tão fino o anjo, e a Besta

onde montei tão serena,

que posso, damas, dizer-vos

e a vós, Senhores, tão servos

de outra Festa mais terrena –

 

Não morri de mala sorte.

Morri de amor pela Morte.

Mário Faustino

in o homem e  sua hora

Cia das Letras - 2002


Sol possível

 

Sol de setembro

agarro-me ao canto do pássaro

que a reboque traz a primavera.

Um sabiá laranjeira

onde laranjeiras não há.

 

Estreitos pensamentos

querem desenhar futuros alheios.

Retinas que só o chão espreitas

arrastam suas cegueiras.

 

Mas há a lâmina afiada

a palavra florida

pelo ferreiro do novo

destruindo gaiolas e medos.

 

Há um sol possível

nas dobras das trevas.

Há o canto de uma ave

Na urgência dos fatos.

Há de germinar auroras

para que os olhos

possam se levantar

acima dos temores.

 

Jurema Barreto de Souza

in SILÊNCIO ESCRITO

alfarrábio edições

a cigarra edições – 2024

projeto gráfico: Luzia Maninha/Zhô  Bertholini

Capa: Luzia Maninha/Isabela A. T. Veras 


                                        penúria


quando se não quer

ver

a luz (é) cega

                fere

                queima

                obriga abrigo

      ilusão

      permeada

a sombra

conforta e

desguarda

 

quando se não quer

saber

               a lucidez

hiberna

nos sótãos

           a descoberto

 

Rosana Chrispim

in Caderno de Intermitências

Patuá - 2017


olhos velosos

 

vítima da uterotopia tropicamericana

o homem Volkswagem da triblue tupi

pisou numa lua prismágica

para ver se via a terra nua

e viu do céu o véu da vergonha

cobrí-la branquinteira

ogum ergue súbito a espada e grita

                       axé meu irmão

  

Abel Coelho

in parada 88 poesia

                                      Par&Cia Limitada - 2006


IV

 

já na maturidade entrando na velhice

fizeram um trato e assinaram com risos

daí em diante seriam três velhas damas indignas

 

do lavrado documento que dentre outros incluía o

caminharem juntas rirem de si mesmas e conspirarem

insubordinadamente até o fim unidas pela transgressão

 

a primeira cabelo vermelho fogo

cerveja na mão e gargalhada fácil

não mais  se importava de entornar

o copo  nem das consequências da distração

no dia seguinte confessava rindo

que o carro amanheceu no mesmo lugar

mas não se lembrava de o ter estacionado lá

bastava-lhe a alegria sem preocupações

 

a segunda lábios vermelhos

constantemente retocados

recebera do velho amigo

encantado com seu passado

o codinome de vermelha

vermelha em suas convicções jamais

abandonadas nem mesmo durante a tortura

nem com as mudanças de nome após a

temporada no dops e as agruras do viver

vermelha para sempre seria

 

a terceira e menos velha das três

proponente do nome do trio leitora de

brecht e outros poetas/pensadores/políticos

estudava-as com atenção epigonista

e desejos libertários de tudo o que de

nascença herdaram e nelas era natural

 

conspiradoras provocadoras irritantes

por mera diversão e prazer hedonista

as três velhas damas reforçariam

seu intento em cada copo tombado

em cada prato de caldo servido

em cada audição de amália

em cada leitura de poemas

em seguida de muito riso e café

 

mas eis que o fado temido

levou a vermelha primeiro e

a seguir a de cabelo de fogo

deixando a terceira em desamparo

sem perspectiva de recomposição

 do trio

 

Dalila Teles  Veras

in opções para morrer no espaço

Patuá - 2024


EuGênio

 

eu sou menino eu sou menina

e não venham me dizer

que lança perfume é parafina

diversidade de gêneros

podes crer – não me alucina

 

eu nasci da minha mãe

que se chama Severina

lá dos sertões do nordeste

nor/destino nor/destina

como o sal do Maranhão

bumba-meu-boi não desafina

conterrâneo de Torquato

eu nasci em Teresina

 

               EuGênio Mallarmè

* 

BolivariAndo

 

neste porto Cavajarro

por onde o vale Vierro

ela mastiga meus ponteiros

com o seu relógio de zinco

no dela são nove horas

no meu são nove e quarenta e cinco

 

não temos horas marcadas

para o encontro do desejo

em nossas vidas – o despejo

em nossos corpos – desalinho

 

eu tenho fome de beijos

ela tem sede de vinho

 

Dani-se morreale

 

se ela me pisar nos  calos

me cumer o fígado

me botar de quatro

assim como cavalo

galopar meus pelos

devorar as vértebras

Dani-se

 

se ela me vier de unhas

me lascar os dentes

até sangrar o sexo

me enfiar a faca

apunhalar meus olhos

perfurar meus dedos

Dani-se

 

se o amor for bruto

até mesmo sádico

neste instante lírico

se comédia ou trágico

quero estar no ato

e Dani-se 0 fato

desde sangue quente

em tua boca dos infernos

deixa queimar os ossos

e explodir os nossos

poemas físicos pós-modernos

 

no coração dos boatos

para Uilcon Pereira in memória

 

biútim evaristim evaristoa passava sem querer  pelos telhados de assombradado in braziLírica com seu minúsculo gravadorzinho de bolso quando percebeu no jaburu um vozerio estranho como um escárnio ao povo de bizâncio, o vampiro das planilhas dialogava azedamente com o bandido das neves, combinando os pagamentos das operações o-cultas, obras invisíveis lá pelos quebra mares do porto de santos.

depois de captar todas as falas, vozes, de mais alguns fantasmas presentes no palácio, biútim entregou seu gravadorzinho aos delegados do presídio de absinto, e como nunca teve a ilusão que o seu trabalho fosse resultar em algumas coisa, sua gravação foi arquiuvada, e o seu gravadorzinho foi queimado pelos bispos/pastores/deputados/senadores da igreja universal, para constatação da invasão ne-pentecostal pelos telhados de brasziLíricos, onde tudo termina nos enredos aras su-reais do carnaval.

  

Artur Gomes

In o poeta enquanto coisa

Editora Litteralux - 2020

                              

com os dentes cravados na memória

Dos anos 80 trago a amizade com dois grandes irmãos de Arte, Genilson Soares e Oscar Wagner. Genilson um design gráfico da mais alta sagaranagem, Oscar o meu fotógrafo carnavalhado. Esta arte/cartaz só existe por eles existirem em minha vida. Não foram poucos os acontecimentos que aprontamos em Campos dos Goytacazes. Quem ainda se lembra do Stúdio 52?

 

Artur Gomes

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 mallarmargens

 

esse poema desliza

pelo lado esquerdo do Rio

entre Mallarmè e às Margens

me traz a Lapa no cio

e o carioca em desvario

aposta em lance de dados

que prefeito o mal l a(r)mado

abandona sua carreira

foge do povo em mal estado

em plena segunda-feira

Cristo desce o corcovado

em lance descomunal

e na Sapucaí a Mangueira

explode no carnaval

 

EuGênio Mallarmè

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Sorte

Sorte é quando a vida tropeça no seu pé

e, em vez de cair, inventa um passo novo.

É o ônibus que atrasa, mas te entrega um reencontro,

a chuva que cessa no segundo exato da tua saída,

o bilhete esquecido que encontra mãos honestas.

Sorte é o café quente que chega sem ser pedido,

a palavra certa que salva um silêncio torto,

o acaso que ajeita o que parecia perdido.

Mas, no fim, talvez sorte seja só seguir em frente

e, sem aviso, dar de cara com um dia melhor.

Simone Bacelar

SSA 21/02/25



Balbúrdia PoÉTICA 5

Dia 1º de Abril – 2025 – 14 às 16h

Stand da Academia Campista de Letras

12ª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes-RJ

 

Jazz Free Som Balaio

À memória de Moacy Cirne

 

ouvidos negros Miles trumpete nos tímpanos era uma criança forte como uma bola de gude era uma criança mole como uma gosma de grude tanto faz quem tanto não me fez era uma ant/Versão de blues nalguma nigth noite uma só vez - 

ouvidos black rumo premeditando o breque sampa midinigth ou aVersão de Brooklin não pense aliterações em doses múltiplas pense sinfonia em rimas raras assim quando desperta do massificado ouvidos vais ficando dançarina cara ao Ter-te Arte nobre minha musa Odara -  ao toque dos tambores ecos sub/urbanos elétricos negróides urbanóides gente galáxias relances luzes sumos pratos delícias de iguarias que algum Deus consente aos gênios dos infernos que ardem gemem Arte misturas de comboios das tribos mais distantes de múltiplas metades juntas numa parte 

Artur Gomes

Poema gravado no CD Fulinaíma Sax Blues Poesia – 2002

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SerTão do Mato Dentro SerTão do Mato Fora

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em comemoração ao aniversário hoje do grande parceiro Reubes Pess fundamental para a realização da produção e execução do CD Fulinaíma Sax Blues Poesia lançado na 2ª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes-RJ - em 2002.


uma quadrilha armada

tomou o país de assalto

jogou brazilha no asfalto

com o beijo da amante prostituta

enlamearam os 3 palácios

:

planalto alvorada jaburu

o desejo era lamber botas

da américa do norte

para que ela se apodere

da américa do sul

 

Artur Gomes

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Abismos

Olhos—duas chamas frias no breu,
tremulam, insondáveis como espelhos partidos.
Abismos onde os pensamentos afundam,
onde o tempo curva os joelhos e implora.

Olhos—poços de luto e de presságios,
onde a noite verte seu aguardente vagabundo.
Neles dorme a verdade retorcida,
como um náufrago sem horizonte.

Há olhos que cospem cinzas de séculos,
outros que sangram silêncios ocres,
e há os que, imóveis como ruínas,
soterram segredos entre sombras e aço.

Mas os teus, frios e fundos,
devoram os gestos, os nomes, as preces,
e me olham como a morte olha um pagão,
sem piedade, sem pressa, sem perdão.

Simone Bacelar
SSA 19/02/2025



Balbúrdia POÉTICA 5

28 março – 2025 – 19h

No Stand da ACL

12ª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes-RJ

 

Deus não joga dados

mas a gente lança

sem nem mesmo saber

se alcança

o número que se quer

 

mas como me disse mallarmè

:

- vida não é lance de dedos

A vida é lança de dardos

Deus não arde no fogo

                   mas eu ardo

 

Artur Gomes

Poema do livro Pátria A(r)mada  

Desconcertos Editora – 2022

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18/02/2025

PGR finalmente denuncia

os genocidas fascistas

da quadrilha bolsonarista

 

já podeis

da pátria, filho

ver demente

a mãe gentil

já raiou a liberdade

em cada cano de fuzil

salve lindo

fuzil que balança

entre as pernas

a(r)madas da paz

a gripezinha

era a certeza esperança

de um genocida

imbecil incapaz


pan(demônica)

 

passeio os pés descalços sobre covas rasas

contando ossos no poema exposto

                           no sujeito do objeto

tudo isso exposto nesse papo reto

                          segue o passo norte

não leio cartas de suicídio

nem decreto de hospício

na tentação que me conforte

quero matar o genocídio

          pra não morrer antes da morte 

 

Artur Gomes

do livro Pátria A(r)mada

Desconcertos Editora - 2022

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SINAL DE FUMAÇA

De todas as minhas vestes
'inda resiste uma (tênue) fumaça de esperança
que insiste em cobrir meus corpos.


Entre pele e ossos,
sangue e veias,
memórias sonolentas ou acordadas
- desde aquela carcaça
que me mantém
(ainda) de pé sobre as pedras,
como aquela outra vestimenta,
que circunda o 'corpo' da alma,
leve camada, quase vítrea,
formada de palavras -

Eu não sei por quanto tempo
esta vestimenta se manterá intacta,
ainda que tão diáfana
- é só fumaça de esperança -
deixando-me quase desnuda,
onde sonhos já são matéria rara.

A fumaça 'inda suporta
a fina nesga da fresta
entre uma e outra vestimenta
de mim mesma que sou tantas
depois da porta entreaberta.

Uma hora ou outra
a alma por dentro
vira a casaca
(estou por um fio:
habitante destas vestes
onde a esperança anda gasta...)

(Nic Cardeal/2019) 



 

DialÉtica

 

um dia desses

não quero ser Paulo Leminski

nem dançar como Nijinski

ou escrever feito Pessoa

numa boa

quero voltar a Curitiba

e sair da pindaíba

escancarar o Beleléu

quero ouvir Carlos Careqa

esse - Filho de Ninguém

e botar fogo no céu

onde o anjo diz: Amém!

quero ser o Nego Dito

ou será o Benedito

do Itamar da Assumpção

um dia desses

quero ser um João Gilberto

e quem sabe Caetano

pra cantar em Salvador

quero ser um Pai de Santo

fazer de Lys a minha flor

um dia desses

quero ser um Celso Borges

quero ser um Cláudio Willer

quero ser Eliakin

um Ademir Assunção

quero ser sempre Plural

estar sempre em profusão

um dia desses

quero ser Zeca Baleiro

pra dançar Boi no Terreiro

com Salgado Maranhão

 

Artur Gomes

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Balbúrdia Poética 5

Sarau Multilinagens

Dia 28  março – 2025 – 19h

convite

para atores atrizes músicos poetas

que quiserem participar mostrando seus trabalhos, entrem em contato pelo zap

 

Afiando a CarNAvalha

 

cocada agora
só se for de coco
paçoca de amendoim

cigarro só se for de palha
cacique só se for da mata
linguagem só tupiniquim

bala só se for de prata
água só se aguardente
tônica só se for com gim

estado só se for de surto
eleição só se for sem furto
brilho só no camarim

golaço só se for de letra
Ronaldo só se for Werneck
malandro só se mandarim

política só se for decente
partido só sem presidente
governo eu que mando em mim

batismo só se for de pia
Congresso só de Poesia
Reinaldo pode ser Valinho
inda melhor se for Jardim
 

  

Alice

para Alice Melo Monteiro Gomes 

 

A música está no bico dos pássaros

na pétala da lamparina

no caracol dos teus cabelos

no  movimento dos músculos

e no m das tuas mãos

 

nada mais sagrado

do que teus olhos acesos

pra me iluminar na escuridão


Artur Gomes

Poemas do livro

O Poeta Enquanto Coisa

Editora Litteralux – 2022

Fulinaíma MultiProjetos

fulinaima@gmail.com 

22 99815-1268 – zap - @fulinaima @artur.gumes 

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Acho que é tempo ainda

 


quando a vida não for embora
me leva Isadora
pode ser amanhã
ou mesmo agora
depois do almoço
no fim da tarde
no por do sol

no carrossel

no girassol nos  vaga-lumes

entre paredes pedras facas de dois gumes
nos parreirais depois da lua
olhando as águas 
escorrerem nos riachos

se o Rio Grande é frio
o de Janeiro é muito quente 
Santa Teresa é lá em cima
mas Botafogo é cá embaixo

 

e sabe o que é que eu acho ¿

se tá feio nossos Estados, baby
nossa   vida é muito linda

 

eu acho que há tempo de sobra

eu acho que é tempo ainda

 

Atentado poético

 

a hipocrisia aqui é muita
liberdade muito pouca

com meus dentes

língua/navalha
vou rasgar a tua roupa

para esse poema bomba
explodir na tua boca

 

Artur Gomes

poemas do livro

o poeta emquanto coisa

Editora Litteralux – 2020

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sagaranalha fulinaimânica

 

“sobre a cabeça os aviões

sob meus pés os caminhões

aponta contra os chapadões meu nariz

eu organizo o movimento

eu oriento o carnaval

eu inauguro o monumento

no planalto central do país”

 

             Caetano Veloso – Tropicália

 

 

quem invadiu

minha tropicalha

vai receber o troco

em 20 poemas

com gosto de Jardinópolis

& uma canção com sabor de Campos

não posso ficar calado

diante o descalabro

do teu silêncio

no comício do protesto

poesia tesão teu nome

transforma ritual & gesto

não presto porque te amo

te amo porque não presto

 

Artur Gomes

o sax na voz da palavra dentro do poema

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linda homenagem de Angel Cabeza à poeta Maria Tereza Horta

 

O mundo não precisa de nós, mas nós precisamos do humano.

Ontem, foi-se mais uma expoente, dessa vez a portuguesa Maria Teresa Horta, brava lutadora.

Combateu a ditadura com a maior e mais forte de todas as espadas, a poesia.

*

Morrer de amor

 

Morrer de amor

ao pé da tua boca

Desfalecer

à pele

do sorriso

Sufocar

de prazer

com o teu corpo

Trocar tudo por ti

se for preciso

*

Arrebatada

 

Ninguém me castra a poesia

se debruça e me põe vendas

censura aquilo que escrevo

nem me assombra os poemas

Ninguém me apaga os versos

nem me amordaça as palavras

na invenção de voar

por entre o sonho e as letras

Ninguém me cala na sombra

deitando fogo aos meus livros

me ameaça no medo

ou me destrói e algema

Ninguém me aquieta a escrita

na criação de si mesma

nem assassina a musa

que dentro de mim se inventa

Ninguém me cala na sombra

deitando fogo aos meus livros

me ameaça no medo

ou me destrói e algema

Ninguém me aquieta a escrita

na criação de si mesma

nem assassina a musa

que dentro de mim se inventa

 

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O sax na voz da palavra dentro do poema

*

o impulso aqui não é pouco o espírito grita dentro do corpo deliro feito louco de tanta sede e fome como quem não vive em paz como quem não come há muitos séculos atrás

*

em armação de búzios

tenho um amor sagrado

guardado como jura secreta

que ainda não fiz para laís

em teus cabelos girassóis de estrelas

que de tanto vê-las o meu olho vela

e o que tanto diz onda do mar não leva

da areia da praia onde grafei teu nome

para matar a sede e muito mais a fome

entranhada na carne como flor de lotus

grudada na pele como tatuagem

flutuando ao vento como leve pluma

no salgado corpo do além mar afora

sargaço em tua boca espuma

onde vivem peixes - na cumplicidade

do que escrevo agora

*

concepção produção e direção

*

Artur Gomes

Fulinaíma MultiProjetos

fulinaima@gmail.com

22 99815-1268 – zap

@fulinaima @artur.gumes

ainda estamos aqui 

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*

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