curta brisa
não tem jeito
a vida é uma fera
quando menos se espera
uma hora qualquer
a máquina dá defeito
então o que me resta
para não perder o fim da festa
- fechar a boca
cortar um kilo disso
outro daquilo
e nada de comer aquilo
porque o vento me avisa
a melhor coisa é comer a
brisa
e curtir a atriz enquanto ela
desliza
entre o poeta e a musa
par May Pasquetti
houve um tempo de comunhão e
sacramento de bento ao parque das ruínas a poesia deslizava em minha íris
retina brisa flutuava entre confete
purpurina mesmo não estando em teresina
- tanta poesia me deixou tesa
domingo de rock em santa teresa me larguei a falar quintana sem me preocupar
que dia era da semana de tanto comer poema
me tornei atriz de cinema a vida tem coisas que não avisa chega de
surpresa me pega e eterniza
não acredita?
me veja lá no curta brisa.
A inocência do mortos
para Adriano Moura
mesmo ainda não tendo lê-lo ouso
dizê-lo: objeto direto - substantivo - a
inocência dos mortos espanta a
ignorância dos vivos
Pensamento Chão
para Viviane Mosé
lavo a palavra solidão que no palácio da
cultura é quebrada pelo barulho das espátulas raspando paredes e
teto até os livros sentem a falta
de afeto por não serem tocados por mãos ávidas por leitura
meta poema
para Ribamar Bernardes
meta poema direto na veia
meta abstrata concreta simbolista meta poema em linha curva pra não cruzar com
a linha reta a meta do poeta é a lata me dizia gil quando a letra não maltrata se a
musa é arquiteta
para Juliana Stefani
certa vez
Tchello d´Barros
meu parceiro KINO3
para curar hipertensão
me recitou 1 soneto por dia
e 3 haicais de 8 em 8 horas
ora bolas
nunca tive pretensão
de ter saúde de ferro
dizem que não falo
berro
e quando xingo poesia
o silêncio grita
pro meu santo
dai-me 0 chá que preciso
para arrancar esse dente do
juízo
e se ainda não melhorar
me diz o Ribamar
procure a UPA
unidade de poesia autônoma
para arrancar esse dente
me diz Tchello novamente
e se doença for crônica
nem Mário Quintana
só uma Crônica por semana
e não se envergonha
porque nem te CONTO mininu
me diz Jiddu Saldanha
lendo a dica de primeira
que me deu Ricardo Vieira
nesta insana quinta-feira
1 poema visual de 12 em 12
horas
mas só se for recaída mesmo
meu irmão
complementou Tchello ao
telefone
só uma sopa de letrinhas
pode amansar hipertensão
e aplacar a tua fome
*
imaginem se vou suportar
daqui pra frente
essa dieta alimentar ? :
sem açúcar állcool farinha carboidrato
chocolate
: me faz pensar :
sai pra lá nutricionista
me deixa :
vou virar peixe
morar no mar e comer peixa
Artur Gomes
In Vampir Goytacá
leia mais no blog
https://fulinaimacentrodearte.blogspot.com/
Meu novo livro "olhar de Guernika", último da
Coleção Grifo, Editora Lobo Azul, de Rosana Piccolo, já está rodando na
gráfica. Em breve estará à disposição dos meus milhões de leitores. Revisão de
Rosana Piccolo, prefácio da poeta e escritora Maria Lorenci e diagramação de Andréia
Carvalho Gavita.
Ziul Serip
palimpsesto
retro - rústica
onívora - unívoca
cidade última
os retos traços
às traças tantas
o céu enfurnado
no coalhado quarto
- sem música
ninguém dança -
luxúria estapafúrdia
turba de turva urbe
sádicas saídas
- os poetas fechados
para balanço -
entre(tanto) e(labor)o
farsescas peripécias
re(pasto) abúlico
co(lapso) lúdico
- os cães coesos
de raiva ávidos -
burgo bruto
embargo mútuo
poemas que se
perdem
nos gestos
de gastas
bocas
no riso raso
de luzes
soltas
- insu(lar) desterro
de filhas caducas -
eu organizo
as sombras
oriento
todo mal
toda cidade
é sobre
natural
garbo gomes
O5.06.24
arte :
Paul Klee
eu não sei escrever
se
eu
sou
besse
não
faria
de dois silêncios
três ausências
escorre
poesia
do interdito
: intrépido
sorriso contido
( da geografia
promíscua
de perverSidades
contraídas )
... se soubesse
não faria
eu
escarro
singelo
um
escárnio
fraterno
de seis naufrágios
dezoito espasmos
( dos poros
: poesia )
do não dito
: inflado
artifício vivido
( esse vazio esquisito
sufocando a língua )
... se soubesse
não faria
de perfeitos
espaços
enfermos
irreguLares
avenidas
flácidas
eu
em obscena devoção
pública introspecção
decreto orquídeas
nos corpos desertos
de mil fêmeas infectas
&
orquestro rosas
na desordem furiosa
dos torvelinhos íntimos
de sete hospícios
treze mortes
( da pátria última )
poesia
:
sábia
des
sabedoria
garbo gomes
jogo o poema ao ar
registro de uma tarde de desejo
que nada, nada tem comigo
balanço no dorso do poema a grafia torta
até ficar tonta
até que o poema grite
__ foi um quase, foi por pouco
mas faltou métrica, faltou rima!
__ não me erra, poema
estou aqui a tua espera
deixa de ser tão disciplinado, encaixado
me morda
me arde a língua
depois sopra
rosa ataide
anti - ambiente
que caiam as árvores
e o fogo se espalhe
o fim de tudo
é o primeiro
passo
garbo gomes
arte :
"sous les yeux horribles
des pontons"
Rimbaud
Marc Guillaumat
Jura Secreta 16
fosse esta menina Monalisa
ou se não fosse apenas brisa
diante da menina dos meus olhos
com esse mar azul nos olhos teus
não sei se MichelÂngelo
Da Vinci Dalí ou Portinari
te anteviram
no instante maior da criação
pintura de um arquiteto grego
quem sabe até filha de Zeus
e eu Narciso amante dos espelhos
procuro um espelho em minha face
para ver se os teus olhos
já estão dentro dos meus
Artur Gomes
do livro Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
leia mais no blog
Juras Secretas
https://braziliricapereira.blogspot.com/
ana cristina césar: 72
[o que está entre aspas é dela]
bolero para uma tarde de granizo
[silvana
guimarães]
"Enquanto leio, meus seios estão a
descoberto. É difícil concentrar-me ao ver seus bicos. Então, rabisco as folhas
deste álbum. Poética quebrada pelo meio". Palavra vendada. Vida sem cura.
Tudo o que tira o sono. Passarinho pegando fogo enquanto voa.
Taí. Eu fiz tudo. Contei carneirinhos. Rasguei
sombras. Apaguei reticências. Enredei lembranças. Remendei o passado. Soltei o
verbo e os cachorros. O que a gente não é capaz de fazer para não perder o
resto da esperança?
Atrás de morro, morro. E é de amor.
Uma borboleta gira à minha volta. Treme no meu
ombro antes do voo fatal: lembrança do casulo.
Tenho uma janela aberta e límpida à minha espera:
[imagem laura
makabresku
Casa de Tolerância
Rua das Flores
Maria e Mercedes
Anjos com unhas pintadas
Um mundo de favores e redenção
canteiros de rosas e gardênias
Risos e gargalhadas
bebês com dentes afiados
peitos rosados
Sótão de favores
Ventres expostos
Corações em enxames de abelhas
Sentimentos submersos
marginais da purificação
nadam em águas imundas
um mundo de ardores e de perdição
seu corpo é uma oração.
Luiza Silva Oliveira
BraziLírica Pereira :
A Traição das Metáforas
*
A Traição do Lirismo
Dalila Teles Veras
Artur Gomes, feito gume, é máquina devoradora do mundo. Mastiga coisas, afetos, pessoas, rumina e afia os elementos em sua navalha verbal e os transforma na mais pura poesia.
Dono de uma criatividade em permanente ebulição, hábil no verbo e na disposição visual do mesmo no espaço do suporte - papel ou pano -
bandeira a gotejar palavra que, não raro, é também palco e gesto,
(in)cenação a complementar e enriquecer o que a palavra muda já disse, a dizer outra coisa que é também a mesma coisa: poesia.
Poeta em tempo integral, como poucos ousaram ser, Artur Gomes constrói,
sem pressa (os anos não parecem pesar - na carne nem no espírito)
a sua delirante e criativa poesia, colagem da colagem da colagem,
(re)encarnação mais do que perfeita da antropofagia como nem mesmo o velho Serafim sonhou. Nada, absolutamente nada escapa à sua devastadora e permanente passagem, andarilho de poderosa voz a evangelizar para a poesia.
Este Brazilírica Pereira: A Traição das Metáforas é a continuação
de um enredo de há muito ensaiado. Seus atrevidos personagens já apareciam em Vinte Poemas com Gosto de JardiNÓpolis & Uma Canção Com Sabor de Campos.
Legítimas apropriações retiradas de
suas viagens brazílicas, figuras que a sua generosidade literária
faz questão de homenagear. Na passarela poética de Artur,
tanto podem desfilar Mallarmé, Faustino, Dalí, Oswald,
Baudelaire, Drummond, Pound, Ana Cristina César e o sempre lembrado mestre Uilcon Pereira, a quem o novo livro é dedicado, como personagens anônimos encontrados nas quebradas do mundaréu, além dos amigos,
objeto constante de sua poesia.
Neste caldeirão, “olho gótico TVendo”, entra até um despudorado acróstico, rimas milionárias em permanente celebração. O poeta Artur, disfarçado de concreto,
celebra descaradamente a amizade e o lirismo e ri-se de quem tenta classificá-lo. Evoé, Artur!
A
uilcon pereira
por seu eterno
coração de boatos
a carlos lima
que por seu poema 1968
me permitiu o sub-título
a todos os cúmplices
que por falta de munição & Money
não citados
na batalha
desta fake inquisição de um pós-real
tropicanalha
às musas metafóricas
Analice e Ednalda
para Alice Flora e Filipe
axioma para final de século
p/Carlos Careqa & Hélio Letes
a diferença
entre o legume
e o vegetal
VER/dura
mineral
nas minas do quintal
fruto menstrual
no ancestral pomar
das coxas
inquisição:
por sermos duas metáforas novas frescas gostosas desoprimidas e sem qualquer pseudo complexo de fidelidade é que estamos aqui em brazilírica pereira por sugestão da uilcona biúka diante desta outra inquisição. não ainda não fomos apresentadas a lady federika bezerra. mas a conhecemos pela sua fama internacional de porta/bandeira. macabea não pode se sentir frustrada pela nossa decisão de estarmos aqui neste confessionário. Primeiro porque não temos e nunca tivemos nenhum compromisso com ela. segundo é que alinhamos em outra frente liberal e desfrutamos de todo direito de ir e vi ter e dar prazer gozar da forma que melhor nos convir. sexo? é uma opção de gosto mesmo. até no palco porão? irônicas? Sim nosso mestre serAfim nos ensinou que do sarcasmo nasce a grande arte. mas o importante é que nós como metáforas não precisamos estar somente em entre/linhas estamos também nas entre/tuas entre/minhas e não se trata de traição procuramos fazer algo diferente por exemplo do que já vimos em filmes de godard construídos em larga medida só com citações e referências apoiando-nos nas coplagens como elementos básicos para ultrapassá-los e transcendê-los. agimos como uma espécie de conspiradoras conscientes dos bens culturais e materiais que nos pertencem como patrimônio da humanidade.
uma outra
não deveria portanto macabea vociferar aqui sua ira acusando-nos veladamente de traidoras sem assumir de fato em atitude pública a destilação desse veneno como palavra que não entra em cena. as belas letras para nós começaram através das letras belas narcisas pelos próprios nomes: metáforas e por fidelidade a federika não traímos macabea apenas não fazemos parte de uma mesma concepção de que a palavra parte e as letras que pretendemos belas não são simplesmente nossas muito menos dela. podemos constatar com gratidão que emergem das lendas fábulas crônicas e contos poemas de uma visão de mundo bem nítida e pessoal talvez quiçá quem sabe única reflexão de ruidurbanos restos de gravuras e resíduos tipográficos ou seja: uma série de gestos amorosos eróticos de novo repletos de ironias sensuais doce fervor fogo de malícias explosão e gozo por sinal diga-se de passagem que essas dimensões éticas jurídico-morais nunca nos interessaram. nossas relações com a propriedade privada em todas as suas formas e cristalizações históricas sempre foram tranquilas e sem remorsos.
1968
ou
: a investigação
uicorneana
quem és tu uílcon prereira?
que foste fazer na sorbonne?
ter aulas com sartre
ou cantar a simone
?
A
nomes ou numes?
- a massa um dia comerá os biscoitos fino que fabrico, cantarolava du boi pelo grande sertão serafim. pesava o trigo lavava a roupa amassava o pão. jesus um velho coronel de joão gullar não querendo saber das massas mandou empastelar a padaria e incendiar o matadouro do caldo de cana. du boi pensou então em ir embora de brasílica pereira: sertãzinho santo André ribeirão rio preto batatais e por fim nova granada de ouro preto e espanha. vestiu seu uniforme de gala e foi prestar depoimento na cpi das metáforas: - como produtor das artes cínicas e mentor intelectual da sacanagem federiko de albuquerque baudelaire vulgo du boi mestre/sala do grêmio recreativo e escola de samba mocidade independente de padre olivácio tem somente a dizer que virgem aqui só eu. as demais podem dar o capricórnio peixe aquário vênus quem sabe até a balança mas não cai. como mestre/sala dos prazeres invisíveis no inconsciente coletivo entrego a vocês o destino das metáforas e volto à ilha das sereias. biscoitos finos massas padaria nem pão que o diabo amassou às mulheres deixo somente a fome e meus olhos genitais.
antiLírica
eu não sou zen
muito menos zhô
nem tão pouco
zapa
não ando na contra capa
do teu disquinho digital
não alinho pela esquerda
nem à direita do fonema
vôo no centro/viagem
olho rasante/miragem
veia pulsante/poema
drummundama itabirina
fedra margarida a resolvida desfilava pela última vez portando falo. Decidira decepar o pênis e desnudar de vez a sua outra mulher. Brasílica amanheceu incrédula: manchetes vozerios falatórios assembleias faixas cartazes por todas as vias multivias multimeios os ofendidos habitantes brazilíricos inconformados com a fedra passearam em plebiscito vociferando Não ao Sim. e margarida flor impávida lá se foi beira-mar olhando estrelas no cruzeiro. mas césar que não é castro continuou a pigmentar seu mastro na outra parte da tela. e um dia fedra sorrindo com o pênis/baton na boca foi a boca de laur da fedra e voltou com o luar na boca.
Dora und (poema de 7 faces) in alguma poesia
quando nasci
um anjo alado -
- daqueles viciado
em parati
meu deu um tapa na bunda
pra que eu logo transformasse
todo horror guardado em pranto
- foi ele cortar o umbigo
do sangue eu beber e berrasse –
: drummundo pra todo canto
ilusão de Ótica
esse Não ç dilha
quando o poço
é mais pra fossa
todo nervo
é mais que osso
todo mar é uma ilha
todo samba é mais pra bossa
um lance de dados
doze e quarenta
e seis
mallarmè
na hora incerta
dormindo
visível na besta
sinal inviável
na quarta
dedo de deus
na segunda
jogando dado
na sexta
Leminsk i Ando
só olho ana à vera
faça outono ou primavera
quantas eras
quantas anas
em carNA val
meu olho disse
:
ana à vera
vera ana
ana clara
claralisse
vejo ana
lendo Eunice
quando li
só vi lu ana
e
ana ali
só vi
li ana
ana/verso
anAlice
macabea vocifera
lady gumes a diretora geral do brasilírico presídio federal de assombradado impressionada com a decisão pungente das metáforas em produzir libertinagens traçou um plano para que as meninas pudessem vez em quando sobrevoar os céus do parador em grande falo gigante capricórnio tropical
macabea a ofendida tentou de tudo: forjou mentiras corrompeu guardas comprou juízes cooptou alunos advogados de deus e do diabo
- “não estou aqui para que pintores sem a mínima competência tentem lambuzar com qualquer tinta de porra a minha estrela que não sobe” vociferava
mas a lady decidida prosseguiu afiando a faca de dois gumes e no momento exato final e derradeiro serrou as grades de ferro que amarravam as portas do corredor central assim feito as metáforas puderam saborear o vôo do zepelin rasante com seu músculo animal e as metáforas se abriram igualzinho igual a geni da tropicália a filha do chico da mangueira
marcabru
deliricamente a metáfora está aí felaCão de bruxa claudeirão de carne osso sangue suor cer
Veja agora
seja
como um jogo do acaso tradição de vida e corte
severina
zeferina
atrevida marte morte
macabea travestida no grande círculo místico das
letras
:
Mulher/macho homem fêmea atirador de facas engolidora de fogo bailarino domadora trapezista na escala do 3x4 mascarada ou de retrato seu
corpo vale ninguém
Artur Gomes
Do livro BraziLírica Pereira : A Traição das Metáforas
Alpharrabio Edições – 2000
leia mais no blog – Vampiro Goytacá
https://arturgomesgumes.blogspot.com/
Cogito
eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível
eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora
eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim
eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranqüilamente
todas as horas do fim.
Torquato Neto
Os Últimos Dias De Paupéria
Flor Bella
tem muito tempo
que ando atrás
da bela flor
do bem-me-quer
fosse florbela
flor espanca
navegaria espanhas
mar inteiro
para encontrar
pra minha sorte
encontrei aqui
não preciso mais te procurar
Artur Fulinaíma
leia mais no blog
https://fulinaimagens.blogspot.com/
MARIANIDADES é o poema que trago para a coletânea "FOGO! Porque se gritar socorro ninguém vem."
Uma longa e linda jornada com mulheres potentes do movimento #cordelsemmachismo
Faça sua compra e se deleite com versos incendiários de um bando de mulherfogo!
Marianides
Pois é da sina dessa fé-minina
vocacionadas à tal liberdade
nunca se entregar, lutar por todes
romper fronteiras com sororidade
Maria da Luz, da Penha, das dores
Benzedeira, parteira, dos amores
da rua, da vida, da roça e cidade
Dentro de mim, em minha pele
todas elas multidões em mim
grito, gozo, canto, serpenteio
puta, santa, começo, meio sem fim
preta, indígena, descalça, banguela amarela, cigana e até branquela
cis, trans, nao binárie, simples assim
...
Lília Diniz
https://www.instagram.com/p/C4SlEG3uGko/?igsh=NjB2amxncjlvY29o
SENTENÇA
faz muito tempo que eu venho
nos currais deste comício,
dando mingau de farinha
pra mesma dor que me alinha
ao lamaçal do hospício.
e quem me cansa as canelas
é que me rouba a cadeira,
eu sou quem pula a traseira
e ainda paga a passagem,
eu sou um número ímpar
só pra sobrar na contagem.
por outro lado, em meu corpo,
há uma parte que insiste,
feito um caju que apodrece
mas a castanha resiste,
eu tenho os olhos na espreita
e os bolsos cheios de pedras,
eu sou quem não se conforma
com a sentença ou desfeita,
eu sou quem bagunça a norma,
eu sou quem morre e não deita
Salgado Maranhão
me tranquei na caverna com platão
pra enfrentar meus próprios males
não vi primata nem zapata nem dragão
ouvi o canto das sereias pelos bares
chamei pra briga o capeta de facão
senti o aço perfurando a carne mole
gritei bem alto um tremendo palavrão
chamei são jorge pra ajudar o filho pobre
daqui ninguém sai vivo nem com reza ou um milhão
um dia até o tolo acaba que descobre
perdi o medo de espelho e solidão
só levo a vida com a pele que me cobre
Ademir Assunção
Risca Faca
Selo Demônio Negro
2021
*
Tchello d´Barros –
Tamanho não é documento
minha musa mora num campo belo me prometeu me apresentar todo universo paralelo onde ela mora na velo/cidade atravessada mas VeraCidade de uma musa metafórica é que a metáfora no templo do poeta pode ser muito mais que ficção ou realidade re/inventada
Fenomenal, fabulosa, fantástica edição dessa Balbúrdia PoÉtica! uma honra fora do padrão estar tão elevada companhia, parabéns a todos os envolvidos nesse crime de lesa - língua, simplesmente PARABÉNS !
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