minha escrita
grita
muitas vezes
palavras soltas ao vento
invento
Artur Gomes
Geleia Geral
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FDP
Festival doces palavras
em setembro no Jardim do Liceu
Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima
– Campos dos Goytacazes-RJ
da cana
o açúcar
o melado
a rapa dura
o chuvisco da gema do ovo
e a minha língua sacana
atenta a tudo que faço
falando a língua do povo
moído como bagaço
Artur Gomes
50 Anos de Poesia
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discípulo de Rimbaud
minha tv pifou
nem tenho ido ao cinema
meu filme está na carne da palavra
esse poema é trágico
me lembra infância lá na cacomanga
televisão nunca tivemos
era rádio de pilha depois de bateria
meu pai criava porcos
para vender na primavera
e complementar o seu salário
que nem o mínimo era
carteira de trabalho nunca teve
como administrador de uma fazenda
com mais de 1000 alqueires de terra
com produção agropecuária
canavieira e cerâmica industrial
esse é um poema em linha reta
nem sei por quê e para que
me tornei poeta discípulo de Rimbaud
talvez só para escrever
que no Brasil mesmo depois da Abolição
Escravidão nunca terminou
Artur Gomes
O Homem Com A Flor Na Boca
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Porrada Lírica
soberano su-real insano
pedra no sapato eu sou do
mato
curupira carrapato sou da
febre
sou dos ossos sou da lira
do delírio
todo Dia é Dia D toda hora
todo Dia
Zeca Baleiro Raul Seixas Mallarmè
Baudelaire Luiz Erundina
Luiz Melodia
o melhor que faço é viver poesia
o resto tudo mais
é perfumaria
Artur Gomes
O Homem Com A Flor Na Boca
50 Anos de Poesia
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O Homem Com A Flor Na Boca
só durmo com música instrumental
de mil novecentos e setenta
e três
quero te dizer tudo o que
não disse
em mil novecentos e novena
e seis
levamos seis anos queimando
letras
em papéis de cartas nunca me
esqueci
frente a janela a contra-luz
no litoral das tuas costas
tinha uma rosa vermelha
que até hoje trago em minha
boca
Artur Gomes
O Homem Com A Flor Na Boca
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Teatro do Absurdo
O quarteto da hipotenusa
versus o quadrado do quarteto
da hipotenusa a musa do quadrado
fosse apenas o retrato na fotografia
mas não sendo hipotenusa
somente musa algaravia
uma palavra mais que estrada
sendo musa multi-via
me levou nessa jornada
para fora da Bahia
todos os santos mar aberto
no abismo a fantasia
de querer mus entretanto
muito mais que poesia
e ela vai pintando
o homem com a flor na boca
com seus pincéis de aquarela
poema que só é possível
pelas lentes dos olhos dela
na balada ou no bolero
nossas letras se entrelaçaram
pele corpo carne sangue pelos
poros entre tintas entre tantos
anos que foram pintados
sobre papéis de cartas em fogo
sob o sol chuva verão inverno
quando qualquer das estações
é primavera
e ela era uma estudante de arquitetura que pintou poemas no cachorro louco
e desenhou imagens em Brazilírica Pereira : A Traição das Metáforas
Artur Gomes
O Homem Com A Flor Na Boca
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Beatriz – A
Morta
Oswald de Andrade Re-Visitado
como pedra me olhas
como fedra te vejo
vestida de carne nua
a língua na maçã navalha
tua alma transparente crua
o olho por detrás da porta
poema com pavio aceso
quando Oswald pariu A Morta
tinha os dentes
nos teus olhos preso
Artur Gomes
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a tarde arde como gengibre na carne da boca faz tempo não pedalo pelo
litoral com a língua alvoroçada na espuma das marés em guaxindiba sempre
encontro motivo para os dentes lábios e dedos carne de caranguejo no meio do
beijo tem uma mulher de Itaocara passeando por aqui saudades da minha amiga de
Recife e da sua filha em Rio das Ostras onde vaza sob meus pés o poema
inacabado agora me vens de Salvador todo desejo toda fúria incontrolável como
cavalo selvagem que se desprendeu da cela
jura secreta
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essa esfinge me devora
fosse Afrodite ou fosse Vênus
fenícia Fênix ou fosse Flora
muito seria de menos
o poema/nuvem em tua boca
como uma Ítaca de Creta
na mitologia sagrada
alguma jura secreta
na carne da Fênix de Fogo
o mar entre as coxas de Hera
o sol nos olhos de Íris
metáfora na ira de um deus
por quê me acordas Electra
se no sonho ainda sou Zeus?
Artur Gomes
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