mitológica
fosse afrodite
ou fosse vênus
mariana fosse quanto
a flor sagrada de lótus
secreto o espírito santo
os girassóis entre os cabelos
nos lábios lírios do campo
Federika Lispector
Jura Secreta
não fosse essa jura secreta
mesmo se fosse e eu não falasse
com esse punhal de prata
o sal sob o teu vestido
o sangue no fluxo sagrado
sem nenhum segredo
esse relógio apontado pra lua
não fosse essa jura secreta
mesmo se fosse eu não dissesse
essa ostra no mar das tuas pernas
como um conto do Marquês de Sade
no silêncio logo depois do susto
Artur Gomes
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pele grafia
pele grafia
meus lábios em teus ouvidos
flechas netuno cupido
a faca na língua a língua na faca
a febre em patas de vaca
as unhas sujas de Lorca
cebola pré sal com pimenta
tempero sabre de fogo
na tua língua com coentro
qualquer paixão re/invento
o corpo/mar quando agita
na preamar arrebenta
espuma esperma semeia
sementes letra por letra
na bruma branca da areia
sem pensar qualquer sentido
grafito em teu corpo despido
poemas na lua cheia
Artur Gomes
Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
www.secretasjuras.blogspot.com
cristina bezerra
em tudo que Ana não disse
teus lábios molhados
talvez só quisessem
a língua lambendo Clarice
na hora do amor se fizesse
um livro com hora marcada
no instante que ela quiser
na ora H de Clarice
em Ana nascendo a mulher
Cristina Bezerra
https://www.facebook.com/onomedamusa/
gigi mocidade
vilma vermelha
ainda me espelha
com tua língua de fogo
com tua boca de brasa
Gigi Mocidade
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jura secreta 101
Jura secreta 101
fosse Clarice
uma mulher aos trinta
em tudo que ainda sint(r)a
como um mar pulsando ostras
beijaria o sal nas coxas
entre deuses céus infernos
fosse sagrado – não profano
nossos desejos mais e-ternos
fosse nu – corpo sem planos
como o vento nos vinhedos
em teus cabelos – desalinhos
os teus poros nos meus dedos
tua lã fosse meu linho
tua língua entre meus dentes
em nossas bocas tinto – vinho
Artur Gomes
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toda nudez não será castigada
leia mais na página https://www.facebook.com/giginua/photos
pele
Pele
Um favo de mel na boca
um torrão de sal na anca
roubam para a pele o calor de animais
simples e vorazes
soltos como numa catedral
pele de asno
pele de mel
pele de água
Olga Savary
https://www.youtube.com/watch?v=bhY_YYhzU7w&t=81s
pornofônico confesso
Pornofônico confesso
se este poema inocente
primitivo natural indecente
em teu pulsar navegante
entrar por tua boca entre dentes
espero que não se zangue
se misturar o meu sangue
em teu pensar quando antropo
por todas bocas do corpo
em total porno.grafia
na sagração da mulher
me diga deusa da orgia
se também tu não me quer
quando em ti lateja devora
palavra por palavra
por centro dentro dentro ou fora
em pornofonia sonora
me diga lady senhora
nestes teus setenta anos
se nunca gozou pelos ânus
me diga bia de dora
num plano lítero/estético
qual o humano ou cibernético
que te masturba ou te deflora
Artur Gomes
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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023
múltiplas poéticas
Pele Grafia
meus lábios em teus ouvidos
flechas netuno cupido
a faca na língua a língua na faca
a febre em patas de vaca
as unhas sujas de Lorca
cebola pré sal com pimenta
tempero sabre de fogo
na tua língua com coentro
qualquer paixão re/invento
o corpo/mar quando agita
na preamar arrebenta
espuma esperma semeia
sementes letra por letra
na bruma branca da areia
sem pensar qualquer sentido
grafito em teu corpo despido
poemas na lua cheia
Artur Gomes
Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
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Se esiste un tempo per il silenzio, questo è il mio tempo.
Stefania Diedolo
Se existe um tempo para o silêncio, este é o meu tempo.
o Rei está Nu
e a Rainha também
o palácio dava para
os fundos
do submundo
onde morava
a loucura tântrica
em suas garras semânticas
como física quântica
ela gozava solitária
ao amanhecer de todo dia
por onde o sexy aflora
não há controle sobre mim
da carne ao telhado o corpo
é um músculo retesado
a espera da penetração
ondas que num vai e vem
esperma escorre entre as coxas
do prazer de que não se contém
eu não tenho calma
minha alma é inquieta
não tenho como ficar quieta
Federika Lispector
carnívora
o amor é feito de corpos
o amor é feito de membros
o amor é feito de meses
janeiro fevereiro março
todos os dias acordo e me lembro
o amor é feito de abril
maio junho julho
o amor é feito de agosto
setembro outubro novembro
o amor é feito dezembro
o amor é feito de anos
o amor é feito de agora
horas minutos segundos
é razão de estar no mundo
o amor se faz toda hora
Espelho 3
fotografei o espelho
em tua íris retina
e revelei a menina
que em meus olhos havia
banhada de sal e sol
em pétalas de girassol
que os meus olhos comiam
Artur Gomes
O Poeta Enquanto Coisa
www.secretasjuras.blogspot.com
LeminskiAndo em Cena
quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro
ou está por fora
quem está por fora
não sustenta um olhar que demora
diante do meu centro
este poema me olha
ali
se Alice ali se visse
quando Alice viu e não disse
se Alice ali se dissesse
quanta palavra veio
e não desce
ali bem ali
dentro da Alice
só Alice com Alice
ali se parece
Paulo Leminski
às vezes
o substantivo carece
de mais substantivos
o verbo de verbos
verbos de advérbios
as palavras fazem crescer o mundo
mas a língua não é a realidade
nem a arte se assemelha à natureza
criam outra
realidade que expande a realidade
(às vezes)
no branco da página
Aricy Curvello
I
Tal aquele barqueiro distraído
que perdeu a isca e fisgou o remo as pescar
a lua, eu queria escrever distraidamente.
E encurvar o anzol até fechar-se um círculo
para que minhas palavras não caiam.
Quando engulo abstrações, morro de tédio.
Por isso, para sobreviver, meu devaneio
desce ao chão e distende-se numa caminhada.
E ao pisar na relva meus passos
estalam folhas secas.
Mas não é por maldade que piso
nas coisas da terra. A elas meus sapatos
irmanam-se no ímpeto que as faz
viver na simplicidade do cotidiano
a engendrar bichos de nuvem.
E distraidamente mantemos
o fôlego.
Mirian de Carvalho
do livro nada mais que isto
Scortecci Editora - 2011
signos em convulsão
flores
precisam de água
coelhos
gostam de folhas de couve-flor
humanas
confusões de signos
dexplosão de gaseduto no cairo
centenas de feridos em atentado no metrõ de londres
o público alvo do jô onze e meia
américa - terra de bravos
as abelhas que pousam nas uvas
não são clones de abelhas
um bilhete no e-mail du superpateta
poeta das perdidas ilusões
ilusionista, domador de leões
amante do bom vinho
e das mulheres que uivam na lua cheia
ronrons de fêmeas, gemidos
alquimia de salivas, miados
cheiros, imagens
sem replay
o rio que passa na minha cidade
está poluído
em quais camas as grandes cópulas douradas¿
um boeing me coloca diante das ondas do mar
marolas, maresias
frutos de flores marítimas
deuses do ar, deusa da água
o fogo arde a raíz das árvores
línguas de lesmas, húmus
nada que não finja
beleza que não finda
mesmos crisântemos
florescendo
na lâmina da espada
um facho de lua
sobre as pétalas
do jardim
Ademir Assunção
do livro Zona Branca
Travessa dos Editores - 2006
só me queira assim caçado
mestiço vadio latino
leão feroz cão danado
perturbando o teu destino
só me queira enfeitiçado
veloz macio felino
em pelo nu depravado
em tua cama sol à pino
só me queira encapetado
profanando aqueles hinos
malandro moleque safado
depravando os teus meninos
só me queira desalmado
cão algoz e assassino
duplamente descarado
quando escrevo e não assino
Artur Gomes
Fulinaíma MultiProjetos
fulinaima@gmail.com
(22) 99815-12668 - whatsapp
poema: Artur Gomes
arte: Cláudia Lobo
manhatan city e/ou mediocridade mídia
esta cidade cheira a bosta nas calçadas nas marquises e as meninas são felizes nas capas de revistas as meninas dos jardins são expressões su-realistas as meninas dos jardins gostam de funk as meninas dos jardins rastam de rap as meninas dos jardins só ferem punk as meninas dos jardins já mascam coca as meninas dos jardins só fumam clac as meninas dos jardins não são do rock as meninas dos jardins só festam ploc como sabem ou como queiram mas as meninas dos jardins não fedem nem cheiram
Federico Baudelaire
Artur Gomes
O Poeta Enquanto Coisa
por Nuno Rau
Andamos no presente como vagando sobre um território rumo a outro, o futuro, para onde olhamos (além do olhar atento à nossa paisagem, o agora), mas sem perder a ligação com os territórios de onde viemos, o passado, de onde nos enviam mensagens-cabogramas. Ocorre que, antes, essas mensagens pareciam trilhar cabos unificados, e hoje elas nos vêm por uma rede de miríades de fios entrelaçados, com origens várias, por wi-fi, mescladas aos arcaicos sinais de fumaça, batidas de tambor.
O poeta contemporâneo tão mais contemporâneo se torna quando, atento ao presente absoluto para pensar a direção de seus passos, fica também atento aos sinais do passado, não dispensando o gesto ameríndio de perscrutar nas matas o aproximar-se da civilização predatória (como os nativos norte-americanos encostavam o ouvido nos trilhos do trem) enquanto observa, na tela de seu dispositivo, a nuvem de futuros prováveis, nem todos gloriosos: assim um poeta se torna criador de mundos.
Artur Gomes performa, em “O poeta enquanto coisa”, a sua dança tribal em que diversos dados da tradição se mesclam em sua reinterpretação ancorada no hoje, o que sempre implica numa tomada de posição política do poeta, que brindamos aqui, com alegria, porque nos traz luz sobre um momento particular de trevas na vida civil. É por estas vias que o liquidificador estético do poeta mistura antropofagicamente em suas iguarias-poemas, para que brindemos, deuses gregos com orixás, filosofia e orgia, mente e corpo, política e sexo, o corpo que precisa estar presente cada vez mais nos poemas, afastando quando possível os séculos de metafísica que nos oprimem. Evoé, Artur! Que seu canto ecoe pelos corações e mentes do presente e do tempo que virá.
Nuno Rau, arquiteto, professor de história da arte, tem poemas em diversas revistas literárias, e nas antologias Desvio para o vermelho, do Centro Cultural São Paulo, Escriptonita, que co-organizou, e 29 de Abril: o verso da violência. Publicou o livro Mecânica Aplicada, poemas, finalista do 60º Prêmio Jabuti e do 3º Prêmio Rio de Literatura. Ministra oficinas de poesia no Instituto Estação das Letras e é coeditor da revista mallarmargens.com
o brasil já foi ilha de vera cruz
e nunca foi ilha
já foi terra de santa cruz
e nunca foi santa
hoje ninguém mais se espanta
com o volume das trapaças
no curral das merdavilhas
Artur Fulinaíma
https://ciadesafiodeteatro.blogspot.com/
Toda Nudez Não Será Castigada
estou nua em pelo
disfarçando o pesadelo
para olhar do alto
o palácio do assalto
e seus mralhas
minha língua é faca
não é palha
é palavra pronta
pra cortar a carne
como fio de navalha
onde houver canalha
toco fogo dentro
Gigi Mocidade
www.porradalirica.blogspot.com
minha ovelha preferida
está se rebelando
os ensaios da Mocidade
Independente de Padre Olivácio
estão se aproximando
e ela não dá as caras
vou baixar decreto
vou baixar o santo
e não diga no entanto
que sou linha dura
dessa rapadura você ainda não viu
ela não é santaa
e não duvido nada que a sua mãe
foi a ovelha que pariu
Pastor de Andrade
por entre
os seios do meu corpo
abro uma ponte
para o seu
Gigi Mocidade
www.porradalirica.blogspot.com
meus lábios em teus ouvidos
flechas netuno cupido
a faca na língua a língua na faca
a febre em patas de vaca
as unhas sujas de Lorca
cebola pré sal com pimenta
tempero sabre de fogo
na tua língua com coentro
qualquer paixão re/invento
o corpo/mar quando agita
na preamar arrebenta
espuma esperma semeia
sementes letra por letra
na bruma branca da areia
sem pensar qualquer sentido
grafito em teu corpo despido
poemas na lua cheia
Artur Gomes
in SagaraNAgens Fulinaímicas
https://www.facebook.com/sagaranagens/?fref=ts
muitos ainda não entenderam
: poesia é o ato
de despir o corpo
de todas as vaidades.
rasgar os panos, se tornar
verdadeiramente humano
Artur Gomes
Toda Nudez Não Será Castigada
www.secretasjuras.blogspot.com
psicanalítica
freudeliricamente
meu coração fellini
tem estado bergman
por desejar branquinha
em seu estado avesso
Federico Baudelaire
https://www.facebook.com/federicoduboi/?fref=ts
Guarapari aqui estou
aqui me encontro
em estado de espírito santo
nesse mar azul e branco
como a s cores da Portela
o rio já passou em minha vida
nas marés de um serafim
mar é o que fica
como o deus que me habita
sem princípio meio ou fim
Federika Bezerra
foto: Artur Gomes
www.fulinaimacarnavalhagumes.blogspot.com
pecadora confesso
estando toda no cio
no corpo querendo tudo
minha mãe que me descreve
já me conhece do parto
eu sou vadia e não te iludo
eu tenho as veia abertas
um furacão entre as coxas
um vulcão no ventre/útero
mas só um homem me come
desde a minha tenra idade
nas ostras cravei meu nome
eu sou gigi mocidade
Gigi Mocidade
www.porradalirica.blogspot.com
o sal que me escorre em águas
algas em minha pele atlântica
quando tudo em meu corpo é mar
Beatriz Gumes
Raphaella
a língua lambe
tua pele logo abaixo
do umbigo
entrando entre as coxas
com as mãos em fogo
tateando todos poros
tua carne fresca e úmida
de saliva treme
de prazer e gozo
travessia
encontrei o meu amor
do outro lado do Atlântico
oceano que não é Pacífico
sujeito a calmarias e tempestades
se não for buscar
morro aqui de saudades
sefarim macunaímico
ontem disse que me amava
queria até transar comigo
hoje foge de mim
tranca a tranca do umbigo
fecha a porta entre as coxas
ela sabe que me deixa louca
e adora provocação
mas vou buscar no cu do mundo
sua libido o seu tesão
Federika Lispector
https://www.facebook.com/giginua/
a língua passeia por todo
seu corpo da boca da cabeça
a boca do inferno
já é quase inverno
preciso dos teus seios
pra me alimentar
mamar nos teus mamilos
e tudo aquilo que o leite der
seja de onde vier o líquido
seja que líquido vier.
Gigi Mocidade
https://www.facebook.com/giginua/
sou parte de um time
onde a trama arde
a carne treme
a paixão é transe
a transa trêmula
quando a carne trinca
se o país é treva
a ideia tranca
Federico Baudelaire
https://www.facebook.com/federicoduboi/
que a maré tá de veneta
sexo tá rimando Federika
com Gigi nada de Rhaffhaela
aquela foto não é dela
pode ser de Roma Dell
Bhonnynny não é sobrenome
esperma não é espuma
esse mar nunca foi pluma
nem mamãe mergulha aqui
na lascívia Flor do Láscio
eu sou Gigi Independente
da Mocidade de Padre Olivácio
Gigi Mocidade
https://www.facebook.com/giginua/
que vou deixar de amar
desejar beijar comer
rimar com o que puder
rimar com o teu prazer
gozar quando vier
com o corpo ardente brasa
deitar na minha cama
morar na minha igreja
fuder na minha casa
Pastor de Andrade
artur gomes
www.arturkabrunco.blogspot.com
o meu amor me deixou
só me resta deitar na grama
e pensar a cama que não tenho
a roupa não cabe no meu corpo
eu tenho os dentes de febre
eu tenho a febre nos dentes
e uma fome no ventre
que não dou o nome
o homem que me come
Gigi Mocidade
www.porradalirica.blogspot.com
a noite assombra
nos lençóis da nossa cama
depois de lamber teu sexo
em carne viva carne crua
meu olho cravado em tua lua
toda branca
toda nua
a bunda virada pro mar
a frente janela pra rua
não sei quantas palavras
ainda terei que inventar
pra significar a coisa
que ainda não tem nome
a coisa cínica
a coisa sântrica
como linha do novelo
essa onda me pega Atlântica
da sola dos pés até a ponta
do último fio de cabelo
Artur Gomes
www.fulinaimargem.blogspot.com
se a negritude ameríndia
do meu canto
lhe causa desconforto
insana criatura
não se assuste com essa química
isso se chama Sagaranagens Fulinaímicas
meu girassol de metáforas
meu caldeirão de misturas
Artur Gomes
Fulinaíma MultiProjetos
portalfulinaima@gmail.com
(22)99815-1268 - whatsapp
girassóis pousando
NU - teu corpo festa
beija-flor seresta
poesia fosse
esse sol que emana
do teu fogo farto
lambuzando a uva
de saliva doce
Artur Gomes
Couro Cru & Carne Viva – 1987
ando
tão tenso
nesse tempo
estático
SINOPSE: Depois das excitadas e excitantes Juras secretas, de 2018, o poeta e artista multimídia Artur Gomes volta a tornar pública sua jura de amor e fidelidade ao arcaico deus Dionísio em “O poeta enquanto coisa” [...] Comparece ao ethos deste livro a mesma embriaguez fulinaímica de sempre: a que toma, mediante o delírio atento frente aos passos obtusos do ser e estar das gentes, cada palavra como taça, vinho tinto e uma tinta capaz de, em contrapartida, rogar lúcida a passagem dilacerada do humano pelas páginas turvas do mundo. [...] Seus versos são rascunhos, rasuras e ranhuras a passar a limpo os nexos e os nervos de sua fatura formal e estilística, deixando sobre a página tanto um rastro de unha quanto o esmalte dos escritos e vozes que em sua alma avultam e nos dedos instauram cutículas. [...] Não apenas o corpo do homem, da mulher, se sensualiza e se sexualiza sob a força cósmica de Eros. [...] Nessa porosidade, o poeta se entende permeável a coisas e pessoas (a pessoas já misturadas às coisas, a pessoas já coisas) [...] Também por isso, por essa poesia de tamanho contato, fricção, a relação com a língua se confirma erotizada e – vale dizer – tanto a língua física quanto a verbal, o que equivale a dizer que escrita e oralidade se reencontram no poeta: a sofisticação da escritura literária não perde (pelo contrário, potencializa) a dimensão primigênia do poeta como cantor, como ator “na divina língua de Baco”. [...] Artur Gomes ouve o canto da sereia em sua cama, livro, divã, [...] se obstina pela ideia de confissão, mas de uma confissão dionisíaca [...] preferindo um louvor a Dionísio a um Deus que não sabe dançar, que não sabe gozar, na liturgia de uma poesia que roga.
Trechos do prefácio de Igor Fagundes
Poemas Para Todas As Horas
http://bit.ly/PoemasParaTodasAsHoras
Poucos poetas contemporâneos expressam tão bem as principais bandeiras do Modernismo de 22 quanto esse vate pós-moderno. Sua poesia é política, antropofágica, nonsense, musical, polifônica e sobretudo intertextual, além de dotada de uma brasilidade corrosiva, avessa ao nacionalismo acrítico que se tem espraiado pela ex-terra de “Santa cruz”.
Adriano Moura – fragmento do texto sobre O Homem Com A Flor Na Boca – livro inédito com previsão de lançamento em 2023
a língua escava entre os dentes
a palavra nova
fulinaimânica/sagarínica
algumas vezes muito prosa
outras vezes muito cínica
tudo o que quero conhecer:
a pele do teu nome
a segunda pele o sobrenome
no que posso no que quero
a pele em flor a flor da pele
a palavra dandi em corpo nua
a língua em fogo a língua crua
a língua nova a língua lua
fulinaímica/sagaranagem
palavra texto palavra imagem
quando no céu da tua boca
a língua viva se transmuta na viagem
Artur Gomes
do livro Juras Secretas
Editora Penalux - 2018
www.secretasjuras.blogspot.comO poeta é um fingidor
chove aqui dentro
mais do que lá fora
eu tenho pressa
de olhar teus olhos
nesse mar de angra
o pau brasil sangra
enquanto isso
ela passeia no egito
entre templos sagrados
dessas múmias quânticas
me perdoa
o poeta é um fingidor
mas eu não sou Fernando Pessoa
Artur Gomes
por onde andará Macunaíma?
https://fulinaimargem.blogspot.com/
Poesia na ponta da língua
se inscreva no canal
https://www.youtube.com/user/cabanagaivotas/videos
Mostra Cine Vídeo –
Curtas Cinema Ambiental
Curtam na página Kino 3
https://www.facebook.com/cinevideocurtas
com uma câmera nas mãos
um poema na cabeça
vamos filmar o poema
antes que desapareça
lei mais no blog
https://porradalirica.blogspot.com/
sobre tuas costas
é mar de esperma
que vai fecundar
entre tuas coxas
mariscos ostras
peixes vários
na explosão das algas
copacabana não me engana
toda sexta se faz de besta
me procura e diz que tem marido
mas quer aliviar sua fissura
quando eu gozar em teu umbigo
Federico Baldelaire
na mattina ti svegli e dici:
"Era solo una favola..."
Sorridi di te.
Ma nel profondo non sorridi affatto.
Sai bene che le favole sono l'unica
verità della vita.
Antoine de Saint-Exupéry
Uma manhã você acorda e diz:
" era apenas um conto de fadas..."
Sorri de ti.
Mas no fundo não sorria de todo.
Sabes bem que os contos de fadas são a única
Verdade da vida.
Antoine de Saint-Exupéry
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