sábado, 27 de abril de 2024

Balbúrdia PoÉtica


ARNESTO OS CONVIDOU

 

dois bravos poetas

aqui se encontram

sem qualquer ética

arnesto os convidou

pra lapoesia

pra essa balbúrdia

poética

torquat

tô &

pop paulo

a nos ler

leminski

 

o que nos lê

nos ensina

& nos ilumina

 

que pra onde vou

torqua

tô sozinho

sei que vou

torqua

tô sozinho

lê leminski:

 

Finnegans Wake à direita

um coup de dés à esquerda,

que coisa pode ser feita

que não seja pura perda?

 

torqua

tô nem aí

solta de lá

e daqui:

 

na cidade em que me perco

na praça em que me resolvo

 

na noite da noite escura

eu sou como eu sou

pronome

pessoal intransferível

do homem que iniciei

na medida do impossível

 

leminski dá um rolé

e le-relê

relê leminski

 

Mandei a frase sonhar,

e ela se foi num labirinto.

Fazer poesia, eu sinto, apenas isso,

dar ordens a um exército,

para conquistar um império extinto.

 

torq

tô aqui

 

é lua nova

nessa noite derradeira

vou-me embora dentro dela

essa noite é que é meu dia

essa lua é quem me guia

 

a poesia é tudo

diz de lá

o bardo barbudo

 

agora não se fala mais

toda palavra guarda uma cilada

qualquer gesto é o fim

do seu início.

– rebate a bigodal figura:

 

Esta língua não é minha,

qualquer um percebe.

Quando o sentido caminha,

a palavra permanece.

 

e, mãos dadas,

jubas & bigodes entrelaçados

foram-se embora

os dois poetas abraçados

 

arnesto os convidou praqui

mas o sampoesia corre lá fora

 

sangrando

 

o sagrado samba

lapafora

nos arcos da noite

 

Ronaldo Werneck

Cataguases/Rio, 18-24 /2024

Poema lido na Balbúrdia Poética – dia 24/Abril/204 no Bar do Ernesto – Lapa Rio de Janeiro 


Balbúrdia PoÉtica

 

numa dessas noites boêmicas

de dois mil e dezenove

em bares ex-tintos da lapa

na cia de sady bianchin fil buc e marcela giannini

ouvimos do indesejado

que dentro das universidades federais

era uma tremenda balbúrdia

mal sabia ele que sua fala

chegou aos ouvidos de quem não cala

imediatamente como uma prova dos nove

pensamos essa Balbúrdia PoÉtica

a favor da ética

e contra todo aquele que nos provoca náuseas

neo-nazistas que nos fazem mal

e agora transformado  em manifesto

de resistência sócio política cultural

contra todo e qualquer tipo

de bandidagem oficial

seja ela municipal estadual ou federal

 

Artur Gomes

Vampiro Goytacá

leia mais no blog

https://arturgomesgumes.blogspot.com/


"Nunca fomos catequizados fizemos foi carnaval".

Oswaldo de Andrade.

 Nunca fomos colonizados, fazemos   Balbúrdia anti-colonial.

Sady Bianchin



Inspira

expira

cria

recria

 

                    Arteiramente

 

porque toda arte

também é

                 p o e s ia

 

Rose Araujo

o livro QUANDO Vida

poesia

INSIDE - 2022 



Lampião

 

Existe em mim

Um antigo

Lampião de rua,

Daqueles do Rio

Capital do Império.

 

Nele,

Me escoro na madrugada

Durante uma bebedeira

De juventude.

 

Sob sua luz

Que amarela

Um pequeno recorte da noite,

O poeta tísico

Murmura versos

Do ultrarromantismo

E com eles tenta

Comover a morte.

 

Um bêbado estilhaça

Todas

As garrafas que esvazia

Amaldiçoa a sorte

O destino as mulheres e a vida.

 

Embaixo de meu lampião

E ao som de bolero

Um casal se encontra

À traição

E troca beijos

em uma cena

De filme noir.

 

Mas nada faz

Mais sentido

Ao meu lampião

Do que a imagem

De teu rosto,

Cada vez mais

Longínqua no tempo

Sempre inaugurando

meus dias,

que amanhecem

Cansados e vazios.

 

André Giusti, 1989 


















Nenhum comentário:

Postar um comentário

Oficina de Poesia Falada (escrita criativa)

nesta próxima quarta entre as 17 e 21h estarei fazendo no Palácio da Cultura, uma demonstração da Oficina de Poesia Falada (escrita criativa...