ARNESTO
OS CONVIDOU
dois bravos poetas
aqui se encontram
sem qualquer ética
arnesto os convidou
pra lapoesia
pra essa balbúrdia
poética
torquat
tô &
pop paulo
a nos ler
leminski
o que nos lê
nos ensina
& nos ilumina
que pra onde vou
torqua
tô sozinho
sei que vou
torqua
tô sozinho
lê leminski:
Finnegans Wake à direita
um coup de dés à esquerda,
que coisa pode ser feita
que não seja pura perda?
torqua
tô nem aí
solta de lá
e daqui:
na cidade em que me perco
na praça em que me resolvo
na noite da noite escura
eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível
leminski dá um rolé
e le-relê
relê leminski
Mandei a frase sonhar,
e ela se foi num
labirinto.
Fazer poesia, eu sinto,
apenas isso,
dar ordens a um exército,
para conquistar um império
extinto.
torq
tô aqui
é lua nova
nessa noite derradeira
vou-me embora dentro dela
essa noite é que é meu dia
essa lua é quem me guia
a poesia é tudo
diz de lá
o bardo barbudo
agora não se fala mais
toda palavra guarda uma
cilada
qualquer gesto é o fim
do seu início.
– rebate a bigodal figura:
Esta língua não é minha,
qualquer um percebe.
Quando o sentido caminha,
a palavra permanece.
e, mãos dadas,
jubas & bigodes
entrelaçados
foram-se embora
os dois poetas abraçados
arnesto os convidou praqui
mas o sampoesia corre lá
fora
sangrando
o sagrado samba
lapafora
nos arcos da noite
Ronaldo
Werneck
Cataguases/Rio, 18-24
/2024
Poema lido na Balbúrdia
Poética – dia 24/Abril/204 no Bar do Ernesto – Lapa Rio de Janeiro
Balbúrdia
PoÉtica
numa dessas noites
boêmicas
de dois mil e dezenove
em bares ex-tintos da lapa
na cia de sady bianchin
fil buc e marcela giannini
ouvimos do indesejado
que dentro das
universidades federais
era uma tremenda balbúrdia
mal sabia ele que sua fala
chegou aos ouvidos de quem
não cala
imediatamente como uma
prova dos nove
pensamos essa Balbúrdia
PoÉtica
a favor da ética
e contra todo aquele que
nos provoca náuseas
neo-nazistas que nos fazem
mal
e agora transformado em manifesto
de resistência sócio
política cultural
contra todo e qualquer
tipo
de bandidagem oficial
seja ela municipal
estadual ou federal
Artur
Gomes
Vampiro Goytacá
leia mais no blog
https://arturgomesgumes.blogspot.com/
"Nunca fomos catequizados fizemos foi carnaval".
Oswaldo de Andrade.
Nunca fomos colonizados, fazemos Balbúrdia anti-colonial.
Sady Bianchin
Inspira
expira
cria
recria
Arteiramente
porque toda arte
também é
p o e s
ia
Rose Araujo
o livro QUANDO Vida
poesia
INSIDE - 2022
Lampião
Existe em mim
Um antigo
Lampião de rua,
Daqueles do Rio
Capital do Império.
Nele,
Me escoro na madrugada
Durante uma bebedeira
De juventude.
Sob sua luz
Que amarela
Um pequeno recorte da noite,
O poeta tísico
Murmura versos
Do ultrarromantismo
E com eles tenta
Comover a morte.
Um bêbado estilhaça
Todas
As garrafas que esvazia
Amaldiçoa a sorte
O destino as mulheres e a vida.
Embaixo de meu lampião
E ao som de bolero
Um casal se encontra
À traição
E troca beijos
em uma cena
De filme noir.
Mas nada faz
Mais sentido
Ao meu lampião
Do que a imagem
De teu rosto,
Cada vez mais
Longínqua no tempo
Sempre inaugurando
meus dias,
que amanhecem
Cansados e vazios.
André Giusti, 1989
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