poética 39
para Ingrid da Mata
e se eu te amasse
de outra forma
e não essa
jura secreta em segredo
se comesse
em tua língua
bebesse em tua boca
lambesse toda carne
nua e crua
como a lua
que ora tece luz
entre teus poros
onde tudo é prece
entre os sentidos
dos desejos
onde te beijo
oculto e como
a maçã
que te revela
minha fome
de manhã
se me tecesse em tua lã
me cobrisse com teu linho
e na carne
uva e vinho
pra desfazer meu desalinho
quando me deito
em teu divã
artur gomes
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Juras Secretas
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era para ser assim como se foice
no papel de seda era língua e sangue
unhas muitos dedos dentes
nos teus céus de boca
era assim como se fosse
meus olhos no cinema
nos teus olhos presos
e o destino do poema teus lábios indefesos
Artur Gomes
O Poeta Enquanto Coisa
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A Traição das Metáforas 6
No fundo negro da noite blak billye
tinha um jeito gal fatal vapor barato macabea agonizava nas entrelinhas
tentando a cena que não sai nem freud explica o seu corpo que cai no primeiro
abismo das metáforas era meio dia mil novecentos e oitenta e oito ribeirão
preto em alvoroço alguém lixava uma carteira enquanto a bailarina se contorcia
em sábado de páscoa ao som de pink floyd em frente as lojas americanas ricardo
lima caçava imagens dentro dos ovos de páscoa marcio coelho toca pérola negra e
eu falo fernando pessoa a eptv me leva ao ar ao vivo e no meio da multidão em
êxtase um bêbado reclama pela sua previdência jardinópolis agora é apenas uma
página de jornal sem vestígios onde rabisquei alguns poemas atrás dos fios
elétricos na parede da choperia sete meia zero onde me chamam federico
baudelaire eu quero teu corpo de manga fruta que se chupa
até sangrar ao som de um negro blues
enquanto houver
Artur Gomes
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carNAvale
carnaval é festa da carne
orgia do corpo
levitAção da alma
tempo de rasgar os panos
sacralizar o que é profano
no altar pagão das liturgias
não me ofusco
entrego a Dionísio todo fogo
não de graça – tudo pago
e bebo todo fúria toda festa
como a sede do deus Bacco
Gigi Mocidade
Rainha da Bateria da Mocidade Independente de
Padre Olivácio – A Escola de Samba Oculta no Inconsciente Coletivo
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Nonada
Ela me inspira
me transpira
me transborda
estico a corda
para alinhar o plumo
no rumo certo do poema
a seta no foco
o poema em linha torta
para entortar a linha reta
Artur Gomes
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UM POETA NAS CIDADES
Dedicado ao
poeta Affonso Romano de Sant’anna
Neste
momento, um poeta está sozinho nas ruas de Nova York.
Caminha nas
calçadas de Nova Deli.
Passeia o
cansaço pelos gelos nórdicos.
É triste nas
esquinas do mundo.
É o cego e
seu realejo.
O enforcado,
o carrasco, o viúvo, o noivo.
A voz do
mudo e seus medos.
Os amantes e
seus desejos.
Neste
momento, um poeta anda pelas dunas de areias do Saara.
Venta nas
folhas da Amazônia.
Chora pelos
mares de Espanha.
É faca,
corte, bala traiçoeira.
O Espírito
do Tempo, os Templos, terços e tendas.
Um poeta
sozinho nas ruas do mundo.
Olha as
cidades e ouve seus gritos.
Olha as
cidades e vê os seus circos.
Olha as
cidades e tudo é igual: lodo, verde, temporal.
Olha as
cidades e os girassóis se estilhaçam nos sóis amarelos.
Olha as
cidades e o corpo é flechado nos vitrais dos mistérios.
Olha as
cidades e as janelas abertas no fundo dos quintais.
Olha as
cidades e toca em seus muros.
O muro e
suas noites
O muro e
suas peles
Atrás do
muro, o mar
Atrás da
noite, o nada
– A Barca da
Morte espreita enganosa.
Sozinho nas
curvas da vida,
as luas vão
e vêm banhando-o em luz.
Neste
momento, um poeta olha as cidades
tentando
confortar poemas derramados.
Poemas de
sinais trocados.
Poemas que
se escrevem nos esgotos.
Entre
ternuras, vinhos, auroras,
línguas
estranhas beliscam como corvo.
Neste
momento, um poeta olha as cidades
e a poesia
não expulsa os demônios.
Que texto o
orienta?
Como
escrever o poema desses dias?
Mas escreve
e escreve e escreve
porque não
pode evitar desastres.
Um poeta
caminha solto pelas ruas do Brasil.
Sob as
estrelas tenta desenhar humanidades.
(Tanussi Cardoso: em A medida do deserto, dentro da
coletânea Rios, Ibis Libris, 2003)
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laivo de
lesa - língua
do terceiro erro
a pa(lavra) sem vida
ao sol dis(sol(vida)
s(urge) o can(dor)
no re(canto)
dos pássaros
os espasmos
são inúteis
por migalhas
oram as horas
no aço dos olhos
o fosco torpor
do fado
inferno de inverno
interno
acima das nuvens
dormem os dândis
do sétimo círculo
a cidade
des
pro(vida)
de
poesia
fim da mais
rápida das vias
de trevas
toda trova
os poetas
são cúmplices
teu corpo de
tordo todo
torto
com(prova)
garbo gomes
07.06.24
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