segunda-feira, 6 de maio de 2024

Oficina de Poesia Falada (escrita criativa)

nesta próxima quarta entre as 17 e 21h estarei fazendo no Palácio da Cultura, uma demonstração da Oficina de Poesia Falada (escrita criativa), a pedido da Gerência de Formação da FCJOL

Oficina de Poesia Falada (escrita criativa)

A princípio é também fomento de leitura, não apenas leitura de poesia, mas as múltiplas possibilidades de V(L)ER o mundo e seus sub-mundos.

Objetivos:

Selecionar intérpretes para o FestCamps de Poesia Falada e criar com os alunos ações para o Sarau Campos Veracidade e para o Rua Em Movimento.


 

gosto de percorrer
o território das palavras
às vezes as escrevo
de forma simples
noutras rebuscada

amarro o céu na ponta da lua
para sacolejar estrelas

no café da manhã
pão com manteiga
o beijo do sereno

tenho pelas palavras
tremendo respeito
não as desajeito
em ideias mirabolantes

esses dias vi uma delas
na carona de um basculante

confesso fiquei atordoado
com tamanha ousadia
pensei se caísse
o que aconteceria

palavras têm dessas coisas
se desprendem da razão
se contentam
em provocar emoção

também penso sobre isso
da necessidade do poema
se o tudo já escrito
já não valeu a pena

de drummond a pessoa
de quintana a leminski
dos novos e velhos poetas
que ainda insistem

vou parando por aqui
pra não enrolar mais a conversa
daqui a pouco vão dizer
que sou mais um
metido a poeta

 

Dinovaldo Gillioli 


domingo, 5 de maio de 2024

múltiplas poéticas

sub/VERSÃO

 

só desfraldando

a bandeira tropicalha

é

que a gente avacalha

com as chaves dos mistérios

dessa terra tão servil

 

tirania sacanagem safadeza

 

tudo rima uma beleza

com a pátria/mãe que nus pariu


pátria a(r)mada

 

só me queira assim caçado

mestiço vadio latino

leão feroz cão danada

perturbando o seu destino

 

e só me queira encapetado

profanando àqueles hinos

malando moleque safado

depravando os seus meninos

 

só me queria enfeitiçado

veloz macio felino

em pelo nu depravado

em sua cama sol a pino

 

e só me queira desalmado

cão algoz e assassino

duplamente descarado

quando escrevo e não assino

 

relatório

 

I

na sala ficaram cacos de pratos

espalhados pelo chão pedaços do corpo retidos entre o corredor após o interrogatório um cheiro de pólvora e mijo misturados a dois ou três dias sem banho depois de feito sexo

só o fogo da verdade exalando odor e raiva quando em verde conspiravam contra nós

 

em são cristóvão o gasômetro vomitava um gás venoso nos pulmões já cancerados nos quartéis da cavalaria

 

II

eu me lembro

o sentimento era náuseas nojo asco

quando as botas do carrasco

bateram nos meus ombros com os cascos

 

jamais me esqueci o nome do bandido escondido atrás dos tanques

e

se chamavam

                   dragões da independência

e a gente ali na inocência

comendo estrumes  engolindo em seco as feridas provocadas por esporas

aguentando o coice o cuspe

e

    a pópria ira

                          dos animais de fardas

batendo patas sobre nós

 

III

com a carne em postas sobre a mesa

o couro cru o coração em desespero

o sangue fluindo pelos poros pelos pelos

 

eu faço aqui

meditações sobre o presente

re cria ando

                      meu futuro

tentando só/erguer

as condições pra ser humano

visto que tornou-se urbano

e re par tiu

                 se

em mil pedaços

visto que do sobre-humano

restou cabeça pés e braços

 

 

pós: ANT:PÓS

 

enquanto nós poetas

tentamos mostrar

a burguesia lá

                     do alto

qual de nós

                     é mais concreto

os profetas do planalto

vão fudendo o povo inteiro

com um pau

bem grosso e reto

- e a poesia?

 

continua não passando

de um simples objeto

 

 

Artur Gomes

Couro Cru & Carne Viva

1987 – leia mais no blog

https://arturgomesgumes.blogspot.com/



 não vendo ilusões

diante da miséria

que assassina corações

 

Artur Gomes

Vampiro Goytacá

leia mais no blog

https://arturgomesgumes.blogspot.com/



FRUSTRAÇÃO

 

        De leve a vida perpassa

    entre a lagartixa e a mosca

          havia uma vidraça

 

Silvio Ribeiro de Castro 




Impressões primeiras.               

Santa global do pop, traz o legado do tempo, desde a quebra de paradigmas culturais e morais, nos oitenta; hoje, rainha do entretenimento, like Ivete (alguma rima boa para Ivete?).           

  Madona, dona má, ícone mass média do ocidente, mas         bate a cabeleira mallarmeica, a lá Joelma. 

Mundo comon sense, chato e recorrente.



Bailar                 

 

 O caminhar sob a aragem                   

difuso qualquer passo

A imobilidade         

de um eterno retorno 

de Zaratustra insábio, tonto prestes

a cair do arame.

 

A denuncia do que

é nulo, no esforço

de parar a guerra

de todos contra todos

obrigando ao contrato roussouniano,

averbado por um batalhão de enfants.

 

Se, por último, fossemos  dar           

tais passos, desde    

o céu, acima, no ar um bailado acrobático de pássaros        

  ausente qualquer

rede ou pano.


*

 

folha insólita

e seca 

disposta sobre

a mesa posta

 onde se lançam     

os

dados da vida        

dos comensais.

      

 Diletos amigos          

à proa.                        

a vela branca.         

de Mallarmet.

Veios de arte            

desde Ésquilo.     

  nos rostos marcados.              

nas nervuras            

da folha branca,

objeto transacional,.

A vida é uma ilusão?

Ora, se não!    

 

Ricardo Sant'Anna Reis 


come uba vergine - Ricardo Vieira Lima

 

Hoje, 4 de maio de 2024, sábado, na noite em que Madonna encerrará, daqui a pouco, sua turnê mundial de celebração dos seus 40 anos de carreira, num mega show gratuito na Praia de Copacabana, Rio de Janeiro, posto o poema visual acima, o qual está publicado no meu livro "Aríete - poemas escolhidos", assim como a versão que escrevi, em inglês, do referido poema, especialmente para essa ocasião tão aguardada:

  

COME UNA VERGINE

 

Madonna Lisa

Scandalizes Me

 

Madonna Lisa

PERONizes Me

 

Madonna Lisa

Your Mani(a)c

 

Make Me

Insomniac

 

Madonna Lisa

Increase my Testosterone

 

Or I’ll Trade you for

Veronica Ciccone

 

Ricardo Vieira Lima

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https://fulinaimacarnavalhagumes.blogspot.com/ 


sexta-feira, 3 de maio de 2024

múltiplas poéticas


a pá/lavra

arma poesia

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ofício

 

ponho minha gema

em tua blusa

para que pule

no teu peito

minha musa

toda tensão

de ter tua pele

em meu poema 

 

profissão

 

meu ofício

é de poeta

pra rimar

poema e blusa

e ficar em tua pele

pelo tempo em que me usa

 

Artur Gomes

Suor & Cio

MVPB Edições – 1985

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a aparente

calma diante o microfone

me dá fome

rói as tripas

dói o crâneo

um frio na barriga

a rede de intrigas

uma viagem de trem

para não sei onde

a filha do conde um dia me disse

:

vai não perca tempo

rasga o verbo

tudo a sua frente

é fio desencapado

ligue as turbinas de suas veias

respire fundo

até o pulmão saltar pela boca

e sua língua/faca

cortar o vento rente aos seus ouvidos

solte os 7 sentidos

teu verbo é fundo nesse teu corpo teso

se liberte  do mundo

que te deseja preso

 

Artur Kabrunco

Vampiro Goytacá  

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quinta-feira, 2 de maio de 2024

múltiplas poéticas

 LIAME.                  

 

Nem tudo que te

afronta o corpo

e a alma, um aperto, amiúde, ou

algo que excede,      te onera      entorpece a saúde,    é ruim.                   

O que não te exige atitude, esquece.      

As vezes é só deixar-se ao alívio

da dor, que se proclama como          algo que te faz

sentir, de estar vivo, a urgência.

Há dores que vem para o bem, e te salvam de você mesmo

na pradaria,

no deserto

quando, da vida

quase extinguida

é o liame da ressurgência.

 

Ricardo S. Reis

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Querubim da Goiabeira

 

amo papa goiaba

meu cio sempre desaba

no encanto dessa fruta

mas não trepo

deste a última sexta feira

santa

me entupi de fanta

na sacristia do devasso

e dormi  no samba de páscoa

no terreirão do olivácio

perdi minha carteira de freira

na identidade agora é bruta

 

Rúbia Querubim

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Tchello d´Barros

 entrevista Artur Gomes

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Artur Gomes é poeta, ator, videomaker, produtor cultural –

Toda sua criação em prol de uma Arte Libertária desagua no projeto Balbúrdia PoÉtica, criado por ele em 2019

*

Criador do Sarau Campos VeraCidade, realizado pela Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, em Campos dos Goytacazes – onde exerce no momento a função de Coordenador de Cultura

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a traição das metáforas

eu já havia terminado de ler a trilogia no coração dos boatos de uilcon pereira composta pelos livros nonada outra inquisição e implosão do confessionário e desconfio que macunaíma tenha passado por ali travestido de biúte o andarilho dos telhados noturnos de assombradado e possivelmente também serafim ponte grande quando se cansava de lalá e ia se refugiar entre os seios de federika e por puro ciúme e desespero clarice se transformava em beatriz como metamorfose de borboleta na hora do nascimento da lagarta


  
torquato era um poeta

que amou a ana

leminski profeta que amou alice

um dia pós veio uilcon torto

pegou a jóia diana

juntou na pereiralice

com o corpo e alma das duas

foi bovoir assombradado

pra lá de frança bahia

pois tudo que sartre dizia

o roendo o osso do mito

o anjo jurou já ter dito  

nonada

- Biúte ria 

  

Artur Gomes

Vampiro Goytacá

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BAIAFRO

 

essa áfrica nos meus olhos

e navegar é minha sina

em toda febre todo fogo

que incendeia o continente

nos teus olhos de menina

eu sou um poeta

e nunca fui a china

mas vermelho é o meu sangue

desde que nasci

 

Artur Gomes

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Oficina de Poesia Falada (escrita criativa)

nesta próxima quarta entre as 17 e 21h estarei fazendo no Palácio da Cultura, uma demonstração da Oficina de Poesia Falada (escrita criativa...