meu
coração marçal tupã
sangra
tupi e rock and roll
meu
sangue tupiniquim
em corpo
tupinambá
samba
jongo maculelê
maracatu
boi-bumbá
a veia de
curumim
é coca
cola e guaraná
Artur Gomes
do livro Suor & Cio
MVPB Edições – 1985
Gravada pelo autor, no CD Fulinaíma Sax Blues Poesia - 2002
Pátria Ar(r)mada - 2022
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Poemas
Para V(L)ER
Mostra Visual de Poesia Brasileira
Varal De Poesia – Múltiplas PoÉticas
25 – junho – 19h - Sarau
Campos VeraCidade
- local: Foyer do Teatro Trianon
Campos dos Goytacazes-RJ
"Nunca fomos catequizados fizemos foi
carnaval".
Oswaldo
de Andrade.
Nunca
fomos colonizados, fizemos foi Balbúrdia anti-colonial.
Sady Bianchin
Ou a gente se Raoni
Ou a gente se Sting
Luis Turiba
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pedra pássaro poema
era uma vez um mangue
e por onde andará macunaíma
na sua carne no seu sangue
na medula no seu osso
será que ainda existe
algum vestígio de Macunaíma
na veia do seu pescoço?
na teoria dos mistérios
dos impérios dos passados
nas covas dos cemitérios
desse brasil desossado?
macunaíma não me engana
bebeu água do paraíba
nos porões dos satanazes
está nos corpos incinerados
na usina de cambaíba
em campos dos goytacazes
macunaíma não me engana
está nas carcaças desovadas
na praia de manguinhos
em são francisco do Itabapoana
Artur Kabrunco
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cor da
pele
áfrica sou: raiz & raça
orgia pagã na pele do poema
couro em chagas que me sangra
alma satã na carne de Ipanema
o negro na pele
é só pirraça
de branco
na cara do sistema
no fundo é amor
que dou de graça
dou mais do que moça
no cinema
Artur
Gomes
Suor & Cio
MVPB Edições – 1985
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on the road: tempespaço
Sei de sobra/ que nunca terei/ uma obra.
Sei enfim/ que nada sei/ de mim
Fernando Pessoa
o carro corre a tarde
pelo asfalto escorre
no alto as imbaúbas
acinzentam o mato
no horizonte o céu sobra
hoje agora ontem
infindo
pelo
retrovisor a estrada
o espaço atrás o tempo
vida vai se esvai indo
atrás do vento
o carro corre
a cada momento
o tempo escorre
lento o mundo espaço
passa passageiro
palmeiras
canaviais
eucaliptos
cafezais
tudo verde
e mato
e morro
e tudo o mais
tudo hoje
tudo ontem
noite-dia
aurora
tudo junto
aqui
e agora
o tempo escorre
lento o mundo espaço
passa passageiro
Ronaldo Werneck
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Fome é tema
de ensaio fotográfico
com ossos à venda em bandejas
come osso menina come osso menino
não há mais metafísica no mundo
do que comer osso
no açougue ou no mercado
osso de graça já foi dado
hoje é vendido hoje é comprado
come osso maria come osso mané
come osso joão com arroz e feijão quebrado
porque nesse país sem nome temos que comer osso
para matar a nossa fome
já podeis
da pátria, filho
ver demente
a mãe gentil
já raiou a liberdade
em cada cano de fuzil
salve lindo
fuzil que balança
entre as pernas
a(r)madas da paz
a
gripezinha
era a certeza esperança
de um genocida
imbecil incapaz
A vida
sempre em
suspense
alegria prova dos nove
fanatismo nã0 me convence
muito menos me comove
Navegar é
preciso
para Fernando Aguiar
Aqui redes em pânico
pescam esqueletos no mar
esquadras descobrimento
espinhas de peixe convento
cabrálias esperas
relento
escamas secas no prato
e um cheiro podre
no AR
caranguejos explodem
mangues em pólvora
é surreal a nossa realidade
tubarões famintos devoram cadáveres
em nossa sala de jantar
como levar o barco
em meio a essa tempestade
navegar é preciso
mas está dificilíssimo navegar
*
Deus não joga dados
mas a gente lança
sem nem mesmo saber
se alcança
o número que se quer
mas como me disse mallarmè
:
- vida não é lance de dedos
A vida é lança de dardos
Deus não arde no fogo
mas eu ardo
Artur Gomes
Pátria A(r)mada
Desconcertos Editora - 2022
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