TESSITURA
O canto do galo, solitário
como disse João Cabral
não inaugura o amanhã.
Há sempre um resquício de luz,
um facho que se avermelha, na madrugada, e lembra a Aurora
Proletaria.
Há também o frio nos ossos,
que denota a urgência
e, se tivermos sorte.
um vívido companheiro
solidário, de copo e de fratria, no Bar
e um poema, com o qual
se esbarra, na calçada
rubro de tantos versos
e do sono dos justos.
Tudo, nesta hora,
que tem a tonalidade
e o aroma da maçã.
cintila nos brilhos
sobre o mar.
Nunca se fará sozinho,
mas é um trabalho para muitas mãos
generosas
e almas baudelarianas,
bêbadas de vinho,
a tessitura da manhã.
Ricardo
Sant'anna Reis, em Maricá, abril 2024. 4h da madrugada.
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