sub/VERSÃO
só desfraldando
a bandeira tropicalha
é
que a gente avacalha
com as chaves dos mistérios
dessa terra tão servil
tirania sacanagem safadeza
tudo rima uma beleza
com a pátria/mãe que nus pariu
pátria
a(r)mada
só me queira assim caçado
mestiço vadio latino
leão feroz cão danada
perturbando o seu destino
e só me queira encapetado
profanando àqueles hinos
malando moleque safado
depravando os seus meninos
só me queria enfeitiçado
veloz macio felino
em pelo nu depravado
em sua cama sol a pino
e só me queira desalmado
cão algoz e assassino
duplamente descarado
quando escrevo e não assino
relatório
I
na sala ficaram cacos de pratos
espalhados pelo chão pedaços do corpo retidos entre o corredor
após o interrogatório um cheiro de pólvora e mijo misturados a dois ou três
dias sem banho depois de feito sexo
só o fogo da verdade exalando odor e raiva quando em verde
conspiravam contra nós
em são cristóvão o gasômetro vomitava um gás venoso nos pulmões
já cancerados nos quartéis da cavalaria
II
eu me lembro
o sentimento era náuseas nojo asco
quando as botas do carrasco
bateram nos meus ombros com os cascos
jamais me esqueci o nome do bandido escondido atrás dos tanques
e
se chamavam
dragões
da independência
e a gente ali na inocência
comendo estrumes
engolindo em seco as feridas provocadas por esporas
aguentando o coice o cuspe
e
a pópria ira
dos animais de fardas
batendo patas sobre nós
III
com a carne em postas sobre a mesa
o couro cru o coração em desespero
o sangue fluindo pelos poros pelos pelos
eu faço aqui
meditações sobre o presente
re cria ando
meu futuro
tentando só/erguer
as condições pra ser humano
visto que tornou-se urbano
e re par tiu
se
em mil pedaços
visto que do sobre-humano
restou cabeça pés e braços
pós:
ANT:PÓS
enquanto nós poetas
tentamos mostrar
a burguesia lá
do
alto
qual de nós
é
mais concreto
os profetas do planalto
vão fudendo o povo inteiro
com um pau
bem grosso e reto
- e a poesia?
continua não passando
de um simples objeto
Artur
Gomes
Couro Cru & Carne Viva
1987 – leia mais no blog
não vendo ilusões
diante
da miséria
que
assassina corações
Artur Gomes
Vampiro
Goytacá
leia
mais no blog
FRUSTRAÇÃO
De leve a vida perpassa
entre a lagartixa e a mosca
havia uma vidraça
Silvio Ribeiro de Castro
Impressões primeiras.
Santa global do pop, traz o legado do tempo, desde a quebra de paradigmas culturais e morais, nos oitenta; hoje, rainha do entretenimento, like Ivete (alguma rima boa para Ivete?).
Madona, dona má, ícone mass média do ocidente, mas bate a cabeleira mallarmeica, a lá Joelma.
Mundo comon sense, chato e recorrente.
Bailar
O caminhar sob a aragem
difuso qualquer
passo
A imobilidade
de um eterno retorno
de Zaratustra insábio, tonto prestes
a cair do arame.
A denuncia do que
é nulo, no esforço
de parar a guerra
de todos contra todos
obrigando ao contrato roussouniano,
averbado por um batalhão de enfants.
Se, por último, fossemos
dar
tais passos, desde
o céu, acima, no ar um bailado acrobático de pássaros
ausente qualquer
rede ou pano.
*
folha insólita
e seca
disposta sobre
a mesa posta
onde se lançam
os
dados da vida
dos comensais.
Diletos amigos
à proa.
a vela branca.
de Mallarmet.
Veios de arte
desde Ésquilo.
nos rostos
marcados.
nas nervuras
da folha branca,
objeto transacional,.
A vida é uma ilusão?
Ora, se não!
Ricardo Sant'Anna Reis
baixo copa
night´n´day
doris
dança dentro do dia-
noite
doris dança
doris day
sim
doris day by night
oh nua
lua
suja
de suor
doris
navega em vão
suas
nádegas
five
six
seven
eight
mulatas mulateiam suas bundas
cinco-seis-sete-oito
sob o som da lua
blue
moonlight
strass
stress
brilhuzindo
sobre doris
day sim
day
by night
só-só sob a
solidão
do spotlight
Boate Erótika/Rio,1982
clean/clown/click
para Marisa Alvarez Lima
clean
o olho de marisa
não vê
– analisa
clown
por trás
da câmera
o olho-espelho
compõe
cenas & personas
em superfícies
lisas
click
o olho-lente
flagra
num fragmomento vivo
o
flou
o fluir do lascivo
o tempo
por trás
de cada
máscara
chique
o olho-mago de marisa
clica
detém
&
detona
emoção
precisa
– fábrica de requintes
o
olho-câmera
clean
clown
click
enquadra
o avesso
vão
da vida
Ronaldo Werneck
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