quinta-feira, 16 de maio de 2024

múltiplas poéticas


genital

 

pasto no cosmo

a soja secular de Jardinópolis

onde os discos-voadores

sobrevoam meu nariz

na cara das metrópólis

 

no centro ao sul

os cemitérios

possuem mais mistérios

que a nossa vã filosofia

 

tem um animal de vagina espacial

na poesia

                     &

                     um grande pênis roxo

milenar

              feito aspiral em círculo

preparando imenso orgasmo

pra festejar o fim do século


overdose nu vermelho

 

retesar as cores

e os músculos

com os dedos agarrados no pincel

 

se faltar carne

pra roçar os óvulos

a gente jorra tinta no papel


magia

 

quando meto pés

em tuas matas

 

selvagem índio

pássaro animal

 

devasto céus sem ter limites

com poesia sobrenatural

 

tropicalirismo

 

girassóis pousando

nu teu corpo: festa

beija-flor seresta

         poesia fosse

 

esse sol que emana

do teu foto farto

lambuzando a uva

        de saliva doce

 

tropicalha

 

vendo a lua leviana

no império das bananas

 

papagaios periquitos

                   graviola

 

a fruta eu chupo morena

semente eu planto cigana

 

na selva pernambucana

nossa língua deita e rola

 

lençóes de renda

 

poderia abri teu corpo

com meus dentes

rasgar panos e sedas

 

com as unhas

arreganhar as tuas fendas

desatar todos os nós

 

da tua cama

arrancar os cobertores

rasgando as rendas dos lençóis

 

perpetuar a ferro e fogo

minhas marcas no teu útero

meus desejos imorais

 

mal/dizendo a hora soberana

com a força sobrehumana dos mortais

quando vens me oferecer migalha e fruto

como quem dá de comer aos animais

 

alucinações (in)terpoéticas

 

o que é que mora

em tua boca bia?

um deus um anjo

ou muitos dentes claros

como os olhos do diabo

e uma estrela como guia?

 

o que é que arde

em tua boca bia?

azeite sal pimenta e alho

résteas de cebola

carne krua do caralho

um cheiro azedo de cozinha

tua boca é como a minha?

 

o que é que pulsa

em tua boca bia?

mar de eternas ondas

que covardes não navegam

rios de águas sujas

 onde os peixes se apagam?

 

ou um fogo cada vez mais dante

como este em minha boca

de poeta/delirante

nesta noite cada vez mais dia

em que acendo os  meus infernos

                            em tua boca bia?

 

Artur Gomes

Couro Cru & Carne Viva – 1985

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https://arturgomesgumes.blogspot.com/


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