poética 44
na
pele dos teus dedos
Artur
Gomes
O
Poeta Enquanto Coisa
Editora
Penalux – 2020
https:// https://fulinaimacarnavalhagumes.blogspot.com/.blogspot.com/
a traição das metáforas
pássaro sem teto acima do delírio
coração de porco crava no oco da noite
a faca cega punhas de cinco estrelas
na constelação do cão maior
sob as pedras a água escorre
cada vez mais longe de mim
as vezes pergunto sim
as vezes respondo não
qual o sentido da folha
despetalada no chão?
áfrica sou raíz & raça
orgia pagã na pele do poema
um feixe de luz
contra a parede das ruínas
nos seios deste terra eu vi
projeto foto poesia
FULINAÍMA MultiProjetos
Artur Gomes - poesia fotografia
portalfulinaima@gmail.com
(22)99815-1268 - WhatSaap
http://arturfulinaima.blogspot.com.br/2016/07/a-traicao-das-metaforas.html
o que vem do mar
os búzios não mentem jamais
no que vem do mar além de mim
em seus mistérios muito mais
o que vem do mar é salgado
o que vem do mar é sagrado
o que vem do mar eu não vendo
o que vem do mar não revendo
o que vem do mar eu não falo
o que vem do mar não empresto
o que vem do mar é meu falo
posso jurar que não presto
o que vem do mar que já fui
o que vem do mar o que sou
o que vem do mar me reflui
o que vem do mar eu te dou
Federika Lispector
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uma cidade sem memória não é uma cidade
Federico Baudelaire
Em Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim
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com os dentes cravados na memória
Amanhã 30/08 - 2024 – é Nós em nome da Poesia dos cachorros loucos
nasci em agosto
a contragosto
pai não me disse
mãe também
o preço da vida
o remédio pra ferida
o custo em cada missa
pra dizer amém
Artur Gomes
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Irina ontem me perguntou se eu estava bem. Em relação a segunda sim, acho que o ofício de poeta me refaz. Enquanto isso Irina vem e vai como uma rima levada pelo vento sem tempo de captar
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Mais perguntas chegando sobre o livro Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim. Desta vez da minha querida amiga Eugenia Henriques e me remetem outras possíveis facetas do Vampiro que eu mesmo não tinha ainda atentado pra elas. Como o livro é escrito por 12 personagens a resposta para Eugenia pode ser verdadeiramente positiva, ou pelo menos estar presente nas entrelinhas das metáforas.
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Apesar da saúde da máquina corporal meio baqueada vamos chegando aos 7.6. Com 51 deles dedicados a poesia, jornada iniciada em 1973 com o lançamento do livro Um Instante No Meu Cérebro, livro com poemas dedicados aos ídolos musicais da época e a máquina linotipo, na Oficina de Artes Gráficas da Escola Técnica Federal de Campos, onde trabalhei de 1968 a 1985.
Ofício de Poeta
franzir a noite
é o mesmo que bordar o dia
costuro o tempo
com linha de pescar
moinhos de vento
entre o franzir e o bordado
escrevo um desenredo
e vou foto.grafando
filmando poesia
na solidão dos meus brinquedos
Artur Gomes
O Homem Com A Flor Na Boca
Editora Penalux - 2023
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fotografia
meu olho gótico TVendo
em mar de fogo e maresia
Artur Gomes
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foto grafia
na veia
netuno perdeu seu sapato
na areia
Artur Gomes
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fotografia
a arte de transformar o tempo
em poesia
Artur Gomes
Foto: may pasquetti
Congresso Brasileiro de Poesia
Bento Gonçalves-RS -outubro 2015 leia mais no blog
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"O Homem com a Flor na
Boca" é uma coletânea de poesias que captura a essência
da experiência humana através de uma linguagem poética marcante. Escrito pelo
talentoso autor Artur Gomes @fulinaima , o livro explora temas universais cativando o leitor com sua
sensibilidade e profundidade. As poesias refletem uma jornada emocional
envolvente, onde cada verso é uma janela para o coração e a mente do autor,
convidando o leitor a se perder nas palavras e encontrar significado em cada
linha. Com uma mistura de imagens vívidas, metáforas evocativas e uma linguagem
única, "O Homem com a Flor na Boca" é uma obra que ressoa com todos
aqueles que buscam conexão e compreensão no mundo ao seu redor.
Simone
Bacelar
fulinaíma sax blues poesia
ela era Bruna
em noite de blues rasgado
soltou a voz feito Joplin
num canto desesperado
por ser primeiro de abril
aquele dia marcado
a voz rasgou a garganta
da santa loucura santa
com tanta força no canto
que até hoje me lembro
daquela musa na sala
com tua boca do inferno
beijando meus dentes na fala
Artur Gomes
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LINGUAGEM
eis o
amor
flor
enjaulada
pedra
em sua textura
forjada
palavra
cítrica
que
lodo
em
enganos se expira
sede
de sal
em
suas linhas
rio
sem peixes
em seu
escamoso
enfeite
folha
da folha
que
dos ramos
se
descola
e
enredo
se faz
pluma
peso e
avesso
mais
que água
poço
mais
que poço
fundo
mais
que fundo
frio
mais
que frio
medo
eis o
amor
tiro
que cala
e
sintaxe
mata
ao que dispara
mais
pássaro que voo
mais
telhado que teto
mais
rede que sombra
mais
crinas que cavalos
mais
galos que auroras
mais
fome que romãs
mais
pomar que amoras
eis o
amor
íntimo
áspero
devoto
missa
de remorsos
ressoa
em sua
solidão
de ossos
Tanussi Cardoso
de Exercício do Olhar, Editora Fivestar, 2006
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AGOSTO A CONTRAGOSTO
O tempo risca na face
Um custo de certo imposto
Pois lento nos dá um susto
Eis que nasce um novo agosto
Nos traços deste destino
E visto o que está posto
Resta viver uma sina
Às vezes a contragosto
Dias semanas e meses
Somam talvez um desgosto
Os anos na luz do espelho
Que hoje assinam o seu rosto
Tchello d’Barros
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Juras secretas de um trovador contemporâneo
por Adriano Moura
“Só uma palavra me devora / Aquela que meu coração
não diz”.
Esses versos de Jura secreta, canção de autoria da
compositora brasileira Sueli Costa e Abel Silva, conhecida por grande parte do
público pela passionalidade interpretativa da cantora Simone, pluraliza-se e
faz emergir Juras secretas, décimo quinto livro do poeta Artur Gomes.
Não que haja intertextualidade explícita entre a
canção e os poemas do livro, mas denota o intertexto como uma das principais
marcas do poeta, recurso presente em seus livros anteriores.
Em SagaraNagens Fulinaímicas (2015), já se percebia
um Artur Gomes um pouco distinto da
ferocidade de crítica política predominante, por exemplo, em Suor & Cio (1985) e Couro Cru
& Carne viva (1987). Em Juras
secretas, o poeta assume de vez sua faceta lírica, e é essa que pontua as cem
“juras” que preenchem o miolo do livro.
Jura secreta 45
por enquanto
vou te amar assim em segredo
como se o sagrado fosse
o maior dos pecados originais
e minha língua fosse
só furor dos canibais
E é com furor canibalesco que se nota, na tessitura
poética de muitos versos, o poeta que se dedica também à leitura da literatura
e de outras artes. Antropofágico, herdeiro de Oswald Andrade e do Tropicalismo,
a língua do poeta devora tudo que o coração não diz para permitir que a poesia
o diga.
Hilda Hilst, Portinari, Glauber Rocha, são signos
que denotam o repertório de um leitor-espectador de várias linguagens e que não
esconde essas influências. Porém sua poesia não é enciclopédica. As alusões
promovem efeitos sonoros e imagéticos que contribuem para o desenvolvimento de
uma estilística pessoal e funcional.
Jura secreta 13
quantas marés endoidecemos
e aramaico permaneço doido e lírico
em tudo mais que me negasse
flor de lótus flor de cactos flor de lírios
ou mesmo sexo sendo flor ou faca fosse
Hilda Hilst quando então se me amasse
ardendo em nós salgado mar e Olga risse
olhando em nós flechas de fogo se existisse
por onde quer que eu te cantasse ou Amavisse
Artur Gomes é um dos poucos poetas que mantém viva a tradição
da oralidade. Participa de vários encontros Brasil afora recitando seus versos
como um trovador contemporâneo. Nota-se, na estrutura musical de sua poesia e
nas imagens que cria, uma obra que se materializa por completo quando dita em
voz alta. Mas mesmo no silêncio do quarto, da sala, da praia ou no barulho do
carro, trem ou metrô; a poesia de Juras secretas oferece viagens estéticas aos
que sabem que a poesia não está morta como andam pregando por aí.
Jura secreta 43
com os seus dentes de concreto
São Paulo é quem me devora
e selvagem devolvo a dentada
na carne da rua Aurora
Adriano Carlos Moura
Mestre em Cognição e Linguagem (Uenf).
Professor de Literatura do IFF –
Doutor em Letras, na Universidade Federal de Juiz
de Fora-MG – poeta e dramaturgo
no porão da casa onde aprendi a enxergar clara/luz na
escuridão quando seus olhos de vidro viraram espelhos para os meus numa
madrugada 27 agosto 1948 datas também me acompanham desde que vi o
primeiro clarão diurno quando o trem passou para dores de macabu quando estive na bolívia senti o cheiro de corumbá ali de perto em
assunção do paraguai porto viejo canavarro o barro vermelho no carnaval pelas
fronteiras cerveja com caldo de piranha a dona de um bordel no pantanal
chamava os jacarés com nomes de jogadores de futebol quando perdi o avião pra
boa vista
Artur Gomes
Do inédito: Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim
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Fé no Evoé: Confissões dionisíacas
na poética e política de
Artur Gomes
Igor Fagundes *
Depois das excitadas e excitantes Juras
secretas, de 2018, o poeta e artista multimídia Artur Gomes volta
a tornar pública sua jura de amor e fidelidade ao arcaico deus Dionísio
em O poeta enquanto coisa, de 2020, incorporando as ébrias forças
de Baco sob novos goles e ritos, tão poéticos quanto políticos, numa
contemporaneidade que avança em lama e vertigem e, assim, exige a potência do
mítico da palavra corpórea e originária.
Comparece ao ethos deste livro a
mesma embriaguez fulinaímica de sempre: a que toma, mediante o
delírio atento frente aos passos obtusos do ser e estar das gentes, cada
palavra como taça, vinho tinto e uma tinta capaz de, em contrapartida, rogar
lúcida a passagem dilacerada do humano pelas páginas turvas do mundo.
Fragmento do prefácio do livro O Poeta Enquanto Coisa –
Editora Penalux 2020
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*
Experimentar o Esperimental - Wally Salomão
lendo Babel 1 org. Ademir Demarchi - para Oficina de Poesia Falada - segundas das 18 às 20h na Academia Campista de Letras - quintas no grupo da Oficina no zap - criação e direção: Artur Gomes - Realização: Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima - Prefeitura de Campos dos Goytacazes-RJ
*
Lendo
mais uma vez CATACLÍSMICA de Tchello d'Barros
para
Oficina de Poesia Falada - escrita criativa - criação e interpretação
Dia
27 maio das 18 às 20h
Local:
Academia Campista de Letras
as
quintas-feiras - no grupo da Oficina no Zap
criação
& direção: Artur Gomes
realização:
Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima
Prefeitura
de Campos dos Goytacazes-RJ
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Mostra Visual De Poesia Brasileira
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Tchello d´Barros entrevista Artur Gomes
Tchello d'Barros é um catarinense radicado no Rio de Janeiro, que
dedica-se desde 1993 às linguagens de Literatura, Artes Visuais e Audiovisual.
Graduado em Comunicação Social, cursa mestrado na UFRJ, atuando
profissionalmente como curador, roteirista e produtor cultural. Com 10 livros
publicados e textos em uma centena de antologias e didáticos, suas obras
visuais já integraram mais de 200 exposições nos 20 países que percorreu em
constantes atividades artísticas. Eventualmente ministra oficinas, palestras e
diversas atividades culturais no Brasil e exterior. A Poesia Experimental em
seu amplo arco temático e conceitual é objeto de sua pesquisa no mestrado em
Artes da Cena, que desenvolve no PPGAC da ECO/UFRJ. O fenômeno poético em sua
amplitude é investigado nas perspectivas da Poesia Visual, Escrita Assêmica e
Videoarte.
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56
*
Ainda me faltam alguns anos, amor,
Para que eu me torne um velho.
Não são muitos,
mas me restam alguns.
Fique ouvindo baixo
música clássica
como é do seu feitio,
Que a mim
Ainda crispa
os pelos do braço
Um estrondoso
Riff de guitarra.
Eu sei que a você, que já me ajudou
A virar copos taças e tulipas,
Agora bastam alguns dedos
De pinot-noir
Para dormir antes das dez
E cumprir a finalidade melancólica
de nossa burocrática cama
Nos últimos tempos.
Mas a mim ainda restam alguns anos, amor,
E, segundo os exames,
Uns bons níveis de testosterona,
Levando-se em conta a idade.
Ainda faltam alguns anos
Para eu ficar velho,
E não duvide,
sou bem capaz de aguentar
Uma noite ao som do soul.
Então me deixe aqui
Com minha playlist
Que pode durar até às três,
Junto com essa garrafa inteira
E quem sabe mais alguns goles
quando ela acabar.
Ficarei ao menos até que os ponteiros
Se encontrem no topo
E o sono me venha feito
Um longo e lento
Solo de blues.
Porque ainda me restam
Alguns anos, amor,
Para a velhice
E eu não quero
Estar morto
Antes de morrer.
*
André Giusti, 2024
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BalburdianiaMente
Wally Salomão muito bem já me dizia: experimentar o
experimental
- o brazyl é uma tragédia norte sul geral :
metaforicamente
braziliricamente
fulinaimicamente
sagarinicamente
balburdianaMente
verdadeiramente
o desmatamento no rio grande mata
em são paulo a PM por ordem do governador espanca
estudantes na assembleia legislativa que se manifestavam contra a criação de
escolas cívico-militares e os deputados neonazistas aprovam a lei para
instaurar no estado essas escolas para uma ditadura escancarada
no rio de janeiro de forma cinicamente deslavada o
TRE absolve a corrupção - diante disso só me resta uma sentença do Salgado Maranhão
(EuGênio
Mallarmè)
As Flores Do
Bem-Quer
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SENTENÇA
faz muito tempo que eu venho
nos currais deste comício,
dando mingau de farinha
pra mesma dor que me alinha
ao lamaçal do hospício.
e quem me cansa as canelas
é que me rouba a cadeira,
eu sou quem pula a traseira
e ainda paga a passagem,
eu sou um número ímpar
só pra sobrar na contagem.
por outro lado, em meu corpo,
há uma parte que insiste,
feito um caju que apodrece
mas a castanha resiste,
eu tenho os olhos na espreita
e os bolsos cheios de pedras,
eu sou quem não se conforma
com a sentença ou desfeita,
eu sou quem bagunça a norma,
eu sou quem morre e não deita.
Salgado Maranhão
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AR
Dedicado
ao poeta Afonso Felix de Sousa, em memória
poema
é raiz
que
em silêncio cresce
sopro
sem nenhum alarde
como
se o ar para existir
precisasse
da absoluta urgência da tarde
poema
é fome
que
a pedra arranha
na
lâmina que dita o corte
como
se a vida para existir
precisasse
da absoluta urgência da morte
poema
é feito novelo
olho
noturno
desterro
como
se a sombra para existir
precisasse
da absoluta urgência do espelho
poema
é susto
risco
de rio lento
como
se o poeta para existir
se
dissolvesse no vento
(Tanussi
Cardoso: em A medida do deserto, dentro da coletânea Rios, Ibis
Libris, 2003)
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Eu queria tornar a língua molhada.
Fazer a palavra retornar pra boca.
É a língua da boca que fala a língua.
Palavra vem molhada de saliva.
Viviane
Mosé
do livro desato
(Carlos Drummond de Andrade)
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode,
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
(Carlos Drummond de
Andrade)
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Mostra Visual De Poesia Brasileira
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soberba
a noite longa
por entre os
paralelepípedos
e Jaguarão
se espreme entre
a ponte e o cerro
passo a passo
o olhar adensa
no delito da espera
na podridão da
virtude
um galo geme
e o dia amanhece
Lau
Siqueira
In o inventário do pêssego
CASA VERDE – Porto Alegre-RS – 2020
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Mostra Visual De Poesia Brasileira
da
nascente a foz : um rio de palavras
poema em
construção
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corpo físico espírito
luta corporal formigueiro
salgueiro mangueira portela
escola samba música refavela
lapa cinelândia santo cristo
copacabana ipanema leblon
corcovado redentor são
conrado
ponte niterói baia guanabara
estágio vertigem
alquimia
teatro cinema poesia
jiddu tchello tanussi turiba
telma monica eugenia margarida
angel ricardo ingrid alice
ademir cesar claudinei
gil cetano gal cássia eller
dalila jurema zhôo carolina
adriano joilson alexandre
largo machado glória
catete castelo ocinei
lembranças estados memória
karla gigi mocidade
federika ouro preto vila rica
adriana sady marcela
américa avelima gillioli
fábio simone krihsnamurt
tonho tenório admilson
hamilton florianópolis curitiba
rio mar maresia
barco navio travessia
veredas sagarana ortografia
gramática livro disco harmonia
escrita cidade fotografia
igor dança pensamento
objeto predicado complemento
finalidade velocidade sagaranazes
campos cacomanga coytacazes
vampiro tupiniquim fechamento
reubes fulinaíma ribeiro
frevo xaxado coco pandeiro
torquato geleia leminski
carne sangue fogo pano palha
baudelaire mallarmè
kandisnki
oiticica neville tropicalha
poema portifólio carnavalha
sexo amor virgindade
companheira companheiro virilidade
sarcasmo ironia castidade
padre pátria papa santuário
pornofonia pornografia
santidade
eros dionísio zeus apolo
vênus afrodite áfrica grécia
antropologia mitologia anarquismo
hipismo modernismo olimpia
mil novecentos cinquenta sete
quando ainda pivete
estética seca folha didi
classificação mundial campeonato
futebol gol que só eu vi
cores nomes pronome objeto predicado
tribo indígena capixaba
curumim
aldeia goya tacá amopi
serafina severina serafim
filipe flora sofia isadora
arara iara dandara amora
marina brumadinho minas
mariana isabela irina
nascente foz correnteza
paraíba ceará fortaleza
sergipe piauí pernambuco
eunuco salvador garanhão
acre maranhão tocantins
amazonas pará parintins
pulga percevejo carrapato
rosa dália margarida alecrim
borboleta alfazema
bem-me-quer
relâmpagos ventania trovoadas
cata-vento rodamoinho tempestade
sussuarana suassuna surubim
sabará itabira querubim
caipora canadá quixeramobim
andorinha passarada piedade
jardim zoológico tom jobim
drummond carlos andrade
gravata gravura gravataí
porta porteira paraty
pintura prateleira paraquedas
pérola parnaíba piabanha
parnaso paraíso piranha
quixaba quixadá oriticum
picanha paraopeba ocurum
ouvido
orelha artemanha
cosme
damião doum
marajá
maracujá murundum
travessão
conselheiro vila nova
olinda
recife garanhuns
tapera
ururaí guandu
goiaba
graviola guaiamum
bomucado
bracutaia brucutu
curupira
caranguejo caramurú
almandrade
ilha bela paracatu
germina
girafa girassol
arquitetura
arquiteto armorial
fogo farra
festa futebol
vassourinha
frevo carnaval
bola búlica
boleto
bárbara bruna
polleto
passeio
passeata passarelli
manifesto
martinália marielle
tamanduá tremembé tucuruvi
antônio roberto góis cavalcanti kapi
porque hoje é sábado
há um traficante de armas
travestido de deputado
porque hoje é sábado
há um jesus no asfalto esquartejado
porque hoje é sábado
há um deus negro
no quartel ensanguentado
porque hoje é sábado
há um bordel na praça dos 3 poderes
no planalto disfarçado
porque hoje é sábado
há um lance livre
na quitanda do mercado
porque hoje é sábado
há um beijo na boca
do amor desesperado
porque hoje é sábado
há um bacanal no barraco
do templo alado
porque hoje é sábado
na casa dos fundos dormem
as cafetinas do senado
porque hoje é sábado
Artur Gomes
poema em construção
fotografia
um grito parado no Ar
a arte de colocar azul
onde não há
um olhar ligeiro
na hora de enxergar o meio
e querer inteiro
Artur Gomes
fotografia feita na praia de Guaxindiba - São Francisco de Itabapoana-RJ - 5 maio – 2018
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coração
de galinha
não sou tigresa
em tua cama
nem caviar em tua mesa
não sou mulher de fama
muito embora sempre tesa
não vim da boca do lixo
saí da pele do ovo
meu coração de galinha
virou orgasmo do povo
Artur
Gomes
Vampiro Goytacá
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carioca
transa
o sol Copacabana
num
domingo da semana
depois
das Dunas do Barato
ouvindo
um disco da Gal
convida
Marisa Mym Mesma
para
as Pimentas do Reino
no
altar do Reino de Zeus
depois
uma noite na Lapa
como
sempre a cara a tapa
até
espantar fariseus
encontrar
no Amarelinho
poetas veraCidade
que
não matam em nome de Deus
Artur Gomes
Do
livro O Poeta Enquanto Coisa
Editora
Penalux – 2010
Prefácio
Igor Fagundes
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A liberdade de expressão,
é a condição do ser agregário.
A minha liberdade, só faz
a sua razão, na coletividade.
Paz, pão e poesia.
Seja o que consumamos, nós, poetas e povo, artífices das
palavras, construtores de um mundo novo.
Ricardo Santanna Reis
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Balburdia PoÉtica
O NASCIMENTO DO
AMOR
“Há mais amor debaixo de tuas
unhas
do que em toda terra lavrada.”
Thereza Christina Rocque da Motta,
fragmento de “Mais Amor”, em Folias
*
Não é das flores
crescendo em teus cabelos
nem das noites
dos teus lençóis gemidos
nem do cheiro de
rosa dos teus pelos…
Não é do sorriso
sonso do teu umbigo
nem da língua
que salga teus temperos
nem dos rios
jorrando dos teus líquidos…
Não é dos gomos
suados do teu sexo
ou do afogar nas
matas do teu ventre
nem do espelho
sonhando o teu reflexo
ou das estrelas
que brilham nos teus dentes…
Não é do gosto
do teu beijo de cravo
ou das tuas
coxas a arder feito cacto
nem da languidez
dos teus braços lassos
ou da tua voz de
onde voam pássaros…
É
quando tu acordas a manhã com teus olhos claros
que
a vida entende todo o seu mistério mágico
e
o amor se faz imenso sob o seu manto raro…
(Tanussi Cardoso)
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https://arturgumes.blogspot.com/Que você coloca no rio
Para atrair as piranhas
Enquanto a boiada passa
Paulo Leminski
*
37 anos
sem os olhos azuis do meu príncipe.
poema sem-vergonha
[sil guimarães]
quando nasci um anjo gaiato
desses que andam perdidos na vida
cochichou segredos ao meu ouvido e disse: vai!
todo sábado tem sol
todo domingo tem missa
toda segunda tem preguiça
todo dia tenho saudade
meus olhos são verdes porque era o destino deles:
com o tempo ficaram cruéis e traiçoeiros.
pra que tantos olhos respondem minhas pernas cansadas
porém minha alma
não pergunta nada
matilde míope atrás das lentes
carimba grampeia e despacha
fala mais do que pobre na chuva
sonha em ganhar na loteria
30 anos atrás das lentes e do balcão da repartição
deus me fez forte pra poder tropeçar
mas não me contou por que a melancia
tem tanto caroço
mundo mundo mais pequeno
se eu me chamasse marieta
seria uma bela rima e só
mundo mundo mais pequeno,
meu coração um grão de milho
eu fui. e vou te dizer:
poeta é quem
atira pedra na lua
e depois vai buscar
[1990]
reformar recriar revisitar
ontem fiz uma postagem sobre os 7 anos da perda de Belchior para a cena cultural do país. Assisti no Canal Brasil o programa sobre a trilogia re de Gilberto Gil, com foco sobre os discos: Refazenda, Refavela, Realce, onde ele fala da necessidade de reformar recriar revisitar.
https://www.youtube.com/watch?v=K3d_9TkZkcU
E no Roda Viva retrô de 1991, Gil é entrevistado por um grupo de jornalistas, que dialogam sobre as questões verdes, no meio ambiente, e suas visões políticas holísticas, cosmopolitas.
https://www.youtube.com/watch?v=M93WYLtuwSo
Hoje vi em um dos meus grupos no zap o comentário do Luis Turiba:
“Viva Belchior
Porque hoje é sábado”
E me remete ao emblemático poema de Vinícius de Moraes que invadiu os palcos do Brasil lá pelos idos dos anos 70. Revisitar este poema e recriá-lo é um dos meus desafios do momento.
Artur Gomes
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Da Nascente A Foz : Um Rio De Palavras
ela não era apenas
carne para a fome
do desejo
ela era o próprio desejo
da fome
estampada em letras grandes
na foto grafia do teu nome
Artur Gomes
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