sábado, 17 de agosto de 2024

danascente a foz um rio de palavras

poética 44

 

na pedra do sossego
eu me abstenho


na pedra do sossego
eu me abstrato


na argamassa dos teus olhos
me preservo

 

na pele dos teus dedos

meu barato


nos mamilos dos teus seios
me concreto


no cio do teu corpo
eu me retrato

 

Artur Gomes

O Poeta Enquanto Coisa

Editora Penalux – 2020

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a traição das metáforas

 

pássaro sem teto acima do delírio

coração de porco crava no oco da noite

a faca cega punhas de cinco estrelas

na constelação do cão maior

 

sob as pedras a água escorre

cada vez mais longe de mim

 

as vezes pergunto sim

as vezes respondo não

qual o sentido da folha

despetalada no chão?

 

áfrica sou raíz & raça

orgia pagã na pele do poema

 

um feixe de luz

contra a parede das ruínas

nos  seios deste terra eu vi

 

 

 

projeto foto poesia

FULINAÍMA MultiProjetos

Artur Gomes - poesia fotografia

portalfulinaima@gmail.com

(22)99815-1268 - WhatSaap

http://arturfulinaima.blogspot.com.br/2016/07/a-traicao-das-metaforas.html

o que vem do mar

 

os búzios não mentem jamais

no que vem do mar além de mim

em seus mistérios muito mais

o que vem do mar é salgado

o que vem do mar é sagrado

o que vem do mar eu não vendo

o que vem do mar não revendo

o que vem do mar eu não falo

o que vem do mar não empresto

o que vem do mar é meu falo

posso jurar que não presto

o que vem do mar que já fui

o que vem do mar o que sou

o que vem do mar me reflui

o que vem do mar eu te dou

 

Federika Lispector

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uma cidade sem memória não é uma cidade

 

Federico Baudelaire

Em Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim

 

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com os dentes cravados na memória

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Amanhã 30/08 -  2024 – é Nós em nome da Poesia dos cachorros loucos

 

nasci em agosto

a contragosto

pai não me disse

       mãe também

o preço da vida

o remédio pra ferida

o custo em cada missa

           pra dizer amém

 

Artur Gomes

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Irina ontem me perguntou se eu estava bem. Em relação a segunda sim, acho que o ofício de poeta me refaz. Enquanto isso Irina vem e vai como uma rima levada pelo vento sem tempo de captar 

 

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Mais perguntas chegando sobre o livro Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim. Desta vez da minha querida amiga Eugenia Henriques e me remetem outras possíveis facetas do Vampiro que eu mesmo não tinha ainda atentado pra elas.  Como o livro é escrito por 12 personagens a resposta para Eugenia pode ser verdadeiramente positiva, ou pelo menos estar presente nas entrelinhas das metáforas.

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Apesar da saúde da máquina corporal meio baqueada vamos chegando aos 7.6. Com 51 deles dedicados a poesia, jornada iniciada em 1973 com o lançamento do livro Um Instante No Meu Cérebro, livro com poemas dedicados aos ídolos musicais da época e a máquina linotipo, na Oficina de Artes Gráficas da Escola Técnica Federal de Campos, onde trabalhei de 1968 a 1985.

 

Ofício de Poeta

 

franzir a noite

é o mesmo que bordar o dia

costuro o tempo

com linha de pescar

moinhos de vento

entre o franzir e o bordado

escrevo um desenredo

e vou foto.grafando

filmando poesia

na solidão dos meus brinquedos

 

Artur Gomes

O Homem Com A Flor Na Boca

Editora Penalux - 2023

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fotografia

meu olho gótico TVendo
em mar de fogo e maresia

 

Artur Gomes

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foto grafia

na veia
netuno perdeu seu sapato
na areia

 

Artur Gomes

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fotografia

 

a arte de transformar o tempo

                                  em  poesia

 

Artur Gomes

Foto: may pasquetti

Congresso Brasileiro de Poesia

Bento Gonçalves-RS -outubro 2015  leia mais no blog

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*

"O Homem com a Flor na Boca" é uma coletânea de poesias que captura a essência da experiência humana através de uma linguagem poética marcante. Escrito pelo talentoso autor Artur Gomes @fulinaima , o livro explora temas universais cativando o leitor com sua sensibilidade e profundidade. As poesias refletem uma jornada emocional envolvente, onde cada verso é uma janela para o coração e a mente do autor, convidando o leitor a se perder nas palavras e encontrar significado em cada linha. Com uma mistura de imagens vívidas, metáforas evocativas e uma linguagem única, "O Homem com a Flor na Boca" é uma obra que ressoa com todos aqueles que buscam conexão e compreensão no mundo ao seu redor.

 

Simone Bacelar

 fulinaíma sax blues poesia

 

                     ela era Bruna

em noite de blues rasgado

soltou a voz feito Joplin

num canto desesperado

por ser primeiro de abril

aquele dia marcado

 

a voz rasgou a garganta

da santa loucura santa

com tanta força no canto

que até hoje me lembro

daquela musa na sala

 

com tua boca do inferno

beijando meus dentes na fala

 

Artur Gomes

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LINGUAGEM


eis o amor

flor enjaulada

pedra em sua textura

forjada

palavra cítrica

que lodo

em enganos se expira

sede

de sal

em suas linhas

rio sem peixes

em seu escamoso

enfeite

folha da folha

que dos ramos

se descola

e enredo

se faz pluma

peso e avesso

mais que água

poço

mais que poço

fundo

mais que fundo

frio

mais que frio

medo

eis o amor

tiro que cala

e sintaxe

mata ao que dispara

mais pássaro que voo

mais telhado que teto

mais rede que sombra

mais crinas que cavalos

mais galos que auroras

mais fome que romãs

mais pomar que amoras

eis o amor

íntimo

áspero

                                                     devoto

missa de remorsos

ressoa em sua

solidão de ossos

 

 Tanussi Cardoso

de Exercício do Olhar, Editora Fivestar, 2006

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AGOSTO A CONTRAGOSTO

 

O tempo risca na face 

Um custo de certo imposto 

Pois lento nos dá um susto 

Eis que nasce um novo agosto 

 

Nos traços deste destino 

E visto o que está posto 

Resta viver uma sina 

Às vezes a contragosto 

 

Dias semanas e meses 

Somam talvez um desgosto 

Os anos na luz do espelho 

Que hoje assinam o seu rosto

 

Tchello d’Barros

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Juras secretas de um trovador contemporâneo

 

por Adriano Moura

 

“Só uma palavra me devora / Aquela que meu coração não diz”.

 

Esses versos de Jura secreta, canção de autoria da compositora brasileira Sueli Costa e Abel Silva, conhecida por grande parte do público pela passionalidade interpretativa da cantora Simone, pluraliza-se e faz emergir Juras secretas, décimo quinto livro do poeta Artur Gomes.

 

Não que haja intertextualidade explícita entre a canção e os poemas do livro, mas denota o intertexto como uma das principais marcas do poeta, recurso presente em seus livros anteriores.

 

Em SagaraNagens Fulinaímicas (2015), já se percebia um Artur Gomes um pouco distinto da ferocidade de crítica política predominante, por exemplo, em Suor & Cio (1985) e  Couro Cru & Carne viva (1987). Em Juras secretas, o poeta assume de vez sua faceta lírica, e é essa que pontua as cem “juras” que preenchem o miolo do livro.

 

Jura secreta 45

 

por enquanto

vou te amar assim em segredo

como se o sagrado fosse

o maior dos pecados originais

e minha língua fosse

só furor dos canibais

 

E é com furor canibalesco que se nota, na tessitura poética de muitos versos, o poeta que se dedica também à leitura da literatura e de outras artes. Antropofágico, herdeiro de Oswald Andrade e do Tropicalismo, a língua do poeta devora tudo que o coração não diz para permitir que a poesia o diga.

 

Hilda Hilst, Portinari, Glauber Rocha, são signos que denotam o repertório de um leitor-espectador de várias linguagens e que não esconde essas influências. Porém sua poesia não é enciclopédica. As alusões promovem efeitos sonoros e imagéticos que contribuem para o desenvolvimento de uma estilística pessoal e funcional.

 

Jura secreta 13

 

quantas marés endoidecemos

e aramaico permaneço doido e lírico

em tudo mais que me negasse

flor de lótus flor de cactos flor de lírios

ou mesmo sexo sendo flor ou faca fosse

Hilda Hilst quando então se me amasse

ardendo em nós salgado mar e Olga risse

olhando em nós flechas de fogo se existisse

por onde quer que eu te cantasse ou Amavisse

 

Artur Gomes é um dos poucos poetas que mantém viva a tradição da oralidade. Participa de vários encontros Brasil afora recitando seus versos como um trovador contemporâneo. Nota-se, na estrutura musical de sua poesia e nas imagens que cria, uma obra que se materializa por completo quando dita em voz alta. Mas mesmo no silêncio do quarto, da sala, da praia ou no barulho do carro, trem ou metrô; a poesia de Juras secretas oferece viagens estéticas aos que sabem que a poesia não está morta como andam pregando por aí.

 

Jura secreta 43

 

com os seus dentes de concreto

São Paulo é quem me devora

e selvagem devolvo a dentada

na carne da rua Aurora

 

Adriano Carlos Moura

Mestre em Cognição e Linguagem (Uenf).

Professor de Literatura do IFF –

Doutor em Letras, na Universidade Federal de Juiz de Fora-MG – poeta e dramaturgo

 



Vampiro Goytacá

 

no porão da casa onde aprendi a enxergar   clara/luz na escuridão quando   seus olhos de vidro   viraram espelhos para os meus numa madrugada  27 agosto  1948 datas também me acompanham desde que vi o primeiro clarão diurno quando o trem passou para dores de macabu  quando estive na bolívia senti o cheiro de corumbá ali de perto em assunção do paraguai porto viejo canavarro o barro vermelho no carnaval pelas fronteiras cerveja com caldo de piranha  a dona de um bordel no pantanal chamava os jacarés com nomes de jogadores de futebol quando perdi o avião pra boa vista

 

Artur Gomes

Do inédito: Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim

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Fé no Evoé: Confissões dionisíacas na poética e política de 

Artur Gomes

 Igor Fagundes *

 Depois das excitadas e excitantes Juras secretas, de 2018, o poeta e artista multimídia Artur Gomes volta a tornar pública sua jura de amor e fidelidade ao arcaico deus Dionísio em O poeta enquanto coisa, de 2020, incorporando as ébrias forças de Baco sob novos goles e ritos, tão poéticos quanto políticos, numa contemporaneidade que avança em lama e vertigem e, assim, exige a potência do mítico da palavra corpórea e originária. 

Comparece ao ethos deste livro a mesma embriaguez fulinaímica de sempre: a que toma, mediante o delírio atento frente aos passos obtusos do ser e estar das gentes, cada palavra como taça, vinho tinto e uma tinta capaz de, em contrapartida, rogar lúcida a passagem dilacerada do humano pelas páginas turvas do mundo. 

 

Fragmento do prefácio do livro O Poeta Enquanto Coisa – Editora Penalux 2020

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*

Experimentar o Esperimental - Wally Salomão

 lendo Babel 1 org. Ademir Demarchi - para Oficina de Poesia Falada - segundas das 18 às 20h na Academia Campista de Letras - quintas no grupo da Oficina no zap - criação e direção: Artur Gomes - Realização: Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima - Prefeitura de Campos dos Goytacazes-RJ

Lendo mais uma vez CATACLÍSMICA de Tchello d'Barros

para Oficina de Poesia Falada - escrita criativa - criação e interpretação

Dia 27 maio das 18 às 20h

Local: Academia Campista de Letras

as quintas-feiras - no grupo da Oficina no Zap

criação & direção: Artur Gomes

realização: Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima

Prefeitura de Campos dos Goytacazes-RJ

 

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Mostra Visual De Poesia Brasileira

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Tchello d´Barros entrevista Artur Gomes

Tchello d'Barros é um catarinense radicado no Rio de Janeiro, que dedica-se desde 1993 às linguagens de Literatura, Artes Visuais e Audiovisual. Graduado em Comunicação Social, cursa mestrado na UFRJ, atuando profissionalmente como curador, roteirista e produtor cultural. Com 10 livros publicados e textos em uma centena de antologias e didáticos, suas obras visuais já integraram mais de 200 exposições nos 20 países que percorreu em constantes atividades artísticas. Eventualmente ministra oficinas, palestras e diversas atividades culturais no Brasil e exterior. A Poesia Experimental em seu amplo arco temático e conceitual é objeto de sua pesquisa no mestrado em Artes da Cena, que desenvolve no PPGAC da ECO/UFRJ. O fenômeno poético em sua amplitude é investigado nas perspectivas da Poesia Visual, Escrita Assêmica e Videoarte.

 

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56

*

Ainda me faltam alguns anos, amor,

Para que eu me torne um velho.

Não são muitos,

mas me restam alguns.

Fique ouvindo baixo

música clássica

como é do seu feitio,

Que a mim

Ainda crispa

os pelos do braço

Um estrondoso

Riff de guitarra.

Eu sei que a você, que já me ajudou

A virar copos taças e tulipas,

Agora bastam alguns dedos

De pinot-noir

Para dormir antes das dez

E cumprir a finalidade melancólica

de nossa burocrática cama

Nos últimos tempos.

Mas a mim ainda restam alguns anos, amor,

E, segundo os exames,

Uns bons níveis de testosterona,

Levando-se em conta a idade.

Ainda faltam alguns anos

Para eu ficar velho,

E não duvide,

sou bem capaz de aguentar

Uma noite ao som do soul.

Então me deixe aqui

Com minha playlist

Que pode durar até às três,

Junto com essa garrafa inteira

E quem sabe mais alguns goles

quando ela acabar.

Ficarei ao menos até que os ponteiros

Se encontrem no topo

E o sono me venha feito

Um longo e lento

Solo de blues.

Porque ainda me restam

Alguns anos, amor,

Para a velhice

E eu não quero

Estar morto

Antes de morrer.

*

André Giusti, 2024

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BalburdianiaMente

 

Wally Salomão muito bem já me dizia: experimentar o experimental

- o brazyl é uma tragédia norte sul geral :

metaforicamente

braziliricamente

fulinaimicamente

sagarinicamente

balburdianaMente

verdadeiramente

 

o desmatamento no rio grande mata

 

em são paulo a PM por ordem do governador espanca estudantes na assembleia legislativa que se manifestavam contra a criação de escolas cívico-militares e os deputados neonazistas aprovam a lei para instaurar no estado essas escolas para uma ditadura escancarada

 

no rio de janeiro de forma cinicamente deslavada o TRE absolve a corrupção - diante disso só me resta uma sentença do  Salgado Maranhão

 

(EuGênio Mallarmè)

 As Flores Do Bem-Quer

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SENTENÇA

 

faz muito tempo que eu venho

nos currais deste comício,

dando mingau de farinha

pra mesma dor que me alinha

ao lamaçal do hospício.

 

e quem me cansa as canelas

é que me rouba a cadeira,

eu sou quem pula a traseira

e ainda paga a passagem,

eu sou um número ímpar

só pra sobrar na contagem.

 

por outro lado, em meu corpo,

há uma parte que insiste,

feito um caju que apodrece

mas a castanha resiste,

 

eu tenho os olhos na espreita

e os bolsos cheios de pedras,

eu sou quem não se conforma

com a sentença ou desfeita,

eu sou quem bagunça a norma,

eu sou quem morre e não deita.

 

Salgado Maranhão

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 AR

Dedicado ao poeta Afonso Felix de Sousa, em memória

 

poema é raiz

que em silêncio cresce

sopro sem nenhum alarde

como se o ar para existir

precisasse da absoluta urgência da tarde

poema é fome

que a pedra arranha

na lâmina que dita o corte

como se a vida para existir

precisasse da absoluta urgência da morte

poema é feito novelo

olho noturno

desterro

como se a sombra para existir

precisasse da absoluta urgência do espelho

poema é susto

risco de rio lento

como se o poeta para existir

se dissolvesse no vento

(Tanussi Cardoso: em A medida do deserto, dentro da coletânea Rios, Ibis Libris, 2003)

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Eu queria tornar a língua molhada.

Fazer a palavra retornar pra boca.

É a língua da boca que fala a língua.

Palavra vem molhada de saliva.

 

Viviane Mosé

do livro desato


POEMA DAS SETE FACES

(Carlos Drummond de Andrade)

 

Quando nasci, um anjo torto

desses que vivem na sombra

disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

 

As casas espiam os homens

que correm atrás de mulheres.

A tarde talvez fosse azul,

não houvesse tantos desejos.

 

O bonde passa cheio de pernas:

pernas brancas pretas amarelas.

Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.

Porém meus olhos

não perguntam nada.

 

O homem atrás do bigode

é sério, simples e forte.

Quase não conversa.

Tem poucos, raros amigos

o homem atrás dos óculos e do bigode,

 

Meu Deus, por que me abandonaste

se sabias que eu não era Deus

se sabias que eu era fraco.

 

Mundo mundo vasto mundo,

se eu me chamasse Raimundo

seria uma rima, não seria uma solução.

Mundo mundo vasto mundo,

mais vasto é meu coração.

 

Eu não devia te dizer

mas essa lua

mas esse conhaque

botam a gente comovido como o diabo.

 

(Carlos Drummond de Andrade)

 

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Mostra Visual De Poesia Brasileira

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soberba

 

a noite longa

por entre os

paralelepípedos

 

e Jaguarão

se espreme entre

a ponte e o cerro

 

passo a passo

o olhar adensa

 

no delito da espera

na podridão da

virtude

 

um galo geme

e o dia amanhece

 

Lau Siqueira

In o inventário do pêssego

CASA VERDE – Porto Alegre-RS – 2020

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Mostra Visual De Poesia Brasileira

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da nascente a foz : um rio de palavras                      

poema em construção

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corpo físico espírito

luta corporal formigueiro

salgueiro mangueira portela

escola samba música refavela

lapa cinelândia santo cristo

copacabana ipanema leblon

corcovado redentor  são conrado

ponte niterói baia guanabara

estágio  vertigem alquimia

teatro cinema poesia

jiddu tchello tanussi turiba

telma monica eugenia margarida

angel ricardo ingrid alice

ademir cesar claudinei

gil cetano gal cássia eller

dalila jurema zhôo carolina

adriano joilson alexandre

largo machado glória

catete castelo ocinei

lembranças estados memória

karla gigi mocidade

federika ouro preto vila rica

adriana sady marcela

américa avelima gillioli

fábio simone krihsnamurt

tonho tenório admilson

hamilton florianópolis curitiba

rio mar maresia

barco navio travessia

veredas sagarana ortografia

gramática livro disco harmonia

escrita cidade fotografia

igor dança pensamento

objeto predicado complemento

finalidade velocidade sagaranazes

campos cacomanga coytacazes

vampiro tupiniquim fechamento

reubes fulinaíma ribeiro

frevo xaxado  coco  pandeiro  

torquato geleia leminski

carne sangue fogo pano palha

baudelaire  mallarmè kandisnki

oiticica neville tropicalha

poema portifólio carnavalha

sexo amor virgindade

companheira companheiro virilidade

sarcasmo ironia castidade

padre pátria papa santuário

pornofonia pornografia  santidade

eros dionísio zeus apolo

vênus afrodite áfrica grécia

antropologia mitologia anarquismo

hipismo modernismo olimpia

mil novecentos cinquenta sete

quando ainda pivete

estética seca folha didi

classificação mundial campeonato

futebol gol que só eu vi

cores nomes pronome objeto predicado

tribo  indígena capixaba curumim

aldeia goya tacá amopi

serafina severina serafim

filipe flora sofia isadora

arara iara dandara amora

marina brumadinho minas

mariana isabela irina

nascente foz correnteza

paraíba ceará fortaleza

sergipe piauí pernambuco

eunuco salvador garanhão

acre maranhão tocantins

amazonas pará parintins

pulga percevejo carrapato

rosa dália margarida alecrim

borboleta  alfazema bem-me-quer

relâmpagos ventania trovoadas

cata-vento rodamoinho tempestade

sussuarana suassuna surubim

sabará itabira querubim

caipora canadá quixeramobim

andorinha passarada piedade

jardim zoológico tom jobim

drummond carlos  andrade

gravata gravura gravataí

porta porteira paraty

pintura prateleira paraquedas

pérola parnaíba piabanha

parnaso paraíso piranha

quixaba quixadá oriticum

picanha paraopeba ocurum

ouvido orelha artemanha 

cosme damião doum

 

marajá maracujá murundum

travessão conselheiro  vila nova

olinda recife garanhuns 

tapera ururaí guandu

goiaba graviola guaiamum

bomucado bracutaia brucutu 

curupira caranguejo caramurú

almandrade ilha bela paracatu

germina girafa girassol

arquitetura arquiteto armorial

fogo farra festa futebol

vassourinha frevo carnaval

bola búlica boleto

bárbara bruna polleto   

passeio passeata passarelli

manifesto martinália marielle

tamanduá tremembé tucuruvi

antônio roberto góis cavalcanti kapi 


porque hoje é sábado

 

há um traficante de armas

travestido de deputado

          porque hoje é sábado

há um jesus no asfalto esquartejado

porque hoje é sábado

há um deus negro

no quartel ensanguentado

porque hoje é sábado

há um bordel na praça dos 3 poderes

no planalto disfarçado

porque hoje é sábado

há um lance livre

na quitanda do mercado

porque hoje é sábado

há um beijo na boca

do amor desesperado

porque hoje é sábado

há um bacanal no barraco

 do templo alado

porque hoje é sábado

na casa dos fundos dormem

as cafetinas do senado

porque hoje é sábado

 

Artur Gomes

poema em construção 


           fotografia

 

um grito parado no Ar

a arte de colocar azul

                  onde não há


          fotografia

 

um olhar ligeiro

na hora de enxergar o meio

                      e querer inteiro

 

Artur Gomes

fotografia feita na praia de Guaxindiba - São Francisco de Itabapoana-RJ - 5 maio – 2018

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coração de galinha

 

não sou tigresa

em tua cama

nem caviar em tua mesa

não sou mulher de fama

muito embora sempre tesa

 

não vim da boca do lixo

saí da pele do ovo

meu coração de galinha

virou orgasmo do povo

 

Artur Gomes

Vampiro Goytacá

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 carioca

 

baby
vamos passear
por São Conrado 
pela orla de Ipanema
olhar os dois irmãos
a gente salta pra fora do poema
dá um beijo na Rocinha
e faz amor no Alemão

 

transa o sol Copacabana

num domingo da semana

depois das Dunas do Barato

ouvindo um disco da Gal

convida Marisa Mym Mesma

para as Pimentas do Reino

no altar do Reino de Zeus

 

depois uma noite na Lapa

como sempre a cara a tapa

até espantar  fariseus

encontrar no Amarelinho

 poetas  veraCidade

que não matam  em nome de Deus

 

Artur Gomes

Do livro O Poeta Enquanto Coisa

Editora Penalux – 2010

Prefácio Igor Fagundes

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A liberdade de expressão,

é a condição do ser agregário.                      

A minha liberdade, só faz a sua razão, na coletividade.   

Paz, pão e poesia.

Seja o que consumamos, nós, poetas e povo, artífices das palavras, construtores de um mundo novo.               

 

  Ricardo Santanna Reis

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Balburdia PoÉtica

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O NASCIMENTO DO AMOR  

 

 
“Há mais amor debaixo de tuas unhas
do que em toda terra lavrada.”
Thereza Christina Rocque da Motta,
fragmento de “Mais Amor”, em Folias
*

 

Não é das flores crescendo em teus cabelos

nem das noites dos teus lençóis gemidos

nem do cheiro de rosa dos teus pelos…

Não é do sorriso sonso do teu umbigo

nem da língua que salga teus temperos

nem dos rios jorrando dos teus líquidos…

Não é dos gomos suados do teu sexo

ou do afogar nas matas do teu ventre

nem do espelho sonhando o teu reflexo

ou das estrelas que brilham nos teus dentes…

Não é do gosto do teu beijo de cravo

ou das tuas coxas a arder feito cacto

nem da languidez dos teus braços lassos

ou da tua voz de onde voam pássaros…

 

É quando tu acordas a manhã com teus olhos claros

que a vida entende todo o seu mistério mágico

e o amor se faz imenso sob o seu manto raro…

(Tanussi Cardoso)

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*
A Vida é as vacas

Que você coloca no rio

Para atrair as piranhas

Enquanto a  boiada passa

 

               Paulo Leminski

*


37 anos sem os olhos azuis do meu príncipe.

 

poema sem-vergonha

[sil guimarães]

 

quando nasci um anjo gaiato

desses que andam perdidos na vida

cochichou segredos ao meu ouvido e disse: vai!

 

todo sábado tem sol

todo domingo tem missa

toda segunda tem preguiça

todo dia tenho saudade

 

meus olhos são verdes porque era o destino deles:

com o tempo ficaram cruéis e traiçoeiros.

pra que tantos olhos respondem minhas pernas cansadas

porém minha alma

não pergunta nada

 

matilde míope atrás das lentes

carimba grampeia e despacha

fala mais do que pobre na chuva

sonha em ganhar na loteria

30 anos atrás das lentes e do balcão da repartição

 

deus me fez forte pra poder tropeçar

mas não me contou por que a melancia

tem tanto caroço

 

mundo mundo mais pequeno

se eu me chamasse marieta

seria uma bela rima e só

mundo mundo mais pequeno,

meu coração um grão de milho

 

eu fui. e vou te dizer:

poeta é quem

atira pedra na lua

e depois vai buscar

 

[1990]

reformar recriar revisitar

ontem fiz uma postagem sobre os 7 anos da perda de Belchior para a cena cultural do país. Assisti   no Canal Brasil o programa  sobre a trilogia re de Gilberto Gil, com foco  sobre os discos: Refazenda, Refavela, Realce, onde ele fala da necessidade de reformar recriar revisitar.

https://www.youtube.com/watch?v=K3d_9TkZkcU

E no Roda Viva retrô de 1991, Gil é entrevistado por um grupo de jornalistas, que dialogam sobre as questões verdes, no meio ambiente, e suas visões políticas holísticas, cosmopolitas.

https://www.youtube.com/watch?v=M93WYLtuwSo

 Hoje vi em um dos meus grupos no zap o comentário do Luis Turiba:

“Viva Belchior

Porque hoje é sábado”

E me remete ao emblemático poema de Vinícius de Moraes que invadiu os palcos do Brasil lá pelos idos dos anos 70. Revisitar este poema e recriá-lo é um dos meus desafios do momento.

 

Artur Gomes

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Da Nascente A Foz : Um Rio De Palavras

 

 ela não era apenas

carne para a fome
do desejo
ela era o próprio desejo
da fome
estampada em letras grandes
na foto grafia do teu nome

 

Artur Gomes

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