soneto de pé quebrado
faz tempo não passo por aqui tenho andado as tontas atrás de
um outro neguinho da beija-flor depois que federico se desbundou para recife
não encontro um outro substituto de mestre/sala a altura de baudelaire e esse rebaixamento
da mocidade me deixou como um soneto de pé-quebrado parece que a comissão
julgadora não quis saber de futuro agora só me resta salgar a carne seca do
passado acordar pastor de andrade que anda dormindo demais no ponto da salvação
Federika Bezerra
Porta/Bandeira da Mocidade Independente de Padre Olivácio
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Balbúrdia PoÉTICA 5
Dia 5 Abril – 2025 – 16h
Na Academia Campista de Letras
Parque Dr. Nilo Peçanha – Jardim são Benedito
Campos dos Goytacazes-RJ
não forçarei mais a chave
em fechadura errada
e nem insistirei
em calçar sapatos
que não me servem
assim,
tento ficar melhor
e escolho os dias de sol,
ou os nublados,
ou com chuva.
eu escolho.
a beleza dos dias
está em mim.
planto uma semente
em qualquer coração,
faço um poema
sem pretensão de
colheita.
e sigo
nua, apreensiva e
eterna.
Mônica Braga

canção de um realejo solitário
para Artur
Fulinaíma
“ainda tenho o teu perfume
pela casa
ainda tem você na sala
porque meu o coração dispara
quando sinto teu cheiro
dentro de um livro
dentro da noite veloz”
Adriana
Calcanhoto
meu coração dispara
quando abro a porta
e não te vejo
na vertigem do dia
canção de um realejo solitário
quando não te beijo
eu imenso mar sozinha
como um peixe afogado em águas
de delírio e lágrimas de sal
Rúbia Querubim
in Drummundana Itabirina
Com os dentes cravados na memória
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A literatura de Cesar Augusto de Carvalho segue um caminho
peculiar, longe dos modismos de ocasião, marcada por narrativas em que o acaso
determina o movimento do mundo e o sonho invade a realidade, ou a realidade se
transforma em sonho. Ambos convivem e se reforçam. É o que se vê nos onze
contos deste livro Folhetim. A partir de um fato qualquer, abre-se uma fresta
para o absurdo, o humor e o nonsense. A lógica do real é sobrepujada por
conexões inusitadas e elos inesperados. Ali nada é sólido, tudo está por um
triz. Cada história contém bifurcações que levam a outras histórias.
Essa técnica narrativa mise en abyme acaba mergulhando o
leitor num torvelinho alucinante.
Os personagens desses contos são tipos com órbitas próprias,
perdidos em solidão, anti-heróis apartados da máquina da cobiça e do sucesso a
qualquer preço, mais voltados para a recompensa dos pequenos prazeres mundanos,
ou da simples sobrevivência.
Os contos, com seus cortes e sobre posições, são bastante
visuais, explorando recursos do cinema. Não à toa, Cesar Carvalho incorpora em
sua experiência a de roteirista. Assim é que o conto “Flipando em Paraty”, que
abre o volume, mostra um escritor na bancarrota que consegue uma oportunidade
de fazer a cobertura da badalada festa literária. No conto de título
cabalístico “13”, um jornalista se lança numa reportagem que investiga um caso
de racismo. Em “Folhetim”, um escritor se envolve num episódio de crime cuja
trama é pura alusão, revestida de sátira, ao clássico godardiano Acossado,
neste que é o conto mais claramente cinematográfico do conjunto.
O livro inclui ainda uma incursão pela autoficção, no conto
que encerra o volume. Nela, o narrador afirma: “Todas as histórias já foram
contadas, muda só o jeito de as contar”. Cesar Augusto de Carvalho, como seus
contos mostram muito bem, criou seu próprio caminho.
Paulo Lima
Jornalista e escritor
FICHA TÉCNICA
Contos
Páginas: 240
Formato: 140 x 210 mm
ISBN: 978-85-92875-91-6
Dia 5 Abril - 16h - Cesar
Augusto de Carvalho estará com o seu Folhetim na Balbúrdia PÉTICA
5 - na Academia Campista de Letras - em Campos dos Goytacazes-RJ
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Balbúrdia PoÉTICA 5
Dia 5 – Abril – 2025 – 16h
Na Academia Campista de Letras
USINA
Antônio Roberto Kapi de Góis Cavalcanti
Usina:
Usina são uns olhos
despertos antes do sol,
a boca mal-lavada
num gole de café...
e um esfregar de mãos
para aquecer o dia.
Usina é uma longa
E curta caminhada,
Inventada em carrocerias,
carroças e bicicletas.
Ou um usar de pés
pra se fazer o dia.
Usina é um balé!
de lenços-de-cabeça,
camisas de xadrez,
foice e facão...
entre gole e outro
de café,
Usina é um apito
de sol a pino,
feito de marmitas,
quando os olhos nada dizem
e as bocas são limpas
por mãos em costas.
Usina é um gosto
(doce-amargo)
de uns caldos escorrendo,
ora nas moendas
ora nos moídos...
É um fazer de conta,
Pós-apito,
Na birosca ao lado
Com uns parceiros:
Um remedar da vida.
Depois
Um mal dormir
De pais e filhos
(de fome, de frio, de medo)
Para que antes que o sol
Se tenha despertado,
— USINA É USURA!
São uns olhos
Que se estendem
Quando em vez
À casa-grande...
São umas vidas
Escapando pela chaminé
Fulinaíma MultiProjetos
contatos: fulinaima@gmail.com
22 – 99815-1268 -zap
@fulinaima @artur.gumes
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Balbúrdia
PoÉTICA 5
Dia 5 – Abril – 2025 – 16h
Na Academia Campista de Letras
INDAGAÇÕES DE HOJE
Quem matou Hipátia de Alexandria?
Quem matou Joana d’Arc?
Quem matou Ana Bolena?
Quem mandou matar Marielle Franco?
Quem matou Mima Renard?
Quem matou Dandara dos Palmares?
Quem matou Tereza de Benguela?
Quem mandou matar Marielle Franco?
Quem matou Ursulina de Jesus?
Quem matou Joana Angélica?
Quem matou Rosa Luxemburgo?
Quem mandou matar Marielle Franco?
Quem matou Olga Benário?
Quem matou Maria Bonita?
Quem matou Dália Negra?
Quem mandou matar Marielle Franco?
Quem matou Aída Curi?
Quem matou as Irmãs Mirabal?
Quem matou Dana de Teffé?
Quem mandou matar Marielle Franco?
Quem matou Iara Iavelberg?
Quem matou Maria Lúcia Petit?
Quem matou Sônia Angel Jones?
Quem mandou matar Marielle Franco?
Quem matou Zuzu Angel?
Quem matou Araceli Crespo?
Quem matou Ana Lídia Braga?
Quem mandou matar Marielle Franco?
Quem matou Ângela Diniz?
Quem matou Cláudia Lessin Rodrigues?
Quem matou Ana Rosa Kucinski?
Quem mandou matar Marielle Franco?
Quem matou Dinalva Oliveira Teixeira?
Quem matou Lyda Monteiro da Silva?
Quem matou Solange Lourenço Gomes?
Quem mandou matar Marielle Franco?
Quem matou Margarida Maria Alves?
Quem matou Mônica Granuzzo?
Quem matou Daniella Perez?
Quem mandou matar Marielle Franco?
Quem matou Irmã Dorothy?
Quem matou Benazir Bhutto?
Quem matou Isabella Nardoni?
Quem mandou matar Marielle Franco?
Quem matou Eliza Samudio?
Quem matou Patrícia Acioli?
Quem matou Jandyra dos Santos Cruz?
Quem mandou matar Marielle Franco?
Quem matou Luana Barbosa dos Reis?
Quem matou Dandara Kettley?
Quem matou Sabrina Bittencourt?
Quem mandou matar Marielle Franco?
Quem mandou matar Marielle Franco?
Quem mandou matar Marielle Franco?
Quem mandou matar Marielle Franco?
Quem mandou matar Marielle Franco?
Ricardo Vieira Lima
poema do livro Ariete
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poema para marielle franco
rascunho na noite de sua brutal execução
certeiros, os projéteis
da janela
da mira
do gatilho
atingem o alvo
calculadas, as balas
na cabeça marcada
na mente visada
na ação inadequada
cumprem a função de calar
não foi apenas o sangue
jorrado na execução
não foi apenas a carne
(negra, para não fugir das estatísticas)
caça abatida no voo, ração
provimento dos sem razão
ali, naquele automóvel
ensanguentado
e
incômodo
foi abatida a utopia
calada uma voz que era de muitos
derrubado o pilar da esperança
executada a possibilidade de redenção
(14.03.2018)
Dalila Teles Veras
do livro tempo em fúria - Alpharrabio Edições - 2019
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FAZER O AMOR.
Os românticos crêem
na alma do mundo.
Poço sem fundo
de expectativas vivas
sobre tudo o que, deveria,
mas não pode ser.
Fazer o que, amor?
Amar o que? Fazer!
Marcelo Atahualpa
14/01/2025
o amor é impaciente
ele tem pressa
não somos tão jovens
como as canções
você tirou meu tempo
me fez solidão no amor
me dominou pensamentos
rasgou meu livro
de Bukowski
voce é ousado que só
calou Chico
o Buarque
calou-me
não sei se você brinca
ou flutua
mas sei que causa tumultos
imperdoáveis
você não mente
mas peca
arranca de mim
livros e roupas
rasga tudo
e numa lucidez barata
e calma
tropeço
como nunca
ou eu rasgo roupa e verbo
ou deixo mais um verso solto
demasiadamente solto
feito quem morre
sem conhecer
o cheiro
da flor
que seu corpo vela
Mônica Braga em um amor

Hoje, 14 de março, é comemorado o Dia da Poesia no Brasil.
A data surgiu como uma homenagem ao poeta Castro Alves, que
nasceu no dia 14 de março de 1847, na Bahia.
Recebi esse poema enviado pelo meu amigo Décio Sousa, lá das bandas
do interior da pauliceia
OPUS, OPERIS
o poeta se multiplica
em seus poemas
nem todas as penas
são suas penas
nem toda inspiração
é sua, primeira
a leitura é sementeira
na qual o poeta se aplica
a concessão (no poema)
é marca registrada
concede um verso á crítica
um ao público, outro à amada
concede um verso a si mesmo
por crença poética intuitiva
o que resta assim, ó poeta
o que resta à poesia?
restam apenas versos,
palavras frágeis
a poesia (na sua essência)
a poesia inteira
(resta inédita, inefeita, viva)
Luiz Vitor Martinello

dia internacional da poesia
Todo Dia É Dia D
Poesia Todo Dia
poesia do corpo
nasce entre a carne a medula o sangue a nervura da alma e a
escridura dos ossos onde posso dizer o que sinto posso sentir o que posso nem
sempre a palavra vale quanto pesa nem sempre um poema cabe pleno numa reza
palavra as vezes fica perdida na memória não flui no consciente em complemento
da história
nem tudo que é belo
angra
a flor do mangue
ainda sangra
Artur Gomes
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brazilha
1968
tantas vezes
estive nessa ilha
que não é de vera cruz
muito menos santa
assim mesmo
abracei a catedral
para beijar seus mortos
mesmo sem crer em salvação
nos canteiros de obra
durante a sua construção
Artur Kabrunco
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O Acerto
Soterrou-se em silêncio, ruminando os dias,
esgarçou-se nas fissuras do tempo,
respirou o gosto amargo do fel acumulado.
Cada hora foi moeda fria,
cada noite um tribunal invisível.
Não esqueceu, porque esquecer é luxo,
e ela se nutria de dívidas,
de números riscados na parede
de um porão sem janelas.
Viu os nomes gravados na carne da memória,
contou às costelas do passado,
enumerou os dentes que lhe faltavam.
Dizem que perdoar é virtude,
mas a virtude nunca pagou contas atrasadas.
Moldou paciência com a fôrma da espera,
curvou-se sob o peso da lembrança,
aprendeu a desenhar mapas de retorno
sem jamais traçar rotas de fuga.
O tempo lhe ensinou o idioma da sombra,
lhe entregou chaves para cofres antigos,
lhe emprestou paciência de relojoeiro,
ensinou-lhe o pulso exato para apertar o nó.
Quando a noite verteu seu sangue escuro,
ela se moveu sem barulho,
um cálculo perfeito no escuro,
um acerto antigo a cobrar juros.
No instante em que os olhos se encontraram,
não houve surpresa,
não houve perdão,
apenas o ajuste de contas.
E quando tentou lembrar o porquê,
quando buscou a fúria, o ódio,
quando tentou cerrar os punhos outra vez,
tudo o que encontrou
foi um imenso, um avassalador vazio.
Num gesto desmedido e cruel,
mergulhou os dedos na própria boca,
arrancou um por um os dentes do rancor,
cuspiu cada pedaço como se cuspisse a infância,
e riu, riu, riu,
com a boca aberta, escura e devastada,
até que a língua provasse o ferro quente do próprio sangue,
e o silêncio, enfim, o engolisse.
Simone Bacelar

Sob a Lua de Chumbo
Ele era um rio seco,
um cavalo sem ferradura,
um grito que se perdia
nos becos da noite.
Trazia nas mãos
o peso das horas mortas,
e nos olhos,
o reflexo de um sol que já não o aquecia.
Ela era uma árvore ferida,
uma canção sem voz,
um relâmpago que se apaga
antes de tocar a terra.
Trazia no peito
o eco de um berço vazio,
e nos lábios,
o sal de lágrimas que nunca chorou.
Encontraram-se sob uma lua de chumbo,
onde o tempo não tinha pressa,
onde o silêncio era um véu
que cobria seus corpos despedaçados.
Ele olhou para ela
e viu um espelho quebrado,
ela olhou para ele
e sentiu o frio de uma janela aberta.
"Por que choras se não há lágrimas?"
perguntou ele, com a voz rouca de tanto calar.
"Por que gritas se não há som?"
respondeu ela, com os olhos fixos no abismo.
E ali ficaram,
dois fantasmas de carne e osso,
dançando uma valsa sem música,
enquanto a lua, impassível,
derramava sua luz de metal
sobre suas feridas expostas.
Ele tentou abraçá-la,
mas seus braços eram como galhos secos,
que se partiam ao menor toque.
Ela tentou beijá-lo,
mas seus lábios eram como pedras,
que não guardavam mais o calor de um suspiro.
E assim seguiram,
homem e mulher,
rio e árvore,
grito e silêncio,
até que a madrugada os encontrou
e os dissolveu na névoa.
Agora são apenas memória,
um rumor distante
que o vento leva
para os confins da terra.
Mas, às vezes,
quando a lua de chumbo surge no céu,
pode-se ouvir o eco dos seus passos,
caminhando juntos
para um lugar onde o amor
não seja apenas uma sombra.
Simone Bacelar
SSA 13/03/2025