sábado, 31 de maio de 2025

Poesia Ali Na Mesa

Jura secreta 34

por que te amo
e amor não tem pele
nome ou sobrenome

não adianta chamar
que ele não vem quando se quer
porque tem seus próprios códigos
e segredos

mas não tenha medo
pode sangrar pode doer
e ferir fundo
mas é razão de estar no mundo

nem que seja por segundo
por um beijo mesmo breve
por que te amo
no sol no sal no mar na neve

Artur Gomes
poema do livro Juras Secretas
Litteralux – 2018

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                                     1. 

e sigo assim

tecendo tramas

das ramas

desse plantio

tardio

 

volto ao chão

onde jaz

meu umbigo

 

colho o pão

da mão do amigo

 

quanto mais

serenos

mais ando

querendo

menos

*

Odisséia Mínima

ao vencedor

as batalhas

aos campeões

a caminhada

aos fortes

mais nortes

aos frios

os navios

 

nunca se chega

ao fim no fim

 

depois de tudo

a névoa do nada

a lhe lamber

as feridas

 

aos que chegam

restam

as saídas

*

3.

 

tô por aqui

de rima perfumada

de prosa empilhada

de poema piada

 

até a tampa

de hai cai de lado

de soneto desmembrado

de slogan disfarçado

 

super satisfeito

de poeta que não lê

designer que não vê

de tanto eu,

antes de você.

*

4. 

tem poeta de tudo quanto é jeito

 

tem os que esperam ônibus

tem os que compram ônibus

tem os que tomam ônibus

 

e tem este mal-traçado

que por falta de audácia

ou ocasião até

anda na linha

a pé 

* 

5.

 

virgília

 

dormi pound

   sonhei paz

acordei enfim

   pobre de mim

fosse  assim

   uma lasca

de leminski

   já seria demais

6.

volta 

não me taques na cara 

todos teus tiques

não me tocas nem

trincas meu dique

com esses paquetes

quase a pique

por outra

se jurares

não me deixar

à mercê

saibas que tenho                   

outra ítaca

inteira

para você

*

7.

 Verso

 

re

   tomar

      o dia

 

re

   visitar

      a utopia

 

re

   formar

      o nexo

 

re

   fazer

      o sexo

 

re

   presar

      a sangria

 

re

   suscitar

      a alegria

*

 

8. 

p(l)anos

 

vislumbrando que viro velho

metade dos amigos mortos

descarto comidos conselhos

escolho caminhos tão tortos

 

mas nem afoito nem cansado

viro o mundo e volto ao berço

rompo essas ruas alentado

cumpro contratos pelo verso

 

talvez a hora de ir em frente  

riscando a linha do exemplo

largando ao tempo o legado

 

singrando o mar do divergente

a folha como vela e templo

a pena feita quilha e arado

*

9

carpe o dia

 

firmarei futuro

   quando mais maduro

 

lerei outro lado

   quando ajuizado

 

mãos ao montepio

   findo o desvario

 

lote ou terreno

   quando mais sereno

 

ser esse estóico

   tão exemplar

 

dedicado a arrancar

   cada espinho

 

das rosas não plantadas

   pelo caminho

*

10. 

somana

 

mário era índio preto que tacapeou o tripé de tarsila deixando o aluno oswald brasil no pau nesse capão de capiau 

desterrados no leblon e curtas camadas de copacabana desfiariam décadas para apoucar a fama de apenas uma sopesada semana 

vila ventilava a taba que assobiava com o bento enquanto paliçava os entes entre uma e outra sardinha deglutida na palhoça gourmet 

da janela do futuro o céu dos artistas enfileirava músicospintorespoetasescultores aguardando centenas de semanas para esticar as estacas da vida nessa pobre capoeira na esteira do pé de vento deste centrípeto movimento 

e hoje, sem saída na rua da abolição, o rio deságua no bar piratininga, na esquina perdida da cidade de deus, ateus e racionais trazem o trombone para a intriga encerrada por emicida, fim da semana, a insurgência de um novo dia, o centro agora é a periferia


      Elcio Fonseca

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*

Balbúrdia PoÉtica 10

Poesia Ali Na Mesa

Dia 12 julho – das 14 às 19h

Casa da Palavra – Praça do Carmo, 171

Santo André-SP

Curadoria: Artur Gomes, César Augusto de Carvalho, Julio Mendonça, Jurema Barreto e Silvia Helena Passareli

 

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Vira Lata

 

chega das  caretices e dos puxa saquismos

das divindades caídas

dos reinos unidos fragmentados

dessa porra desse computador

 

Ai que saudades

 

das simplicidades sem vistorias

de águas paradas, porém,

livres e libertas

da negra do cachimbo

do sertão agreste

sem veredas

das tabernas

de Máximo Gorki

 

da merda sem parasitas

do homem

do humano

que escarrou e sujou o tempo

embaçou os vidros

com seu hálito fétido

 

medidas inexpressivas

fazem

essa espécie híbrida,

incapaz, sonolenta,

sorrir.

com seus dentes amarelados, cheio de cáries...

 

eu vou pra Tucumã

aliciar meus tormentos

dormir com as cabras

e fuder com os jumentos

 

                Luiza Silva Oliveira

*

CISÃO

 

Estar neste mundo

é estar dividido entre o dentro

e o fora,

entre a vida

e o ir-se morrendo.

 

É desejar ardentemente religar-se,

unir suas partes

e sentir o horror desta impossibilidade.i

 

Estar neste mundo

é a todo instante ter de optar.

decidir...

Insegurança constante

claroescuro,

lusco-fusco que entorpece,

cava um abismo por entre as percepções,

os sentimentos,

e a seta ao longe prenunciando a morte.

 

Qual equilibrista,

num átimo de segundo,

é preciso decidir se o pé vai à direita,

à esquerda

ou um pouco mais à frente.

 

Ato que determinará o próximo passo,

ou,

se mergulhará

no nada.

 

*

 

VOO

 

Num galho solitário

de uma árvore qualquer,

as marcas recentes

de um voo interrompido.

 

*

 

APENAS SER

 

Às vezes me pego

olhando

para uma pedra,

uma flor,

invejando sua existência.

 

Não sonham,

não desejam,

não se frustram.

 

São o que são.

 

Ainda quando

se transformam

em buque

ou escultura,

continuam pedra

e flor.

 

Mais evoluidas,

não se deixam

influenciar por nada.

 

Mantêm-se na sua

serena sabedoria:

sem aflições inúteis,

sem exacerbadas tristezas.

 

Ser a pedra

ser a flor

nao ser "eu"

Apenas ser.

 

*

NINGUÉM VÊ

 

No limbo da pedra,

no fosso,

no fundo,

escorrem lágrimas

vermelhas

que repousam

coaguladas,

no esquecimento

das pequenas fissuras.

 

Ninguém vê.

Como se não houvesse choro,

nem pedra,

nem gente.

 

Ninguém vê

ou sente.

*


UNÍSSONO

 

súbita

solidão

soluça

silenciosamente

no cio sem solução

sem sol

---unção

 

…………………………………….

 

escorre dos dedos

como notas musicais volatizadas

o testemunho do gozo solitário

 

                              Roza Moncayo

*



Lidiane Carvalho Barreto na Balbúrdia PoÉtica 9 falando o poema Itabapoana Pedra Pássaro Poema de Artur Gomes
12ª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes-RJ

tabapoana Pedra Pássaro Poema

uma metáfora
não é apenas uma metáfora
quando a pedra é pássaro

em gargaú
às 5 horas da tarde
as garças voam
em direção
ao outro lado da pedra
em guaxindiba
tenho em mim
que pássaros voam
peixes nadam
quando procuram
outro pouso

bracutaia eterna lenda
estranho pássaro
da pedra ouviu o grito
que voou de gargaú pro infinito

Artur Gomes
poema do livro Itabapoana Pedra Pássaro Poema

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*


Hoje

Balbúrdia PoÉtica 9

No Café Literário – 14h

12ª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes-RJ 

Artur Gomes convida:

Clara Abreu + Grupo Gotta + Jailza Mota + Joilson Bessa + Lidiane Carvalho Barreto + Maycon Maciel + Paulo Victor Santana + Reubes Pess + Rossini Reis

 

Artur Gomes convida:

Clara Abreu + Grupo Gotta + Jailza Mota + Joilson Bessa + Lidiane Carvalho Barreto + Maycon Maciel + Paulo Victor Santana + Reubes Pess + Rossini Reis

Itabapoana Pedra Pássaro Poema

 

uma metáfora

não é apenas uma metáfora

quando a pedra é pássaro

 

em gargaú

às 5 horas da tarde

as garças voam

em direção

ao outro lado da pedra

em guaxindiba

tenho em mim

que pássaros voam

peixes nadam

quando procuram

outro pouso

 

bracutaia eterna lenda

estranho pássaro

da pedra ouviu o grito

que voou de gargaú pro infinito


Artur Gomes

Do livro Itabapoana Pedra Pássaro Poema

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choveu pedra em São Francisco do Itabapoana se de gelo ou granizo inda nem sei só depois da apuração da comissão de inquérito instaurada por alguns moradores da localidade  do Macuco saberei.

 

                       Federico Baudelaire

 

cada qual com sua Natureza , pode ser garoa ou correnteza , é o tempo comandando a sua Fortaleza

 

                                       Zhô Bertholini

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com os dentes

cravados na memória

 

botei fogo no oitavo andar

do paiol de milho do meu pai

tinha sete anos de pirotecnia

quebrei o pulso esquerdo

quando pulei direto do abismo

     para  o corpo solar da poesia

Beatriz – A Morta

Oswald de Andrade Re-Visitado


como pedra me olhas

como fedra te vejo

vestida de carne nua

a língua na maçã navalha

tua alma transparente crua

o olho por detrás da porta

poema com pavio aceso

quando Oswald pariu A Morta

tinha os dentes

nos teus olhos presos


                          Artur Gomes



 O poeta enquanto coisa


o meu lugar não é aqui
o meu lugar não é ali
o meu lugar é lá

onde garrincha entorta
os laterais esquerdos
dibla até o goleiro
e debaixo da trave
não faz o gol

um desacerto

volta ao meio do campo
para re-começar o desconcerto

Artur Gomes
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*

Balbúrdia PoÉtica 9

A resistência através da poesia

Dia 4 – junho – 14h

Café Literário – 12ª Bienal do Livro  de Campos dos Goytacazes-RJ

 

Artur Gomes convida:

 

Clara Abreu + Grupo Gotta + Jailza Mota + Jilson Bessa + Lidiane Carvalho Barreto + Maycon Maciel + Reubes Pess + Rossini Reis

 

Kapi – presente – Lenilson Chaves – presente – Marielle Franco – presente – Maria Helena Gomes – presente – Ive Carvalho – presente – Lucia Miners – presente

 

Selvagem

 

" enterrem meu coração

na curva do rio"

peço

como pediu um índio

que, estrangeiro,

sabia falar a língua

da minha flauta alma,

índia que sou,

selvagem

Se as pernas cruzo

social,

em vernissagens,

a alma é acocorada,

ouvido alerta

para os ruídos

quase nada

de uma selva

em que, matreiro,

o inimigo surja.

Se, requintada,

canapés mordisco,

Dama da Corte,

a alma antropofagicamente,

rosna

o seu pedaço de caça.

Bebo na concha

das mãos

água riacho

quando levemente

seguro a taça

em que me servem

a mesma água.

O banho perfumado

em sabonete e shampoos,

é, apenas,

o verniz

que descascado,

desvenda o banho,

que, em meu rio,

limpo o corpo

com folhas

e flores abertas

madrugadas.

Jamais estive grávida,

mas prenhe;

nunca me nasceram filhos,

os pari,

quando meu grito

primevo

se fez soluço

ao agarrá-los,

fera,

e lambê-los

crias, curumins.

Cheiro, disfarçada,

o ar desses salões

e o meu faro

é faro de onça

na espreita

do perigo,

como só índio

e animal

sabem espreitar.

Meu grito de guerra

ecôa no silêncio,

se palavra cambaia

agride a minha

escuta

e não confundo

doce, àquela que amarga,

mesmo que enfeitada

em pétala de flor.

Sei exatamente

o curso do meu rio,

guia seguro,

mateiro,

meu irmão,

que me levará

a salvo

à clareira

em que adormeço.

Por isso peço:

"enterrem meu coração

na curva do rio".

E meu rio

é esse Paraíba

que se disfarça civilizado,

já que, em cidade corre,

mas que é,

como todo rio,

o que desliza na selva

em que algum dia

nasci.

 

Lucia Miners

 

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