quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

múltiplas poéticas

poema de 7 patas
para pisar a amargura
e extirpar de vez
o pus dessa gangrena

Artur Gomes

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Artur Gomes
Poesia na ponta da língua
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boca do inferno

por mais que te amar
seja uma zorra

eu te confesso amor pagão
não tem de ter perdão pra nós

eu quero mais é teu pudor de dama
despetalando em meus lençóis

 

e se tiver que me matar que seja

se eu tiver que te matar que morra

 

em cada beijo que te der amando

só vale o gozo quando for eterno

 

infernizando os céus

e santificando a boca do inferno

 

Artur Gomes

In Suor & Cio

MVPB Edições – 1985

www.suorecio.blogspot.com



Estação 353
para Cecília in memória



eu planto
minha estação existe
a adubagem orgânica está completa
não sou negacionista nem sou triste
sou poeta

irmão das coisas da alegria
eu sinto o gozo no tormento
atravesso noites e dias - invento

eu sei que planto
e o sistema é bruto
mas a terra gira como pomba gira
amora minha eterna namorada
e amanhã eu sei colherei frutos
nessa minha estação amada


O POEMA
para Artur Gomes

O poema falado, amassado, tosquiado
Reluz na voz das ânsias esparramadas
Nas janelas dos ouvidos entupidos de cera
Nos buracos das grandes enxurradas
Reluz na voz das reentrâncias dos rios
Reluz na voz das ribanceiras dos mares
Reluz na voz das inconstâncias dos ventos
Reluz na voz das fendas seculares

O.poema! esse arauto das verdades veladas
Acende o fogo! Estremece o tempo!
Um segundo de poema é lamento
Tormento, dúvida, incerteza, solidão

Riso que chora. Fogueira. Assombração.
Pavio solar. Alumbramento. Imensidão.

O poema! Esse arauto das verdades veladas
Reluzente esperma de ternura
Faca na alma! Espelho da brancura
Borrada em sangue. Esperança. Tessitura.

Anna Miranda Miranda

Julho 2021


talvez

talvez eu seja
um pouco panfleto
diabo concreto
quando avisto o mar à vista
surrealista
pra entortar a linha reta
mais anarquista
que poeta


madrugada
também arde
como a tarde
que tarda
clarear
a noite que teima

não amanhecer

A Traição Das Metáforas
:
Um Outra

para Celso de Alencar, César Augusto de Carvalho e Federico Garcia Lorca em memória


há tempos
não escrevo
um poema como esse
:
a formiga carregando folhas lembra-me a máquina de terraplanagem que vez em quando passa na minha rua a carrocinha puxada por um imagem cinerbética estética não é o que me move pra o abstrato do outro lado do espelho atrás da porta do meu quarto ainda quando teu retrato em Nova Granada conheci um presépio com duas mil imagens humanas criado pelo mestre Guima que cultiva em sua cabala cento e sessenta e três imagens de Santo Antônio que HygiaFerreira guarda para o casamento com ela aprendi que o amor mora muito além da casa dos soldados Federika rasgou o vestido de Macabea quando Lady Gumes enfiou a faca no monstro ontem mesmo sonhei com Afrodite tive um surto de desejo gozei no espelho era Cecília quem estava do outro lado

Artur Gomes

#natrilhadofogo

www.fulinaimagens.blogspot.com 


vamos que vamos
nesse trem das mambucabas
revirando as barras das saias
das itabapoanas


quem me dera serAfim
beija-flor na primavera
beijando Rúbia Querubim

Federico Baudelaire
#natrilhadofogo


faroeste lamparão
para torquato neto – in memória

“agora não se fala mais
agora não se fala nada”

quando saí de casa
ia dar um tiro na cara do delegado
mas estava desarmado
estão me colocando em histórias
dos tempos do não sei onde
como se eu durando kid
comesse a filha do conde
nunca comi amarela
em cinema mexicano
muito menos a ruiva
do faroeste americano
disseram que eu tive caso de amor
que se tornou pernambucano
quando encontrei o poeta
no trailer do Ricardinho
foi me falando de mansinho
como se trampa uma batalha
pra não cair na armadilha
da grana palavra cilada

agora não se fala mais
agora não se fala nada


Tudo Arde

 poema em construção

suspenso
no Ar
não penso

atravesso o portão da tua casa

corpo em fogo
carne em brasa

tudo arde
nas cinzas das horas
no silêncio da tarde

vou entrando sem alarde
sem comício
como um pássaro
que acaba de cantar
em pleno hospício


suspenso
no Ar
não penso
atravesso
o portão da tua casa
o corpo em fogo
a carne em brasa
tudo arde
nas cinzas das horas
no silêncio da tarde
vou entrando sem alarde
sem comício
como o pássaro
que acaba de cantar
em pleno hospício

você pensa que escrevo em rua reta ou estrada sinuosa para você poesia é verso do inverso ou avesso de uma prosa? escrevi pscanalítica 67 em mil novecentos e sessenta e sete numa madrugada de setembro outubro quando visitei meu pai no henrique roxo e vi vespasiano contra a parede dando cabeçadas no manicômio mais uma vida exterminada e no fim das contas noves fora nada tudo o que eu queria dizer naquela hora explode agora quando atravesso o portão da tua casa o corpo em fogo a carne em brasa sem pensar estética estrutura estilo de linguagem sinto o desejo entre os teus mamilos a espera do beijo da esfinge que devora

Artur Gomes
PoÉticas ArturiAnas
https://www.facebook.com/arturgomespoeta


A
vida sempre em suspense
alegria prova dos nove
fanatismo não me convence
muito menos me comove


guaxindiba

aqui
passávamos carnaval na juventude e éramos recebidos com grande amor onde acampávamos no quintal do pescador 5 da madruga íamos colher rede do pescado e passávamos a semana comendo peixe assado no buraco de areia com cachaça cerveja e mariola em guaxindiba conheci a minha primeira sereia angélica flor do bosque e foram anos de luas e serestas ruas e florestas estrelas incendiárias



Pedra Dourada

em pedra dourada
conheci 8 minas
uma me deixou de quatro
fez de mim gato e sapato
não fosse eu camaleão
quase lagarto
cairia na cilada

agora não se fala mais
agora não se fala nada

Dani-se morreale

se ela me pisar nos calos
me cumer o fígado
me botar de quatro
assim como cavalo
galopar meus pelos
devorar as vértebras
Dani-se

se ela me vier de unhas
me lascar os dentes
até sangrar o sexo
me enfiar a faca
apunhalar meus olhos
perfurar meus dedos
Dani-se

se o amor for bruto
até mesmo sádico
neste instante lírico
se comédia ou trágico
quero estar no ato
e Dani-se o fato
deste sangue quente
em tua boca dos infernos
deixa queimar os ossos
e explodir os nossos
poemas físicos pós modernos

Artur Gomes
O Poeta Enquanto Coisa
Editora Penalux – 2020
Leia mais no blog
https://secretasjuras.blogspot.com




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