Para Fernando Aguiar
Redes em pânico
pescam esqueletos no mar
esquadras descobrimento
espinhas de peixe convento
cabrália esperas relento
e um cheiro podre no AR
como segurar um barco
em meio a tempestade
se está dificilíssimo navegar
Jura secreta 10
fosse o que eu quisesse
apenas um beijo roubado em tua boca
dentro do poema nada cabe
nem o que sei nem o que não se sabe
e o que não soubesse
do que foi escrito
está cravado em nós
como cicatriz no corte
entre uma palavra e outra
do que não dissesse
Artur Gomes
Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
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poema atávico
e se a gente se amasse uma vez só
a tarde ainda arde primavera tanta
nesse outubro quanto
de manhãs tão cinzas
nesse momento em Bento Gonçalves
Mauri Menegotto termina
de lapidar mais uma pedra
tem seus olhos no brilho da escultura
confesso tenho andado meio triste
na geografia da distância
esse poema atávico tem
a cor da tua pele
a carne sob os lençóis
onde meus dedos
ainda não nasceram
algum deus
anda me pregando peças
num lance de dados mallarmaicos
comovido
ainda te procuro em palavras aramaicas
e a pele dos meus olhos anda perdida
em teu vestido
Artur Gomes
Do livro O Poeta Enquanto Coisa
Editora Penalux – 2020
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O poeta é um
fingidor
chove aqui dentro
mais do que lá fora
eu tenho pressa
de olhar teus olhos
nesse mar de angra
o pau brasil sangra
enquanto isso
ela passeia no egito
entre templos sagrados
dessas múmias quânticas
me perdoa
o poeta é um fingidor
mas eu não sou Fernando Pessoa
Artur Gomes
por onde andará Macunaíma?
BRIC XXII
O Pau Brasil
Sangra
A revista de poesia experimental Bric-a-Brac,
volta a circular em junho, com lançamento nacionais a partir de Brasília.
Com base na experimentação poética modernista, a
Bric que circulou nos anos 80/90, apresentou ao público leitor brasileiro
entrevistas históricas e peças literárias surpreendentes , como o poema
erótico-pornô “A Cópula” escrito por Manuel Bandeira à maneira de Bocage. Nela
também foi publicada a primeira grande entrevista escrita do poeta pantaneiro
Manoel de Barros, que passou a fazer parte de suas obras completas.
Agora, a revista ganhou um novo título e logomarca
- BRIC XXII -, em celebração ao centenário de Semana de Arte Moderna de 22. e
volta a circular com força total.
A BRIC XXII está no prelo, terá 110 páginas, cerca
de 60 participantes, poetas visuais, experimentais e com poemas escritos com
alto teor de críticas sociais.
Artigos, comentários e entrevistas. Fotografias
atuais e de um passado recente.
O destaque fica por conta do artigo “22 e
Noigandres”, onde o poeta concreto-paulista Augusto de Campos, aos 91 anos, faz
um balanço de suas atividades e dos companheiros do grupo Noigandres -Haroldo
de Campos e Décio Pignatari - com os modernistas Mário e Oswald de Andrade.
Outro destaque inédito: o poema acadêmico Antônio
Carlos Secchin abriu sua biblioteca de 20 mil exemplares para mostrar as
edicões originais dos 10 livros mais influentes da êpoca da Semana de Arte
Modena de SP.
BRIC XXII foi Editada totalmente em Beagá pelo
poeta/jornalista Luis Turiba, pelo ilustrador e programador visual Romulo
Garcias e pelo poeta-arquiteto João Diniz, com o luxuoso apoio logístico de
Luca Andrade, do Rio de Janeiro.
A BRIC foi lançada em junho no restaurante
Beirute-Sul, em Brasilia. Depois, em BH, no espaço cultural Asa de Papel; no
Rio de Janeiro na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI); e em São
Paulo, provavelmente na Casa das Rosas, na Avenida Paulista.
Há convites para lança-la em outras capitais com
Recife, Porto Alegre e Salvador.
Obrigado pelo apoio ao nosso processo de pré-venda
Luis Turiba, editor
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Literofagia
comer a palavra
degustar
deglutir
digerir
vomitar
poesia
eu bebo
eu como
Oswald de Andrade
na geleia geral
pelos becos botecos e pelos
bares da cidade
literofagia
Geleia Geral – Revirando a Tropicália
Semana de 22 – 100 Anos Depois
Dia 24 – junho -2202 – 19h
Local: Santa Paciência Casa Criativa
Rua Barão de Miracema, 81 – Campos dos
Goytacazes-RJ
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Recado que recebo via zap do meu querido Adriano Moura que neste momento se encontra num giro pela Europa fazendo
palestras em Universidades na Espanha e em Portugal.
"Amanhã falarei, dentre outros assuntos,
sobre sua poesia na Universidade Fernando Pessoa, em Porto."
Para quem não sabe Adriano Moura é Professor do
IFF e Doutor em Literatura pela Universidade Federal de Juiz de Fora-MG. E é
dele o prefácio do meu ainda inédito O Homem Com A Flor Na Boca : Deus Não Joga
Dados.
Bric a Bac Dia
4 agosto relançamento em Belo Horizonte
era um vez um mangue
e por onde andará Macunaíma
na tua carne no teu sangue
na medula no teu osso
será que ainda existe
algum vestígio de Macunaíma
na veia do teu pescoço?
Deus não joga dados
mas a gente lança
sem mesmo saber se alcança
o número que se quer
mas como me disse Mallarmè
- a vida não é lance de dedos
a vida é lança de Dardos
Deus não arde no fogo
mas eu ardo
Artur Gomes
poema publicado nesta edição da Bric a Brac
- 2022 – 100 Anos Depois o pau brasil sangra
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Dia 26 – agosto - 2022 – 19h
Geleia Geral – Revirando A Tropicália
Semana de 22 – 100 Anos Depois
Santa Paciência – Casa Criativa
Rua Barão de Miracema, 81 – Campos ex-dos
Goytacazes-RJ
quixaba uma palavra estranha
assim como katchup guanabara guaxindiba
guarapari lembra-me índio capixaba
goiaba carne vermelha
teu corpo nu diante do espelho
página do livro onde te grafitei
em couro cru & carne viva
alga marinha nascida em mar de angra
a flor da pele ainda sangra
como último beijo mordido na boca
sem sinal de despedida
hoje
nesse tempo frio
me perdi de vista
bem na beira mar
quase beira rio
Federika Lispector
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o curral das
merdavilhas
o brasil já foi ilha de vera cruz
e nunca foi ilha
já foi terra de santa cruz
e nunca foi santa
hoje ninguém mais se espanta
com o volume das trapaças
no curral das merdavilhas
Artur Fulinaíma
https://ciadesafiodeteatro.blogspot.com/
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