quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

para fernando aguiar

Para Fernando Aguiar

Redes em pânico
pescam esqueletos no mar
esquadras descobrimento
espinhas de peixe convento
cabrália esperas relento
e um cheiro podre no AR
como segurar um barco
em meio a tempestade
se está dificilíssimo navegar 


Jura secreta 10

fosse o que eu quisesse
apenas um beijo roubado em tua boca
dentro do poema nada cabe
nem o que sei nem o que não se sabe

e o que não soubesse
do que foi escrito
está cravado em nós
como cicatriz no corte
entre uma palavra e outra
do que não dissesse

Artur Gomes
Juras Secretas
Editora Penalux – 2018

www.secretasjuras.blogspot.com

poema atávico


e se a gente se amasse uma vez só
a tarde ainda arde primavera tanta
nesse outubro quanto
de manhãs tão cinzas

nesse momento em Bento Gonçalves
Mauri Menegotto termina
de lapidar mais uma pedra
tem seus olhos no brilho da escultura

confesso tenho andado meio triste
na geografia da distância
esse poema atávico tem
a cor da tua pele
a carne sob os lençóis
onde meus dedos
ainda não nasceram

algum deus
anda me pregando peças
num lance de dados mallarmaicos
comovido
ainda te procuro em palavras aramaicas
e a pele dos meus olhos anda perdida
em teu vestido

Artur Gomes
Do livro O Poeta Enquanto Coisa
Editora Penalux – 2020
Leia mais no blog

www.secretasjuras.blogspot.com

O poeta é um fingidor

chove aqui dentro
mais do que lá fora
eu tenho pressa
de olhar teus olhos
nesse mar de angra
o pau brasil sangra

enquanto isso
ela passeia no egito
entre templos sagrados
dessas múmias quânticas

me perdoa
o poeta é um fingidor
mas eu não sou Fernando Pessoa

Artur Gomes
por onde andará Macunaíma?

BRIC XXII

O Pau Brasil Sangra

A revista de poesia experimental Bric-a-Brac, volta a circular em junho, com lançamento nacionais a partir de Brasília.

Com base na experimentação poética modernista, a Bric que circulou nos anos 80/90, apresentou ao público leitor brasileiro entrevistas históricas e peças literárias surpreendentes , como o poema erótico-pornô “A Cópula” escrito por Manuel Bandeira à maneira de Bocage. Nela também foi publicada a primeira grande entrevista escrita do poeta pantaneiro Manoel de Barros, que passou a fazer parte de suas obras completas.

Agora, a revista ganhou um novo título e logomarca - BRIC XXII -, em celebração ao centenário de Semana de Arte Moderna de 22. e volta a circular com força total.

A BRIC XXII está no prelo, terá 110 páginas, cerca de 60 participantes, poetas visuais, experimentais e com poemas escritos com alto teor de críticas sociais.

Artigos, comentários e entrevistas. Fotografias atuais e de um passado recente.

O destaque fica por conta do artigo “22 e Noigandres”, onde o poeta concreto-paulista Augusto de Campos, aos 91 anos, faz um balanço de suas atividades e dos companheiros do grupo Noigandres -Haroldo de Campos e Décio Pignatari - com os modernistas Mário e Oswald de Andrade.

Outro destaque inédito: o poema acadêmico Antônio Carlos Secchin abriu sua biblioteca de 20 mil exemplares para mostrar as edicões originais dos 10 livros mais influentes da êpoca da Semana de Arte Modena de SP.

BRIC XXII foi Editada totalmente em Beagá pelo poeta/jornalista Luis Turiba, pelo ilustrador e programador visual Romulo Garcias e pelo poeta-arquiteto João Diniz, com o luxuoso apoio logístico de Luca Andrade, do Rio de Janeiro.

A BRIC foi lançada em junho no restaurante Beirute-Sul, em Brasilia. Depois, em BH, no espaço cultural Asa de Papel; no Rio de Janeiro na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI); e em São Paulo, provavelmente na Casa das Rosas, na Avenida Paulista.

Há convites para lança-la em outras capitais com Recife, Porto Alegre e Salvador.

Obrigado pelo apoio ao nosso processo de pré-venda

Luis Turiba, editor
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https://fulinaimagens.blogspot.com/ 

Literofagia

comer a palavra
degustar
deglutir
digerir
vomitar
poesia
eu bebo
eu como
Oswald de Andrade
na geleia geral
pelos becos botecos e pelos
bares da cidade
literofagia

Geleia Geral – Revirando a Tropicália
Semana de 22 – 100 Anos Depois
Dia 24 – junho -2202 – 19h
Local: Santa Paciência Casa Criativa
Rua Barão de Miracema, 81 – Campos dos Goytacazes-RJ
Leia mais no blog
https://fulinaimagens.blogspot.com/

Recado que recebo via zap do meu querido Adriano Moura que neste momento se encontra num giro pela Europa fazendo palestras em Universidades na Espanha e em Portugal.

"Amanhã falarei, dentre outros assuntos, sobre sua poesia na Universidade Fernando Pessoa, em Porto."

Para quem não sabe Adriano Moura é Professor do IFF e Doutor em Literatura pela Universidade Federal de Juiz de Fora-MG. E é dele o prefácio do meu ainda inédito O Homem Com A Flor Na Boca : Deus Não Joga Dados.

Bric a Bac Dia
4 agosto relançamento em Belo Horizonte

era um vez um mangue
e por onde andará Macunaíma
na tua carne no teu sangue
na medula no teu osso
será que ainda existe
algum vestígio de Macunaíma
na veia do teu pescoço?

Deus não joga dados
mas a gente lança
sem mesmo saber se alcança
o número que se quer

mas como me disse Mallarmè
- a vida não é lance de dedos
a vida é lança de Dardos

Deus não arde no fogo
mas eu ardo

Artur Gomes
poema publicado nesta edição da Bric a Brac - 2022 – 100 Anos Depois o pau brasil sangra

leia mais no blog https://centrodeartefulinaima.blogspot.com/

Dia 26 – agosto - 2022 – 19h
Geleia Geral – Revirando A Tropicália
Semana de 22 – 100 Anos Depois
Santa Paciência – Casa Criativa
Rua Barão de Miracema, 81 – Campos ex-dos Goytacazes-RJ

quixaba uma palavra estranha
assim como katchup guanabara guaxindiba
guarapari lembra-me índio capixaba
goiaba carne vermelha
teu corpo nu diante do espelho
página do livro onde te grafitei
em couro cru & carne viva
alga marinha nascida em mar de angra
a flor da pele ainda sangra
como último beijo mordido na boca
sem sinal de despedida


teu cheiro
é como formigueiro
atiça meus sentidos

hoje
nesse tempo frio
me perdi de vista
bem na beira mar
quase beira rio

Federika Lispector

www.fulinaimacarnavalhagumes.blogspot.com

o curral das merdavilhas

o brasil já foi ilha de vera cruz
e nunca foi ilha
já foi terra de santa cruz
e nunca foi santa
hoje ninguém mais se espanta
com o volume das trapaças
no curral das merdavilhas

Artur Fulinaíma
https://ciadesafiodeteatro.blogspot.com/ 



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