sábado, 25 de maio de 2024

sentença

soberba

 

a noite longa

por entre os

paralelepípedos

 

e Jaguarão

se espreme entre

a pote e o cerro

 

passo a passo

o olhar adensa

 

no delito da espera

na podridão da

virtude

 

um galo geme

e o dia amanhece

 

Lau Siqueira

In o inventário do pêssego

CASA VERDE – Porto Alegre-RS – 2020

leia mais no blog

Mostra Visual De Poesia Brasileira

https://fulinaimacarnavalhagumes.blogspot.com/




Balbúrdica

 

 desmatamento

só dá lucro pra quem mata

e o resultado final

é sempre uma desgraça

 (Federico Baudelaire)

As Flores do Mal-Me-Quer


BalburdianaMENTE


Wally Salomão muito bem já me dizia: experimentar o experimental

 - o brazyl é uma tragédia norte sul geral :

metaforicamente

 braziliricamente

fulinaimicamente

 sagarinicamente

 balburdianaMente

 verdadeiramente

 

o desmatamento no rio grande mata –

em são paulo a PM por ordem do governador espanca estudantes na assembleia legislativa que se manifestavam contra a criação de escolas cívico-militares e os deputados neonazistas aprovam a lei para instaurar no estado essas escolas para uma ditadura escancarada

 

no  rio de janeiro de forma cinicamente deslavada  o TRE absolve a corrupção - diante disso só me resta uma sentença do

Salgado Maranhão (EuGênio Mallarmè) As Flores Do Bem-Quer

 

SENTENÇA

 

faz muito tempo que eu venho

nos currais deste comício,

dando mingau de farinha

pra mesma dor que me alinha

ao lamaçal do hospício.

 

e quem me cansa as canelas

é que me rouba a cadeira,

eu sou quem pula a traseira

e ainda paga a passagem,

eu sou um número ímpar

só pra sobrar na contagem.

 

por outro lado, em meu corpo,

há uma parte que insiste,

feito um caju que apodrece

mas a castanha resiste,

 

eu tenho os olhos na espreita

e os bolsos cheios de pedras,

eu sou quem não se conforma

com a sentença ou desfeita,

eu sou quem bagunça a norma,

eu sou quem morre e não deita.

 

Salgado Maranhão


 AR

Dedicado ao poeta Afonso Felix de Sousa, em memória

 

poema é raiz

que em silêncio cresce

sopro sem nenhum alarde

como se o ar para existir

precisasse da absoluta urgência da tarde

poema é fome

que a pedra arranha

na lâmina que dita o corte

como se a vida para existir

precisasse da absoluta urgência da morte

poema é feito novelo

olho noturno

desterro

como se a sombra para existir

precisasse da absoluta urgência do espelho

poema é susto

risco de rio lento

como se o poeta para existir

se dissolvesse no vento

(Tanussi Cardoso: em A medida do deserto, dentro da coletânea Rios, Ibis Libris, 2003)

Leia mais aqui

https://artecult.com/sextas-poeticas-confira-o-poema-ar-de-tanussi-cardoso-e-suas-dicas-culturais-da-semana/


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Por ONde Andará Macunaíma?

espiã confessa pedra que voa depois que choveu pedra em São Francisco do Itabapoana no final de 2024, por ficarem sem saber se gelo ou grani...