OS PASSARINHOS
Por onde
eu caminho
vejo
passarinhos que morrem.
Eles caem
das alturas,
caem das
nuvens
mais
escuras e morrem.
Ou
simplesmente, pousam e morrem.
Não há
canto, nem gemido
sobre os
pedregulhos que guardam as almas.
Morrem os
passarinhos
quando
acordam as árvores.
Celso de Alencar
fosse essa jura sagrada
como uma boda de sangue
às 5 horas da tarde
a cara triste da morte
faca de dois gumes
naquela nova granada
e Federico Garcia Lorca
naquela noite de Espanha
não escrevesse mais nada
Artur Gomes
Poema do livro Juras Secretas
Editora Penalux - 2018
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PÁSSAROS MORTOS
"De que adiantaram / os poemas / Que te
escrevi / ao longo desses anos?"
(André
Giusti)
Te enviei mil pássaros tão belos /
prendeste-os todos em gaiolas de ouro. /
Um dia, quando os quis de volta /
não sabiam mais de suas asas. /
Morreram todos /
como morrem os poemas que não têm língua; /
como morrem os amores que não aprenderam a voar.
TANUSSI CARDOSO
não sou eu mas parecia e ser bem que poderia
soube que um poeta em sampa está a me olhando com olhos de desejos que me
arrepiam atiçando as tentações faço de tudo para que Baudelaire não saiba pois
do jeito que o Federico anda ultimamente é capaz de me esganar se desconfiar
desses olhares de fogo
Rúbia Querubim
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a cidade dos sonhos
sonhei que estava descendo em uma cidade desconhecida que nunca
tinha ido e tinha uma menina me esperando - mas não consegui identificar que
cidade era e nem a menina consegui reconhecer procurei na fotografia não encontrei
aviste um oceano Atlântico fui à beira mar e acordei
Artur Fulinaíma
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não fosse esse punhal de prata
mesmo se fosse e eu não quisesse
o sangue sob o teu vestido
o sal no fluxo sagrado
sem qualquer segredo
esse rio das ostras
entre tuas pernas
o beijo no instante trágico
a língua sem que ninguém soubesse
no silêncio como susto mágico
e esse relógio sádico
como um Marquês de Sade
quando é primavera
Artur Gomes
Poema do
livro Juras Secretas
Editora Penalux - 2018
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