quinta-feira, 18 de abril de 2024

Múltiplas Poéticas


(I)MORTALIDADE

        A Augusto dos Anjos


Carpe Dien, o quanto puderem

a par do que nos tinte a epiderme

pois, todos seremos alvos, um dia.

Nossos rostos e corpos, lívidos

sobre uma mesa de metal, fria.

 

Com o branco marfim das carcaças

iremos, sem raça, sem cor ou etnia

mamelucos e ou negroides

caucasianos, o que for

sem as tradições culturais

sem o orgulho e o preconceito

as nossas emoções, sem mácula

veleidade, e, afinal, sem a verba vil

que nos perfilia, hoje em dia

mais do que os nossos pais.

 

Iremos, e só os vermes nos farão

a indesejada companhia

na placidez completa

dos nossos íntimos desertos.

 

Os amores que já tivemos

serão, por fim, pacificados

na vaga lembrança, que fica

naqueles que permanecem.

Não teremos o eito doloroso

nem o prazer de amar

ou de caminhar pela cidade.

Seguiremos, todos mortos

para o limbo, sem jaça e gozo

sem a onipresença do mar

que continuará vivo, sem nós.

 

Não mais usaremos o proscênio

para a oralidade grave ou dura

de nossa pequena voz.

Apenas se verão as cenas estáticas

de uma opera enfadonha

para a performance do ridículo declinar

rumo ao lapso da memória

da imerecida glória, que, muitas vezes

nos foi negada.

De tudo o que importa, só nos restará

o entusiástico aplauso do nada.                          

 

Ricardo Sant'Anna Reis

não sou anjo

apesar do Querubim

sou da luta

quase puta

 nos bordéis do SerAfim

 

Rúbia Querubim

 direto de Iriri do Espírito Santo

 para a Balbúrdia Poética no Rio de Janeiro - se  não fosse tão longe estaria com vocês nessa Balbúrdia- beijos e abraços –

"poesia sempre poesia cada vez mais" -


              Eu quero beijos vermelhos

 que deixam marcas de baton

 nos espelhos  

 

 Federika Lispector

- direto de Recife - para o Varal de Poesia - Mostra Visual De Poesia  Brasileira - Múltiplas Poéticas  - Poesia Em Movimento - Sarau Campos VeraCidade

Leia mais no blog

https://fulinaimacarnavalhagumes.blogspot.com/


BAIAFRO

 

essa áfrica nos meus olhos

e navegar é minha sina

em toda febre todo fogo

que incendeia o continente

nos teus olhos de menina

eu sou um poeta

e nunca fui a china

mas vermelho é o meu sangue

desde que nasci

  

Artur Gomes

Suor & Cio

MVPB Edições – 1985

https://arturgomesgumes.blogspot.com/

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