(I)MORTALIDADE
A Augusto dos Anjos
Carpe Dien, o quanto puderem
a par do que nos tinte a epiderme
pois, todos seremos alvos, um dia.
Nossos rostos e corpos, lívidos
sobre uma mesa de metal, fria.
Com o branco marfim das carcaças
iremos, sem raça, sem cor ou etnia
mamelucos e ou negroides
caucasianos, o que for
sem as tradições culturais
sem o orgulho e o preconceito
as nossas emoções, sem mácula
veleidade, e, afinal, sem a verba vil
que nos perfilia, hoje em dia
mais do que os nossos pais.
Iremos, e só os vermes nos farão
a indesejada companhia
na placidez completa
dos nossos íntimos desertos.
Os amores que já tivemos
serão, por fim, pacificados
na vaga lembrança, que fica
naqueles que permanecem.
Não teremos o eito doloroso
nem o prazer de amar
ou de caminhar pela cidade.
Seguiremos, todos mortos
para o limbo, sem jaça e gozo
sem a onipresença do mar
que continuará vivo, sem nós.
Não mais usaremos o proscênio
para a oralidade grave ou dura
de nossa pequena voz.
Apenas se verão as cenas estáticas
de uma opera enfadonha
para a performance do ridículo declinar
rumo ao lapso da memória
da imerecida glória, que, muitas vezes
nos foi negada.
De tudo o que importa, só nos restará
o entusiástico aplauso do nada.
Ricardo
Sant'Anna Reis
não sou anjo
apesar do Querubim
sou da luta
quase puta
nos bordéis do SerAfim
Rúbia
Querubim
direto de Iriri do
Espírito Santo
para a Balbúrdia
Poética no Rio de Janeiro - se não fosse
tão longe estaria com vocês nessa Balbúrdia- beijos e abraços –
"poesia sempre poesia cada vez mais" -
Eu quero beijos vermelhos
que deixam marcas de
baton
nos espelhos
Federika Lispector
- direto de Recife - para o Varal de Poesia - Mostra Visual De
Poesia Brasileira - Múltiplas
Poéticas - Poesia Em Movimento - Sarau Campos
VeraCidade
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BAIAFRO
essa áfrica nos meus olhos
e navegar é minha sina
em toda febre todo fogo
que incendeia o continente
nos teus olhos de menina
eu sou um poeta
e nunca fui a china
mas vermelho é o meu sangue
desde que nasci
Artur
Gomes
Suor & Cio
MVPB Edições – 1985
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