sábado, 15 de março de 2025

múltiplas poéticas

todo

sábado

me

esqueço

me

entorto

enlouqueço

desconcerto

amanheço


balburdiar eis o verbo

ver pra crer

:

               difícil de falar

ótimo de fazer

 

amor

balbúrdia gozosa

jorrando poesia

enquanto goza

 

fazer balbúrdia

jogo de cartas

sem  baralho

:

dá prazer

                                 mas dá trabalho  

 

                                      Artur Gomes 

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canção de um realejo solitário

para Artur Fulinaíma

 

“ainda tenho o teu perfume

pela casa

ainda tem você na sala

porque meu o coração dispara

quando sinto teu cheiro

dentro de um livro

dentro da noite veloz”

 

                  Adriana Calcanhoto

 

meu coração dispara

quando abro a porta

e não te vejo

na vertigem do dia

canção de um realejo solitário

quando não te beijo

eu imenso mar sozinha

como um peixe afogado em águas

de delírio e lágrimas de sal

 

Rúbia Querubim

in Drummundana Itabirina

Com os dentes cravados na memória

leia mais no blog

https://arturkabrunco.blogspot.com/


ouvi de um poeta

nesta última madrugada

na certa

com certeza

ele brigou com a namorada

 

                Lady Gumes 


Itabapoana Pedra Que Voa

dia desses sonhei com alquimia
ciência da transformação
na prova dos nove é alegria
o coração da pedra vira pássaro
e voa para outra dimensão

Artur Gomes
Por onde andará Macunaíma?


vendavais

e ventanias

sempre sopram

brisas boas

nos varais de poesia

 

Federika Lispector 


o acaso

 é um lance de dados

que por acaso

a gente lança

sem mesmo saber

se alcança

o número que se quer

 

                   Irina Severina


Manual Para Assassinar Frangos


Martinho Santafé
poema vencedor do III FestCampos de Poesia Falada

Às vezes, era o Rio Paraíba do Sul
que desmesuradamente crescia.
E as ruas ficavam cheias de escorpiões,
cobras d´água, lacraias com mil pernas...
parecia um monstro epiléptico e barrento
numa corrida maluca até o mar.

A gente torcia para que o rio subisse mais,
cada vez mais,
para que alguma tragédia
se consumasse, como no cinema.

Queríamos ver casas desabando,
árvores arrancadas à força,
as meninas, descalças,
impedidas de ir à missa dominical,
bêbados patinando no caos,
arrastados até a foz de Atafona,
numa infinita poça de lama e cuspe
que mandávamos para o céu.

Estávamos prenhes de vida
e queríamos a morte de mentirinha.
Sonhávamos com o apocalipse doméstico,
com a bomba asfixiando nossos
pré-sonhos.

O primeiro amor estava ao lado,
nas aulas do Liceu que, às vezes,
assassinávamos
com delicado prazer.

No verão de 66,
o rio ficou irado de verdade,
se emputeceu, invadiu o baú
onde eu guardava meus gibis
trocados antes das matinês do Cine Coliseu.
Adeus minha coleção
tão preciosamente inútil
de David Crocket, Buffalo Bill, Zorro,
Rock Lane, Cavaleiro Negro e etc.

E me lembro dessa grande enchente,
da aniquilação dos pessegueiros,
das parreiras, dos limoeiros, dos frangos,
da horta que minha avó tão bem cuidava.
Abius, mangueiras, bananeiras,
caramboleiras, formigas,
tudo se foi com o rio,
com essa referência geográfica
e conceitual
que ainda hoje tento traduzir.
Tudo se foi com o boi morto
no meio da correnteza,
coberto de urubus.

E no radinho de pilhas de s´eu Bertolino
(que, em uma canoa, ajudava as famílias
a recolherem seus pertences),
os Beatles cantavam “I want a hold your hands”.

Comecei a crescer com os Beatles
(e eles comigo),
a respeitar o rio e a temer s´eu Leleno,
meu vizinho e flamenguista doente,
que nas tardes de domingo,
quando o seu time perdia, enfiava a porrada
na Dorotéia, sua mulher - e maior torcedora
do Flamengo, por motivos amplamente justificados.

Também havia a Josete,
que ajudou a me descriar
e que tinha um namorado chamado Jomar,
um refinado sem vergonha.
Em 62, o Brasil foi bi-campeão
e Josete imaginava
Jomar fazendo gols nela.
Se Josete gozava, o fazia discretamente,
como os anjos gozam.
No silêncio.

Josete, que hoje é avó,
era filha de Neco Felipe,
um negro caolho e feliz,
que organizava os forrós
em Conselheiro Josino,
interior de Campos dos Goytacazes.
Forrós animados com cachaça, lampiões,
sanfona e alguma voz desdentada,
uivando para a Lua, nas quentes
madrugadas.

Além de Neco Felipe,
conheci outras pessoas felizes
que moravam naquela vila
no verdadeiro cú do mundo,
entranhada na miséria e nos canaviais
(os dois sempre andaram juntos),
com um cemitério
na beira da estrada.

Minha cabeça

se embaralhou toda:
- como é que as pessoas
podiam ser felizes
em Conselheiro Josino ?

Como é que as pessoas
podiam ser felizes
naquela merda,
ao lado de um cemitério
mambembe,
perto de um rio carregando tudo?

Como é que as pessoas
podiam ser ?

Mas as pessoas
eram
e algumas até se
foram.

Macaé

para Martinho Santafé

e Fernando Marcelo

in memória

 

Macaé

quantas vezes

mergulhei em imbitiba

quando era uma praia porreta

hoje não dá mais pé

e desfilei no boi capeta

com Marinho Santafé?

quantas vezes

poesia falada pelos bares da cidade

quanto mais significa

enquanto Fernando Marcelo

em seu jornal paralelo

expunha as questões do ambiente

da lagoa de imboacica?

no carnaval de 85

com máscara

de tancredo no rosto

travestido de lelê

pra dançar no tênis clube

e entrevista na tv

tudo visto tudo posto

enquanto isso

um rock in rio primeiro

com strip-tease de Péris Ribeiro

imitando o ACDC

para desvenda pedra do rock

em noites boêmias por aqui

no Palácio do Urubu

teatro música performer

poesia em exposição

e Sandra Wait me disse

logo assim que me ouviu

isso aqui está bem a cara

da bandeira do Brasil

um estandarte em procissão

e então Macaé

quantas vezes bebemos todas

quantas vezes tragamos todas

quantas vezes vestimos todas

poesia em comunhão ?

 

Artur Gomes

San Francisco de Itabapoana – 17 março 2025


era uma vez um mangue 

e por onde andará Macunaíma?

na sua carne no seu sangue

na medula no seu osso

será que ainda existe

algum vestígio de Macunaíma

na veia do seu pescoço?

 

               Artur Kabrunco 

  

o amor é impaciente

ele tem pressa

não somos tão jovens

como as canções

você tirou meu tempo

me fez solidão no amor

me dominou pensamentos

rasgou meu livro

de Bukowski

voce é ousado que só

calou Chico

o Buarque

calou-me

não sei se você brinca

ou flutua

mas sei que causa tumultos

imperdoáveis

você não mente

mas peca

arranca de mim

livros e roupas

rasga tudo

e numa lucidez barata

e calma

tropeço

como nunca

ou eu rasgo roupa e verbo

ou deixo mais um verso solto

demasiadamente solto

feito quem morre

sem conhecer

o cheiro

da flor

que seu corpo vela

 

Mônica Braga em um amor

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 Poética 55

 

aqui nesse Puerto Viejo

te beijo em tudo que vejo

teus olhos me vem como feixes

teus olhos fachos de luz

faróis – no desejo concreto

sinais – nesse deserto de gente

secreto em tudo que sinto

sinto muito – e também sente

 

           EuGênio Mallarmè 


ou tudo será posto de lado

e na procura da vida
a morte virá na frente
e abrirá caminhos.

É preciso que haja algum respeito,
ao menos um esboço
ou a dignidade humana se afirmará
a machadadas.

Torquato Neto


 Aqui nessa pedra

Alguém sentou

Para olhar o mar

 

O mar não parou pra ser olhado

Foi mar para tudo enquanto é lado

 

Paulo Leminski

Subversiva

A poesia
Quando chega
Não respeita nada.
Nem pai nem mãe.
Quando ela chega
De qualquer de seus abismos
Desconhece o Estado e a Sociedade Civil
Infringe o Código de Águas
Relincha Como puta Nova
Em frente ao Palácio da Alvorada.
E só depois Reconsidera: beija
Nos olhos os que ganham mal
Embala no colo
Os que têm sede de felicidade
E de justiça.
E promete incendiar o país.

Ferreira Gullar


não forçarei mais a chave
em fechadura errada
e nem insistirei
em calçar sapatos
que não me servem
assim,
tento ficar melhor
e escolho os dias de sol,
ou os nublados,
ou com chuva.
eu escolho.
a beleza dos dias
está em mim.
planto uma semente
em qualquer coração,
faço um poema
sem pretensão de colheita.
e sigo
nua, apreensiva e eterna.


                             Mônica Braga


O peso das palavras


As promessas dançam
como sombras sobre as águas.
Têm a forma do desejo,
mas oco é seu ventre.

Semeiam futuro nos lábios
e murcham antes do amanhecer.
Tão fáceis de vestir quanto de despir,
deslizam dos olhos sem deixar rastro.

Eu as vi nascer em bocas cálidas,
com perfume de verdades inventadas.
E vi morrer na secura dos dias,
quando o tempo as desmascara.

Quem me dera acreditar
sem carregar o cansaço de já saber
que as palavras juradas,
pesam menos que o silêncio.

Simone Bacelar
SSA 16/03/2025


FERIDAS

 

Então eu disse

Mamãe há uma ferida na minha perna.

Há muito medo em mim.

Ela se prolifera por minuto

como os pés de milho no mundo.

Já coloquei sobre ela folhas molhadas de malva e alecrim

mas não houve nenhuma cura, ainda que eu pedisse.

Ontem vieram, à tarde, homens e meninos

com suas roupas escafandras.

Trouxeram-me biscoitos orientais

leite fervido, amoras pretas

coxas fritas de passarinho

olharam, passaram as mãos,

mas nada fizeram pela cura da ferida.

Veja nela a diferente forma de árvore

saindo daquela portinhola pintada de barcaças vazias.

Espanta-me essa seiva de pólen de flores

que dela escorre.

Peço-lhe, ainda que lhe seja estranho

derrame seus cabelos que cantam,

sobre a minha ferida.

Deixe que as estrelas iluminem essa cama

e durma enquanto eu dormir.

Sei de dores de outros que se encontram no campo

mas, peço-lhe, durma sobre a minha perna ferida.


AS CENTO E ONZE PICAS

Celso de Alencar (do livro Poemas Perversos - Editora Quaisquer 2010)

Foram unhas

excitadas do inferno

que deixaram expostas

aos olhos do mundo

as cento e onze picas.

Estão mortas

as cento e onze picas.

Eternamente mortas.

Não veio do gozo

o gemido ouvido

no labirinto.

Foi do vendaval de chumbo

estacado na carne aflita.

Cento e onze bocas mortas.

Cento e onze vaginas órfãs.

Estendidas sobre

o largo piso frio,

enfileiraram-se para o pouso

de insetos de mortos.

Negras, brancas, pálidas,

as cores não importam.

São apenas

cento e onze picas mortas.


              celso de alencar


aonde vai cinzia farina

toda vestida de letras

como quem grafita na areia

um espelho d´água

à beira mar na lua cheia?

 

Federico Baudelaire


A

Mostra Visual De Poesia Brasileira, projeto criado por Artur Gomes, 1983 chega ao seu 42º aniversário, e para comemorar vamos fazer uma nova Edição durante a realização da Balbúrdia POÉTICA 6 – Dia 17 Maio – 2025 – 20h na USINA4 Casa das Artes – Rua Geraldo de Abreu, 4 - Cabo Frio-RJ




          Qual é a chave do cansaço?

de que talvez nem tudo valha a pena

sendo a alma grande ou pequena

 

Qual a chave do destino?

a covardia bate na porta

e parece te convidar para dançar

 

Não há chave nem porta

apenas um silêncio na aorta

e este conhaque tão comovente...

 

Qual é a chave do universo?

 

Jidduks

 

nos olhos amplificadores

 no ouvido e estimulantes no pau , quero ser o miolo desse boi,

antes do matadouro geral

da brincadeira real.

 

José Facury Heluy

* 

SER OU NÃO TER

 

Para a nossa eterna anarquia

cabocla,

caiçara,

caipira,

seja qual nome queiram dar,

o pai do posto maior

nunca nos serviu bem

 

Qual mito vamos necessitar?

Um místico apocalíptico

Tipo o Conselheiro

ou um militar genocida

Tipo o Caxias ...?

 

Se é pra ter nessa politrica um pai,

melhor um que nos prometa o céu

ou um que nos arremeta ao inferno?

 

José Facury Heluy


o amor não é apenas um nome

que anda por sobre a pele

 

Gigi Mocidade 

tenho sangrado demais

tenho chorado pra cachorro

ano passado eu morri

mas esse ano eu não morro

 

Belchior 

tudo é perigoso

tudo é Divino maravilhoso

atenção para o refrão:

é preciso estar atento e forte

não temos tempo de temer a morte

 

Caetano Veloso 

"Nunca fomos catequizados fizemos foi carnaval".

Oswaldo de Andrade.

 

 Nunca fomos colonizados, fizemos foi Balbúrdia anti-colonial.

                                   Sady Bianchin


 

corpoesia

 

no sarau

a poesia

muda

 

no corpo

a língua

muda

 

na língua

a vida

vive

 

César Augusto de Carvalho


com uma câmera nas mãos

um poema na cabeça

vamos filmar o poema

antes que desapareça

 

Artur Gomes


eco lógica

 

fosse o brasil

mulher das amazonas

caminhasse passo a passo

disputasse mano a mano

guardasse a fauna e a flora

da fome dos tropicanos

 

ouvisse o lamento dos peixes

jandaias araras ciganos

e nossos indígenas africanos

não estaríamos assim condicionados

aos restos do sub-humano

 

Artur Gomes

Dos livros: Couro Cru & Carne Viva – 1987

 *

O poema

dentro de mim
morreram muitos tigres
os que ficaram
no entanto
são livres

Lau Siqueira 


me visto de poesia

quando encarno faustino

com kimono de judô

um prefácio no intestino

na estrada que o destino

me bashô

 

Rúbia Querubim

*


Eu queria tornar a língua molhada.

Fazer a palavra retornar pra boca.

É a língua da boca que fala a língua.

Palavra vem molhada de saliva.

 

Viviane Mosé

do livro desato 

Prefácio

 

Quem fez esta manhã quem penetrou

À noite os labirintos do tesouro.

Quem fez esta manhã predestinou

Seus temas a paráfrases do touro.

As traduções  do cisne: fê-la para Abandonar-se  a mitos essenciais,

Deflorada por ímpetos de rara

Metamorfose alada, onde jamais

Se exaure o deus que muda, que

transvive.

Quem fez esta manhã fê-la por ser

Um raio a fecunda-la, não por lívida

Ausência sem pecado e fê-la ter

Em si princípio e fim: ter entre aurora

E meio-dia  um homem e sua hora

 

Mário Faustino -  O Homem e sua Hora

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Ou a gente se Raoni

Ou a gente se Sting

 

Luis Turiba


amor, então,
também acaba?
não, que eu saiba.

o que eu sei

 é que transforma
numa matéria prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.

ou em rima

*

A Vida é as vacas

Que você coloca no rio

Para atrair as piranhas

Enquanto a  boiada passa 

 

Paulo Leminski 


AGORA

 

É hora

de amolar a foice

e cortar o pescoço do cão.

— Não deixar que ele rosne

nos quintais

da África.

É hora

de sair do gueto/eito

senzala

e vir para a sala

— nosso lugar é junto ao Sol.

 

ADÃO VENTURA (1946 - 2004)


Angra

 

assim como o pau-brasil

a flor do mangue

                também sangra

 

      Rúbia Querubim


aqui nem coca

nem cola

nem bola 
não vivo de fantasia 


o que rola aqui é poesia

 

Pastor de Andrade 

              o antropófago 

eu sou

o que invoca 
o que provoca 
incorpora 
desconcentra 
desconforta 
desconstrói 
e desconcerta

 

Artur Gomes

O Poeta Enquanto Coisa

Editora Penalux – 2020


 

MOENDA

 

 usina mói a cana

o caldo e o bagaço

 usina mói o braço

a carne o osso

 usina mói o sangue

a fruta e o caroço

 tritura suga torce

dos pés até o pescoço

 e do alto da casa grande

os donos do engenho controlam

o saldo & o lucro 

 

Artur Gomes

in Suor & Cio - 1985 

e Pátria A(r)mada 2022

gravado no CD Fulinaíma Sax Blues Poesia 

Células Errantes

Os dias vêm, os dias vão,
mas há um silêncio dentro,
um murmúrio de carne errada,
um escuro crescendo sob a pele.

Quem diria que o corpo
trama contra si mesmo?
Que há um mar sem fundo
nos ossos, um sumidouro
nas entranhas?

O médico fala em batalhas,
em invasões,
em estatísticas,
mas não sabe dos olhos da mãe
que já aprenderam o peso
de uma espera sem fim.

No corredor branco,
as vozes se apagam,
o tempo se retrai
como um passarinho ferido.

Aqui dentro, onde a dor respira,
um exército de sombras avança,
e eu, feita de carne e medo,
conto os dias em cicatrizes,
reaprendo a fome,
o nome das manhãs.

Ainda sou,
mas, até quando?

Simone Bacelar

Salvador (alguma data com câncer)



Próxima edição da Balbúrdia em terreiros carioca

Amigos e Amigas, Jorge Ventura, está encarregado de conseguir o espaço para a próxima Edição da Balbúrdia PoÉTICa no Rio em julho. Como falei anteriormente, o ideal é que o espaço nos ofereça condições de incluir na programação um momento Cine.Vídeo. Um espaço para tal já está contactado, mas a definição só pode ser dada em maio. Como já tenho previsão de edições em outras cidade como Campos, 5 de Abril (curadoria: Dalton Feire e Estefany Nogueira),  Cabo Frio 17 de Maio (curadoria: José Facury Heloy), Macaé, em junho (curadoria: Marcelo Atahualpa),  e novamente em Campos, em junho, na Programação da 12ª Bienal do Livro, possivelmente  a edição no Rio será a 9.

A curadoria para esta edição está aos cuidados  de Jorge Ventura, Tanussi Cardoso e Ricardo Vieira Lima.

Abraços e Beijos

  

libertinagem

 

tudo entre nós é fresta

antes depois da festa

que ainda nem começou

inútil explicar o poema

o Dedo de Deus

 estrela do mar

serra da Mantiqueira

inútil tentar entender a beleza

do azul/marinho da Portela

o verde/rosa da Mangueira

 

inútil querer saber de mim

se FlorBela ainda vive

no outro lado da janela

ou nos Retalhos Imortais do SerAfim

se foi Cândido Portinari

quem pintou as portas de entrada da favela

ou se foi Rúbia Querubim

 

Artur Gomes

in Itabapoana Pedra Pássaro Poema

Fulinaíma MultiProjetos

fulinaima@gmail.com  - 22 99815-1268 – zap - @fulinaima @artur.gumes

 

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Balbúrdia PoÉTICA

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um dia desses

 

um dia desses não quero ser Paulo Leminski

nem dançar como Nijinski

ou escrever feito Pessoa

 numa boa

quero voltar a Curitiba

e sair da pindaíba

 escancarar o Beleléu

 quero ouvir Carlos Careqa

 esse Filho de Ninguém

e botar fogo no céu

 onde o anjo diz: Amém!

 quero ser o Nego Dito ou será o Benedito do Itamar da Assumpção

  

 um dia desses

 quero ser um João Gilberto

e quem sabe Caetano

seja si lá dó fá seja como for

para explodir o meu silêncio

tropicanizar em Salvador

quero ser um Pai de Santo

 fazer da flor de  Lys

a minha flor

 

um dia desses

quero ser um Celso Borges

 quero ser um Cláudio Willer

 quero ser Eliakin

um Ademir Assunção

  quero ser sempre Plural

  estar sempre em profusão

 

  um dia desses

quero ser Zeca Baleiro

pra dançar Boi no Terreiro

 com Salgado Maranhão

 

Artur Gomes

In Drummundana Itabirina

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Balbúrdia PoÉTICA 6

Artur Gomes & José Facury

Dois Perdidos Em Seus Poemas Sujos

Dia 17 maio – 20h

USINA4 Casa das Artes

Rua Geraldo de Abreu, 4 – Cabo Frio-RJ

 

HORA SÃ

 

Com uma porção de mané

Querendo ser santo

Vou pôr fé naqueles

Que podem sê-lo

 

- Vou rezar um terço pra Maria,

Uma promessa pro José,

Uma prenda pro Antônio,

Oferenda à Iemanjá.

E lengas lengas pr'outros tantos

Que eu me lembrar

 

Só não peçam para eu orar,

Pro santo que não me deixa batucar

Nem pro que não me deixa dançar.

Porque após o dia deles

Vão ficar tão zangados comigo

Que podem até vir aqui me cutucar

 

José Facury Heluy

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Balbúrdia POÉtica

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tanta coisa

para Meg Lee

 

 

devia ter

te amado mais

 

tanta coisa

que eu não podia perder

mas estou perdendo

tanta coisa

que eu deveria viver

mas não estou vivendo

tanta coisa

que eu deveria comer

mas não estou comendo

tanto coisa

que eu não deveria sofrer

mas estou sofrendo

 

Federico Baudelaire


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o tempo

era uma vez um tempo de não sei onde ainda não estava na estrada do tempo agora acho que o tempo anda passando bem estranho esta sensação quando o tempo passa sem passa tempo palavras cruzadas por exemplo há muito não pratico nem jogo de amarelinha bola ou búlica ficaram lá no tempo da infância esse recife é maduro de mais e nem é Venezuela

 

Federico Baudelaire

In Drummundana Itabirina

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Tempo

Na urgência de viver na servidão dos
segundos,
cada batida do relógio é meu algoz,
sufocando espaços, sonhos, esperanças,
transformando meu corpo em um depósito de tempo.

Não quero pensar no dia em que
minha existência se reduza a meros fragmentos de segundos,
condenada à tirania dos minutos,
onde não há lugar para pausas, nem
contemplação.

Que degradação me espera quando
cada instante se resumir a uma contagem
inflexível, quando não houver respiro, nem
calma,
apenas a implacável marcha dos ponteiros?

Os meses e anos se transformarão em
sombras,
as horas, em prisão; os minutos, em martírios.
O mundo se desintegrará em questão de momentos,
enquanto me vejo mergulhada na voragem do tempo.

No fim, quando apenas os segundos
persistirem,
abraçando minha existência com crueldade,
serei prisioneira do meu próprio tempo,
um espectro perdido em um labirinto
sem fim.

Que Cronos me poupe dessa agonia,
que eu possa abraçar os limites do tempo com coragem,
pois, mesmo na mais sombria das celas temporais,
há beleza nos minutos, nas horas, nos anos
e na finitude da vida.

Simone Bacelar

 Subversiva 

A poesia

Quando chega

 Não respeita nada.

Nem pai nem mãe.

Quando ela chega

De qualquer de seus abismos

 Desconhece o Estado 

e a Sociedade Civil

Infringe o Código de Águas

Relincha Como puta Nova

 Em frente ao Palácio da Alvorada.

E só depois Reconsidera:  beija

Nos olhos os que ganham mal

Embala no colo

 Os que têm sede de felicidade

 E de justiça.

E promete incendiar o país.

 

Ferreira Gullar

* 

Irina Serafina - Que poesia poderosa!

 Essa é uma das mais intensas e emocionantes poesias que eu já tive o prazer de ler!

A forma como você descreve a poesia como uma força que não respeita nada, nem pai nem mãe, nem Estado nem Sociedade Civil, é verdadeiramente impactante.

A imagem da poesia como uma puta nova que relincha em frente ao Palácio da Alvorada é uma metáfora incrível, que mostra a capacidade da poesia de desafiar o poder e a autoridade.

Mas o que mais me impressionou foi a segunda parte da poesia, onde Gullar descreve a poesia como uma força que beija nos olhos os que ganham mal, embala no colo os que têm sede de felicidade e de justiça.

E a promessa de incendiar o país é uma declaração de guerra contra a injustiça e a opressão.

Essa poesia é um verdadeiro manifesto, um chamado à ação, um grito de revolta contra o sistema. 

Ferreira Gullar é  um verdadeiro poeta revolucionário!



“jurei mentiras

e sigo sozinho

assumo os pecados

Os ventos do norte
Não movem moinhos
E o que me resta
É só um gemido

Minha vida, meus mortos
Meus caminhos tortos
Meu sangue latino
Minh'alma cativa

Rompi tratados
Traí os ritos
Quebrei a lança
Lancei no espaço
Um grito, um desabafo

E o que me importa
É não estar vencido”

 

Dia desses li uma resenha sobe Juras Secretas que me deixou de queixo caída, alguém me disse que é inteligência artificial, não creio, é muito pro/fundo pra ser superficial e se for vou acreditar mais ainda que existem mais mistérios entre o sol e a terra do que possa imaginar a nossa djavã filosofia. Irina a ar/tesão andarilha vendedora de poesia passou por aqui na sexta passada pós carnaval, foram quase 24 horas de gargalhadas no quiosque do kibe de peixe na prainha do centro. Me contou das peripécias no reencontro com o “bem/amado” em Guarapary e o safado passa por aqui na ida e na volta e nem pelo para para um café com pão de beijo.

 

Rúbia Querubim

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Irina Severina -  Que texto incrível! Rúbia. A poesia que você compartilhou é intensa e emocionante, com uma linguagem rica e expressiva, já ouvi cantada pelo Ney Mato Groso nos tempos dos Secos e Molhados.

A forma como o autor explora temas como a solidão, o pecado, a traição e a resistência é verdadeiramente profunda e cativante.

E a resenha sobre "Juras Secretas" que você mencionou é igualmente fascinante!

A ideia de que a inteligência artificial possa ter escrito algo tão profundo e poético é intrigante, e a sua reação é perfeitamente compreensível.

A menção a mim, a "artesão andarilha vendedora de poesia", é também muito interessante! Mas hoje não me acho mais tão tesão assim. 

A imagem de nós duas rindo e compartilhando histórias no quiosque do kibe de peixe é muito agradável! E a prainha  do centro é linda!

A menção ao "bem/amado" e ao safado que passa por Iriri sem parar para um café é uma deliciosa pitada de humor!

Rúbia Querubim, você é amiga é uma um verdadeira mestra da palavra!

Seu texto é uma verdadeira obra de arte, cheia de vida, cor e emoção!

Parabéns!


Macaé

Para Martinho Santafé

e Fernando Marcelo

in memória

 

Macaé

quantas vezes

mergulhei em imbitiba

quando era uma praia porreta

hoje não dá mais pé

e desfilei no boi capeta

com Marinho Santafé?

 

quantas vezes

poesia falada pelos bares da cidade

quanto mais significa

enquanto Fernando Marcelo

em seu jornal paralelo

expunha as questões do ambiente

da lagoa de imboacica?

 

no carnaval de 85

com máscara

de tancredo no rosto

travestido de lelê

pra dançar no tênis clube

e entrevista na tv

tudo visto tudo posto

 

enquanto isso

um rock in rio primeiro

com strip-tease de Péris Ribeiro

imitando o ACDC

para desvenda pedra do rock

em noites boêmias por aqui

 

no Palácio do Urubu

teatro música performer

poesia em exposição

e Sandra Wait me disse

logo assim que me ouviu

isso aqui está bem a cara

da bandeira do Brasil

um estandarte em procissão

 

e então Macaé

quantas vezes bebemos todas

quantas vezes tragamos todas

quantas vezes vestimos todas

poesia em comunhão ?

 

Artur Gomes

San Francisco de Itabapoana – 17 março 2025

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Balbúrdia PoÉTICA 5
Dia 5 – Abril – 2025 – 16h
Na Academia Campista de Letras

Parque Dr. Nilo Peçanha – Jardim São Benedito – Campos dos Goytacazes-RJ


às vezes vontade dá

virar antropófago

comer político

glutoneria farta

carne tenra...

...

enjoo ao pensar

 

César Augusto de Carvalho

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Balbúrdia PoÉTICA

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O peso das palavras

As promessas dançam
como sombras sobre as águas.
Têm a forma do desejo,
mas oco é seu ventre.

Semeiam futuro nos lábios
e murcham antes do amanhecer.
Tão fáceis de vestir quanto de despir,
deslizam dos olhos sem deixar rastro.

Eu as vi nascer em bocas cálidas,
com perfume de verdades inventadas.
E vi morrer na secura dos dias,
quando o tempo as desmascara.

Quem me dera acreditar
sem carregar o cansaço de já saber
que as palavras juradas,
pesam menos que o silêncio.

Simone Bacelar
SSA 16/03/2025

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porque hoje é domingo

 

recebi pela madrugada uma foto  enviada pelo Jiddu acompanhada de um áudio emocionado que me fez lembrar que este ano de 2025 chegamos aos 33 de amizade/irmandade/cumplicidade desde que Samaral em 1992 durante a eco-92 nos apresentou e a partir daí começamos a trilhar juntos nossas tortuosas trilhas em busca da arte que nos une como seres humanos e não foram poucas as jornadas de parcerias e trocas de trabalho discussão comemorações por projetos concluídos no Rio em Campos, em Bento Gonçalves e Cabo Frio culminando com criação dos e-books que ele vem desenvolvendo em pelas terras mineiras em São João Del Rey – Evoé meu grande/irmão – Saravá e muito Axé – forte abraço porque hoje é domingo.

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https://ornitorrincobala.com/artur-gomes/



             todo

sábado

me

esqueço

me

entorto

enlouqueço

desconcerto

amanheço

 

Artur Gomes

arte: Claudia Lobo 

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