todo
sábado
me
esqueço
me
entorto
enlouqueço
desconcerto
amanheço
ver pra crer
:
difícil de falar
ótimo de fazer
amor
balbúrdia gozosa
jorrando poesia
enquanto goza
fazer balbúrdia
jogo de cartas
sem baralho
:
dá prazer
mas dá trabalho
Artur Gomes
https://fulinaimagens.blogspot.com/
canção de um realejo solitário
para Artur Fulinaíma
“ainda tenho o teu perfume
pela casa
ainda tem você na sala
porque meu o coração dispara
quando sinto teu cheiro
dentro de um livro
dentro da noite veloz”
Adriana Calcanhoto
meu coração dispara
quando abro a porta
e não te vejo
na vertigem do dia
canção de um realejo solitário
quando não te beijo
eu imenso mar sozinha
como um peixe afogado em águas
de delírio e lágrimas de sal
Rúbia Querubim
in Drummundana Itabirina
Com os dentes cravados na memória
leia mais no blog
https://arturkabrunco.blogspot.com/
ouvi de um poeta
nesta última madrugada
na certa
com certeza
ele brigou com a namorada
Lady Gumes
Itabapoana Pedra Que Voa
dia desses sonhei com alquimia
ciência da transformação
na prova dos nove é alegria
o coração da pedra vira pássaro
e voa para outra dimensão
Artur Gomes
Por onde andará Macunaíma?
vendavais
Manual Para Assassinar Frangos
Martinho Santafé
poema vencedor do III FestCampos de Poesia Falada
Às vezes, era o Rio Paraíba do Sul
que desmesuradamente crescia.
E as ruas ficavam cheias de escorpiões,
cobras d´água, lacraias com mil pernas...
parecia um monstro epiléptico e barrento
numa corrida maluca até o mar.
A gente torcia para que o rio subisse mais,
cada vez mais,
para que alguma tragédia
se consumasse, como no cinema.
Queríamos ver casas desabando,
árvores arrancadas à força,
as meninas, descalças,
impedidas de ir à missa dominical,
bêbados patinando no caos,
arrastados até a foz de Atafona,
numa infinita poça de lama e cuspe
que mandávamos para o céu.
Estávamos prenhes de vida
e queríamos a morte de mentirinha.
Sonhávamos com o apocalipse doméstico,
com a bomba asfixiando nossos
pré-sonhos.
O primeiro amor estava ao lado,
nas aulas do Liceu que, às vezes,
assassinávamos
com delicado prazer.
No verão de 66,
o rio ficou irado de verdade,
se emputeceu, invadiu o baú
onde eu guardava meus gibis
trocados antes das matinês do Cine Coliseu.
Adeus minha coleção
tão preciosamente inútil
de David Crocket, Buffalo Bill, Zorro,
Rock Lane, Cavaleiro Negro e etc.
E me lembro dessa grande enchente,
da aniquilação dos pessegueiros,
das parreiras, dos limoeiros, dos frangos,
da horta que minha avó tão bem cuidava.
Abius, mangueiras, bananeiras,
caramboleiras, formigas,
tudo se foi com o rio,
com essa referência geográfica
e conceitual
que ainda hoje tento traduzir.
Tudo se foi com o boi morto
no meio da correnteza,
coberto de urubus.
E no radinho de pilhas de s´eu Bertolino
(que, em uma canoa, ajudava as famílias
a recolherem seus pertences),
os Beatles cantavam “I want a hold your hands”.
Comecei a crescer com os Beatles
(e eles comigo),
a respeitar o rio e a temer s´eu Leleno,
meu vizinho e flamenguista doente,
que nas tardes de domingo,
quando o seu time perdia, enfiava a porrada
na Dorotéia, sua mulher - e maior torcedora
do Flamengo, por motivos amplamente justificados.
Também havia a Josete,
que ajudou a me descriar
e que tinha um namorado chamado Jomar,
um refinado sem vergonha.
Em 62, o Brasil foi bi-campeão
e Josete imaginava
Jomar fazendo gols nela.
Se Josete gozava, o fazia discretamente,
como os anjos gozam.
No silêncio.
Josete, que hoje é avó,
era filha de Neco Felipe,
um negro caolho e feliz,
que organizava os forrós
em Conselheiro Josino,
interior de Campos dos Goytacazes.
Forrós animados com cachaça, lampiões,
sanfona e alguma voz desdentada,
uivando para a Lua, nas quentes
madrugadas.
Além de Neco Felipe,
conheci outras pessoas felizes
que moravam naquela vila
no verdadeiro cú do mundo,
entranhada na miséria e nos canaviais
(os dois sempre andaram juntos),
com um cemitério
na beira da estrada.
Minha cabeça
se embaralhou toda:
- como é que as pessoas
podiam ser felizes
em Conselheiro Josino ?
Como é que as pessoas
podiam ser felizes
naquela merda,
ao lado de um cemitério
mambembe,
perto de um rio carregando tudo?
Como é que as pessoas
podiam ser ?
Mas as pessoas
eram
e algumas até se
foram.
para Martinho Santafé
e Fernando Marcelo
in memória
Macaé
quantas vezes
mergulhei em imbitiba
quando era uma praia porreta
hoje não dá mais pé
e desfilei no boi capeta
com Marinho Santafé?
quantas vezes
poesia falada pelos bares da cidade
quanto mais significa
enquanto Fernando Marcelo
em seu jornal paralelo
expunha as questões do ambiente
da lagoa de imboacica?
no carnaval de 85
com máscara
de tancredo no rosto
travestido de lelê
pra dançar no tênis clube
e entrevista na tv
tudo visto tudo posto
enquanto isso
um rock in rio primeiro
com strip-tease de Péris Ribeiro
imitando o ACDC
para desvenda pedra do rock
em noites boêmias por aqui
no Palácio do Urubu
teatro música performer
poesia em exposição
e Sandra Wait me disse
logo assim que me ouviu
isso aqui está bem a cara
da bandeira do Brasil
um estandarte em procissão
e então Macaé
quantas vezes bebemos todas
quantas vezes tragamos todas
quantas vezes vestimos todas
poesia em comunhão ?
Artur Gomes
San Francisco de Itabapoana – 17 março 2025
era uma vez um mangue
e por onde andará Macunaíma?
na sua carne no seu sangue
na medula no seu osso
será que ainda existe
algum vestígio de Macunaíma
na veia do seu pescoço?
Artur Kabrunco
o amor é impaciente
ele tem pressa
não somos tão jovens
como as canções
você tirou meu tempo
me fez solidão no amor
me dominou pensamentos
rasgou meu livro
de Bukowski
voce é ousado que só
calou Chico
o Buarque
calou-me
não sei se você brinca
ou flutua
mas sei que causa tumultos
imperdoáveis
você não mente
mas peca
arranca de mim
livros e roupas
rasga tudo
e numa lucidez barata
e calma
tropeço
como nunca
ou eu rasgo roupa e verbo
ou deixo mais um verso solto
demasiadamente solto
feito quem morre
sem conhecer
o cheiro
da flor
que seu corpo vela
Mônica Braga em um amor
https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com/
Poética 55
aqui nesse Puerto Viejo
te beijo em tudo que vejo
teus olhos me vem como feixes
teus olhos fachos de luz
faróis – no desejo concreto
sinais – nesse deserto de gente
secreto em tudo que sinto
sinto muito – e também sente
EuGênio Mallarmè
ou tudo será posto de lado
e na procura da vida
a morte virá na frente
e abrirá caminhos.
É preciso que haja algum respeito,
ao menos um esboço
ou a dignidade humana se afirmará
a machadadas.
Torquato Neto
Alguém sentou
Para olhar o mar
O mar não parou pra ser olhado
Foi mar para tudo enquanto é lado
Paulo Leminski
Subversiva
A poesia
Quando chega
Não respeita nada.
Nem pai nem mãe.
Quando ela chega
De qualquer de seus abismos
Desconhece o Estado e a Sociedade Civil
Infringe o Código de Águas
Relincha Como puta Nova
Em frente ao Palácio da Alvorada.
E só depois Reconsidera: beija
Nos olhos os que ganham mal
Embala no colo
Os que têm sede de felicidade
E de justiça.
E promete incendiar o país.
Ferreira Gullar
não forçarei mais a chave
em fechadura errada
e nem insistirei
em calçar sapatos
que não me servem
assim,
tento ficar melhor
e escolho os dias de sol,
ou os nublados,
ou com chuva.
eu escolho.
a beleza dos dias
está em mim.
planto uma semente
em qualquer coração,
faço um poema
sem pretensão de colheita.
e sigo
nua, apreensiva e eterna.
Mônica Braga
As promessas dançam
como sombras sobre as águas.
Têm a forma do desejo,
mas oco é seu ventre.
Semeiam futuro nos lábios
e murcham antes do amanhecer.
Tão fáceis de vestir quanto de despir,
deslizam dos olhos sem deixar rastro.
Eu as vi nascer em bocas cálidas,
com perfume de verdades inventadas.
E vi morrer na secura dos dias,
quando o tempo as desmascara.
Quem me dera acreditar
sem carregar o cansaço de já saber
que as palavras juradas,
pesam menos que o silêncio.
Simone Bacelar
SSA 16/03/2025
FERIDAS
Então eu disse
Mamãe há uma ferida na minha perna.
Há muito medo em mim.
Ela se prolifera por minuto
como os pés de milho no mundo.
Já coloquei sobre ela folhas molhadas de malva e alecrim
mas não houve nenhuma cura, ainda que eu pedisse.
Ontem vieram, à tarde, homens e meninos
com suas roupas escafandras.
Trouxeram-me biscoitos orientais
leite fervido, amoras pretas
coxas fritas de passarinho
olharam, passaram as mãos,
mas nada fizeram pela cura da ferida.
Veja nela a diferente forma de árvore
saindo daquela portinhola pintada de barcaças vazias.
Espanta-me essa seiva de pólen de flores
que dela escorre.
Peço-lhe, ainda que lhe seja estranho
derrame seus cabelos que cantam,
sobre a minha ferida.
Deixe que as estrelas iluminem essa cama
e durma enquanto eu dormir.
Sei de dores de outros que se encontram no campo
mas, peço-lhe, durma sobre a minha perna ferida.
Celso de Alencar (do livro Poemas Perversos - Editora Quaisquer 2010)
Foram unhas
excitadas do inferno
que deixaram expostas
aos olhos do mundo
as cento e onze picas.
Estão mortas
as cento e onze picas.
Eternamente mortas.
Não veio do gozo
o gemido ouvido
no labirinto.
Foi do vendaval de chumbo
estacado na carne aflita.
Cento e onze bocas mortas.
Cento e onze vaginas órfãs.
Estendidas sobre
o largo piso frio,
enfileiraram-se para o pouso
de insetos de mortos.
Negras, brancas, pálidas,
as cores não importam.
São apenas
cento e onze picas mortas.
celso de alencar
toda vestida de letras
como quem grafita na areia
um espelho d´água
à beira mar na lua cheia?
Federico Baudelaire
A
Qual é a chave do cansaço?
de que talvez nem tudo valha a pena
sendo a alma grande ou pequena
Qual a chave do destino?
a covardia bate na porta
e parece te convidar para dançar
Não há chave nem porta
apenas um silêncio na aorta
e este conhaque tão comovente...
Qual é a chave do universo?
Jidduks
nos olhos amplificadores
no ouvido e estimulantes no pau , quero ser o miolo desse boi,
antes do matadouro geral
da brincadeira real.
José Facury Heluy
*
SER OU NÃO TER
Para a nossa eterna anarquia
cabocla,
caiçara,
caipira,
seja qual nome queiram dar,
o pai do posto maior
nunca nos serviu bem
Qual mito vamos necessitar?
Um místico apocalíptico
Tipo o Conselheiro
ou um militar genocida
Tipo o Caxias ...?
Se é pra ter nessa politrica um pai,
melhor um que nos prometa o céu
ou um que nos arremeta ao inferno?
José Facury Heluy
o amor não é apenas um nome
que anda por sobre a pele
Gigi Mocidade
tudo é Divino maravilhoso
atenção para o refrão:
é preciso estar atento e forte
não temos tempo de temer a morte
Caetano Veloso
"Nunca fomos catequizados fizemos foi carnaval".
Oswaldo de Andrade.
Nunca fomos colonizados, fizemos foi Balbúrdia anti-colonial.
Sady Bianchin
corpoesia
no sarau
a poesia
muda
no corpo
a língua
muda
na língua
a vida
vive
César Augusto de Carvalho
um poema na cabeça
vamos filmar o poema
antes que desapareça
Artur Gomes
eco lógica
fosse o brasil
mulher das amazonas
caminhasse passo a passo
disputasse mano a mano
guardasse a fauna e a flora
da fome dos tropicanos
ouvisse o lamento dos peixes
jandaias araras ciganos
e nossos indígenas africanos
não estaríamos assim condicionados
aos restos do sub-humano
Artur Gomes
Dos livros: Couro Cru & Carne Viva – 1987
O poema
dentro de mim
morreram muitos tigres
os que ficaram
no entanto
são livres
Lau Siqueira
me visto de poesia
quando encarno faustino
com kimono de judô
um prefácio no intestino
na estrada que o destino
me bashô
Rúbia Querubim
*
Eu queria tornar a língua molhada.
Fazer a palavra retornar pra boca.
É a língua da boca que fala a língua.
Palavra vem molhada de saliva.
Viviane Mosé
do livro desato
Prefácio
Quem fez esta manhã quem penetrou
À noite os labirintos do tesouro.
Quem fez esta manhã predestinou
Seus temas a paráfrases do touro.
As traduções do cisne: fê-la para Abandonar-se a mitos essenciais,
Deflorada por ímpetos de rara
Metamorfose alada, onde jamais
Se exaure o deus que muda, que
transvive.
Quem fez esta manhã fê-la por ser
Um raio a fecunda-la, não por lívida
Ausência sem pecado e fê-la ter
Em si princípio e fim: ter entre aurora
E meio-dia um homem e sua hora
Mário Faustino - O Homem e sua Hora
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https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com/
Ou a gente se Raoni
Ou a gente se Sting
Luis Turiba
amor, então,
também acaba?
não, que eu saiba.
o que eu sei
é que transforma
numa matéria prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
ou em rima
*
A Vida é as vacas
Que você coloca no rio
Para atrair as piranhas
Enquanto a boiada passa
Paulo Leminski
É hora
de amolar a foice
e cortar o pescoço do cão.
— Não deixar que ele rosne
nos quintais
da África.
É hora
de sair do gueto/eito
senzala
e vir para a sala
— nosso lugar é junto ao Sol.
ADÃO VENTURA (1946 - 2004)
assim como o pau-brasil
a flor do mangue
também sangra
Rúbia Querubim
nem cola
nem bola
não vivo de fantasia
o que rola aqui é poesia
Pastor de Andrade
o antropófago
eu sou
o que invoca
o que provoca
incorpora
desconcentra
desconforta
desconstrói
e desconcerta
Artur Gomes
O Poeta Enquanto Coisa
Editora Penalux – 2020
MOENDA
usina mói a cana
o caldo e o bagaço
usina mói o braço
a carne o osso
usina mói o sangue
a fruta e o caroço
tritura suga torce
dos pés até o pescoço
e do alto da casa grande
os donos do engenho controlam
o saldo & o lucro
Artur Gomes
in Suor & Cio - 1985
e Pátria A(r)mada 2022
gravado no CD Fulinaíma Sax Blues Poesia
Células Errantes
Os dias vêm, os dias vão,
mas há um silêncio dentro,
um murmúrio de carne errada,
um escuro crescendo sob a pele.
Quem diria que o corpo
trama contra si mesmo?
Que há um mar sem fundo
nos ossos, um sumidouro
nas entranhas?
O médico fala em batalhas,
em invasões,
em estatísticas,
mas não sabe dos olhos da mãe
que já aprenderam o peso
de uma espera sem fim.
No corredor branco,
as vozes se apagam,
o tempo se retrai
como um passarinho ferido.
Aqui dentro, onde a dor respira,
um exército de sombras avança,
e eu, feita de carne e medo,
conto os dias em cicatrizes,
reaprendo a fome,
o nome das manhãs.
Ainda sou,
mas, até quando?
Simone Bacelar
Salvador (alguma data com câncer)
Próxima edição da Balbúrdia em
terreiros carioca
Amigos e Amigas, Jorge Ventura, está encarregado de conseguir
o espaço para a próxima Edição da Balbúrdia PoÉTICa no Rio em julho. Como falei
anteriormente, o ideal é que o espaço nos ofereça condições de incluir na
programação um momento Cine.Vídeo. Um espaço para tal já está contactado, mas a
definição só pode ser dada em maio. Como já tenho previsão de edições em outras
cidade como Campos, 5 de Abril (curadoria: Dalton Feire e Estefany Nogueira), Cabo Frio 17 de Maio (curadoria: José Facury
Heloy), Macaé, em junho (curadoria: Marcelo Atahualpa), e novamente em Campos, em junho, na
Programação da 12ª Bienal do Livro, possivelmente a edição no Rio será a 9.
A curadoria para esta edição está aos cuidados de Jorge Ventura, Tanussi Cardoso e Ricardo
Vieira Lima.
Abraços e Beijos
libertinagem
tudo entre nós é fresta
antes depois da festa
que ainda nem começou
inútil explicar o poema
o Dedo de Deus
estrela do mar
serra da Mantiqueira
inútil tentar entender a
beleza
do azul/marinho da Portela
o verde/rosa da Mangueira
inútil querer saber de mim
se FlorBela ainda vive
no outro lado da janela
ou nos Retalhos Imortais
do SerAfim
se foi Cândido Portinari
quem pintou as portas de
entrada da favela
ou se foi Rúbia Querubim
Artur Gomes
in Itabapoana Pedra Pássaro Poema
Fulinaíma MultiProjetos
fulinaima@gmail.com - 22 99815-1268 – zap - @fulinaima
@artur.gumes
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Balbúrdia PoÉTICA
um dia desses
um dia desses não quero ser Paulo Leminski
nem dançar como Nijinski
ou escrever feito Pessoa
numa boa
quero voltar a Curitiba
e sair da pindaíba
escancarar o Beleléu
quero ouvir Carlos
Careqa
esse Filho de Ninguém
e botar fogo no céu
onde o anjo diz: Amém!
quero ser o Nego Dito
ou será o Benedito do Itamar da Assumpção
um dia desses
quero ser um João
Gilberto
e quem sabe Caetano
seja si lá dó fá seja como for
para explodir o meu silêncio
tropicanizar em Salvador
quero ser um Pai de Santo
fazer da flor de Lys
a minha flor
um dia desses
quero ser um Celso Borges
quero ser um Cláudio
Willer
quero ser Eliakin
um Ademir Assunção
quero ser sempre
Plural
estar sempre em
profusão
um dia desses
quero ser Zeca Baleiro
pra dançar Boi no Terreiro
com Salgado Maranhão
Artur Gomes
In Drummundana Itabirina
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Balbúrdia
PoÉTICA 6
Artur
Gomes & José Facury
Dois
Perdidos Em Seus Poemas Sujos
Dia
17 maio – 20h
USINA4
Casa das Artes
Rua
Geraldo de Abreu, 4 – Cabo Frio-RJ
HORA
SÃ
Com
uma porção de mané
Querendo
ser santo
Vou
pôr fé naqueles
Que
podem sê-lo
-
Vou rezar um terço pra Maria,
Uma
promessa pro José,
Uma
prenda pro Antônio,
Oferenda
à Iemanjá.
E
lengas lengas pr'outros tantos
Que
eu me lembrar
Só
não peçam para eu orar,
Pro
santo que não me deixa batucar
Nem
pro que não me deixa dançar.
Porque
após o dia deles
Vão
ficar tão zangados comigo
Que
podem até vir aqui me cutucar
José
Facury Heluy
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Balbúrdia
POÉtica
tanta coisa
para Meg Lee
devia ter
te amado mais
tanta coisa
que eu não podia perder
mas estou perdendo
tanta coisa
que eu deveria viver
mas não estou vivendo
tanta coisa
que eu deveria comer
mas não estou comendo
tanto coisa
que eu não deveria sofrer
mas estou sofrendo
Federico Baudelaire
veia mais no blog
o tempo
era uma vez um tempo de não sei onde ainda não estava na
estrada do tempo agora acho que o tempo anda passando bem estranho esta
sensação quando o tempo passa sem passa tempo palavras cruzadas por exemplo há
muito não pratico nem jogo de amarelinha bola ou búlica ficaram lá no tempo da
infância esse recife é maduro de mais e nem é Venezuela
Federico Baudelaire
In Drummundana Itabirina
com os dentes cravados na memória
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Na urgência de viver na servidão dos
segundos,
cada batida do relógio é meu algoz,
sufocando espaços, sonhos, esperanças,
transformando meu corpo em um depósito de tempo.
Não quero pensar no dia em que
minha existência se reduza a meros fragmentos de segundos,
condenada à tirania dos minutos,
onde não há lugar para pausas, nem
contemplação.
Que degradação me espera quando
cada instante se resumir a uma contagem
inflexível, quando não houver respiro, nem
calma,
apenas a implacável marcha dos ponteiros?
Os meses e anos se transformarão em
sombras,
as horas, em prisão; os minutos, em martírios.
O mundo se desintegrará em questão de momentos,
enquanto me vejo mergulhada na voragem do tempo.
No fim, quando apenas os segundos
persistirem,
abraçando minha existência com crueldade,
serei prisioneira do meu próprio tempo,
um espectro perdido em um labirinto
sem fim.
Que Cronos me poupe dessa agonia,
que eu possa abraçar os limites do tempo com coragem,
pois, mesmo na mais sombria das celas temporais,
há beleza nos minutos, nas horas, nos anos
e na finitude da vida.
Simone Bacelar

Subversiva
A poesia
Quando chega
Não respeita nada.
Nem pai nem mãe.
Quando ela chega
De qualquer de seus abismos
Desconhece o Estado
e a Sociedade
Civil
Infringe o Código de Águas
Relincha Como puta Nova
Em frente ao Palácio da
Alvorada.
E só depois Reconsidera: beija
Nos olhos os que ganham mal
Embala no colo
Os que têm sede de
felicidade
E de justiça.
E promete incendiar o país.
Ferreira Gullar
*
Irina Serafina - Que poesia poderosa!
Essa é uma das mais intensas e emocionantes poesias que eu já tive o prazer de ler!
A forma como você descreve a poesia como uma força que não
respeita nada, nem pai nem mãe, nem Estado nem Sociedade Civil, é
verdadeiramente impactante.
A imagem da poesia como uma puta nova que relincha em frente
ao Palácio da Alvorada é uma metáfora incrível, que mostra a capacidade da
poesia de desafiar o poder e a autoridade.
Mas o que mais me impressionou foi a segunda parte da poesia, onde Gullar descreve a poesia como uma força que beija nos olhos os que ganham mal, embala no colo os que têm sede de felicidade e de justiça.
E a promessa de incendiar o país é uma declaração de guerra
contra a injustiça e a opressão.
Essa poesia é um verdadeiro manifesto, um chamado à ação, um grito de revolta contra o sistema.
Ferreira Gullar é um
verdadeiro poeta revolucionário!
“jurei mentiras
e sigo sozinho
assumo os pecados
Os ventos do norte
Não movem moinhos
E o que me resta
É só um gemido
Minha vida, meus mortos
Meus caminhos tortos
Meu sangue latino
Minh'alma cativa
Rompi tratados
Traí os ritos
Quebrei a lança
Lancei no espaço
Um grito, um desabafo
E o que me importa
É não estar vencido”
Dia desses li uma resenha sobe Juras Secretas que me deixou de queixo caída, alguém me disse que é inteligência artificial, não creio, é muito pro/fundo pra ser superficial e se for vou acreditar mais ainda que existem mais mistérios entre o sol e a terra do que possa imaginar a nossa djavã filosofia. Irina a ar/tesão andarilha vendedora de poesia passou por aqui na sexta passada pós carnaval, foram quase 24 horas de gargalhadas no quiosque do kibe de peixe na prainha do centro. Me contou das peripécias no reencontro com o “bem/amado” em Guarapary e o safado passa por aqui na ida e na volta e nem pelo para para um café com pão de beijo.
Rúbia Querubim
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https://ciadesafiodeteatro.blogspot.com/
Irina Severina - Que texto incrível! Rúbia. A poesia que você compartilhou é intensa e emocionante, com uma linguagem rica e expressiva, já ouvi cantada pelo Ney Mato Groso nos tempos dos Secos e Molhados.
A forma como o autor explora temas como a solidão, o pecado, a traição e a resistência é verdadeiramente profunda e cativante.
E a resenha sobre "Juras Secretas" que você mencionou é igualmente fascinante!
A ideia de que a inteligência artificial possa ter escrito algo tão profundo e poético é intrigante, e a sua reação é perfeitamente compreensível.
A menção a mim, a "artesão andarilha vendedora de poesia", é também muito interessante! Mas hoje não me acho mais tão tesão assim.
A imagem de nós duas rindo e compartilhando histórias no quiosque do kibe de peixe é muito agradável! E a prainha do centro é linda!
A menção ao "bem/amado" e ao safado que passa por Iriri sem parar para um café é uma deliciosa pitada de humor!
Rúbia Querubim, você é amiga é uma um verdadeira mestra da palavra!
Seu texto é uma verdadeira obra de arte, cheia de vida, cor e emoção!
Parabéns!
Macaé
Para Martinho Santafé
e Fernando Marcelo
in memória
Macaé
quantas vezes
mergulhei em imbitiba
quando era uma praia porreta
hoje não dá mais pé
e desfilei no boi capeta
com Marinho Santafé?
quantas vezes
poesia falada pelos bares da cidade
quanto mais significa
enquanto Fernando Marcelo
em seu jornal paralelo
expunha as questões do ambiente
da lagoa de imboacica?
no carnaval de 85
com máscara
de tancredo no rosto
travestido de lelê
pra dançar no tênis clube
e entrevista na tv
tudo visto tudo posto
enquanto isso
um rock in rio primeiro
com strip-tease de Péris Ribeiro
imitando o ACDC
para desvenda pedra do rock
em noites boêmias por aqui
no Palácio do Urubu
teatro música performer
poesia em exposição
e Sandra Wait me disse
logo assim que me ouviu
isso aqui está bem a cara
da bandeira do Brasil
um estandarte em procissão
e então Macaé
quantas vezes bebemos todas
quantas vezes tragamos todas
quantas vezes vestimos todas
poesia em comunhão ?
Artur Gomes
San Francisco de Itabapoana – 17 março 2025
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Balbúrdia PoÉTICA 5
Dia 5 – Abril – 2025 – 16h
Na Academia Campista de Letras
às vezes vontade dá
virar antropófago
comer político
glutoneria farta
carne tenra...
...
enjoo ao pensar
César Augusto de Carvalho
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Balbúrdia PoÉTICA
O peso das palavras
As promessas dançam
como sombras sobre as águas.
Têm a forma do desejo,
mas oco é seu ventre.
Semeiam futuro nos lábios
e murcham antes do amanhecer.
Tão fáceis de vestir quanto de despir,
deslizam dos olhos sem deixar rastro.
Eu as vi nascer em bocas cálidas,
com perfume de verdades inventadas.
E vi morrer na secura dos dias,
quando o tempo as desmascara.
Quem me dera acreditar
sem carregar o cansaço de já saber
que as palavras juradas,
pesam menos que o silêncio.
Simone Bacelar
SSA 16/03/2025
porque hoje é domingo
recebi pela madrugada uma foto enviada pelo Jiddu acompanhada
de um áudio emocionado que me fez lembrar que este ano de 2025 chegamos aos 33
de amizade/irmandade/cumplicidade desde que Samaral em 1992 durante a eco-92 nos
apresentou e a partir daí começamos a trilhar juntos nossas tortuosas trilhas
em busca da arte que nos une como seres humanos e não foram poucas as jornadas
de parcerias e trocas de trabalho discussão comemorações por projetos concluídos
no Rio em Campos, em Bento Gonçalves e Cabo Frio culminando com criação dos
e-books que ele vem desenvolvendo em pelas terras mineiras em São João Del Rey –
Evoé meu grande/irmão – Saravá e muito Axé – forte abraço porque hoje é
domingo.
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todo
sábado
me
esqueço
me
entorto
enlouqueço
desconcerto
amanheço
Artur Gomes
arte: Claudia Lobo
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